Na semana em que se completam vinte anos da missão STS-61 do ônibus espacial, na qual o Endeavour salvou o Hubble após a constatação dos problemas com o instrumento, astrônomos trabalhando com o telescópio anunciaram uma importante descoberta. Sinais de água foram detectados na atmosfera de cinco planetas alienígenas, conforme dois artigos publicados no The Astrophysical Journal.
Todos os cinco exoplanetas são gigantes gasosos, como Júpiter, situados muito próximos de suas estrelas, tornando extremamente improvável a existência de vida neles. Porém a descoberta significa um grande passo adiante na procura por planetas capazes de sustentar vida extraterrestre. De acordo com Avi Mandell, do Centro de Voo espacial Goddard da NASA: “Este trabalho abre perspectivas para que possamos comparar quanta água está presente em atmosferas de diferentes tipos de planetas, sejam mundos quentes ou frios”.
As duas equipes utilizaram a Câmera de Campo Amplo 3 do Hubble para analisar a luz estelar que atravessa as atmosferas dos cinco planetas chamados de “Júpiteres quentes”, que são designados WASP-17b, HD209458b, WASP-12b, WASP-19b e XO-1b. Drake Deming da Universidade de Maryland, autor líder do segundo estudo, diz: “Detectar a atmosfera de um exoplaneta é extraordinariamente difícil, mas fomos capazes de obter um sinal muito claro de água”.
SUBSTÂNCIA ESSENCIAL À VIDA
A água, essencial para formas de vida como a conhecemos, já foi detectada por radiotelescópios a bilhões de anos-luz de distância e os astrônomos consideram ser um componente comum em atmosferas exoplanetárias, tendo sido encontrada em vários mundos alienígenas até hoje. Os novos estudos representam a primeira vez em que puderam ser medidos e comparados níveis de água em vários exoplanetas. De fato os sinais são menos intensos que o esperado, provavelmente devido ao fato de os cinco mundos serem rodeados por poeira.
Tais anúncios acontecem na mesma semana em que foram comemorados os vinte anos da missão STS-61 do ônibus espacial, quando os astronautas Richard Covey, Kenneth Bowersox, Kathryn Thornton, Claude Nicollier, Jeffrey Hoffman, Story Musgrave e Thomas Akers foram lançados em 02 de dezembro de 1993, no Endeavour, para uma missão de resgate do telescópio espacial Hubble. Colocado em órbita pelo Discovery em 1990, o instrumento sofreu com problemas técnicos e um erro na construção de seu espelho principal.
A missão, que durou mais de uma semana, bateu o recorde de caminhadas espaciais consecutivas, sendo a mais complexa operação orbital realizada até então. Os astronautas substituíram os painéis solares e instalaram vários novos equipamentos no telescópio, incluindo câmeras e conjuntos de lentes projetados para corrigir os problemas no espelho. A missão foi muito bem-sucedida e imediatamente a seguir o Hubble começou a revolucionar o estudo da astronomia. Outras quatro missões repararam e atualizaram o telescópio, a última delas em 2009.
Assista abaixo ao episódio da série Grandes Missões da NASA que fala da missão STS-61:
Infográfico sobre o funcionamento do Hubble
Galeria das missões de manutenção do telescópio
Número de exoplanetas confirmados supera a marca de 1.000
Astrônomo Geoff Marcy inicia busca por civilizações extraterrestres
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Pacote NASA: 50 Anos de Exploração Espacial
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