Este articulista compareceu, no último 30 de março, a cabine para a imprensa onde foi exibido o filme Área Q, nova produção do diretor Gerson Sanginitto e do produtor Halder Gomes que estreia neste 13 de abril nos cinemas brasileiros. O filme é absoluta novidade na atual produção cinematográfica brasileira por se encaixar no gênero da ficção científica, dentro do segmento ufológico e ainda com temática espiritualista.
A trama principal gira em torno de Thomas Mathews (Isaiah Washington), jornalista norte-americano atormentado pelo desaparecimento do filho, Peter. Seu chefe acaba sugerindo que ele vá investigar casos de aparições de discos voadores e abduções, além de curas misteriosas, no Ceará. A princípio Thomas rejeita a ideia, mas acaba se convencendo e, ao chegar, é recebido por Eliosvaldo (Ricardo Conti), um divertido guia local que chama toda a região, compreendida entre Quixadá e Quixeramobim, de Área Q (evidente paralelo com a Área 51). Matthews encara tudo com ceticismo, mas quando toma contato com os estranhos fenômenos e as miraculosas curas ocorridas no local, começa a acreditar que algo sério está acontecendo.
Duas figuras antagonizam no convencimento de Thomas. Uma é a jornalista Valquiria (Tania Khalill), para quem sempre existe uma explicação lógica, e pode ter segundas intenções na abordagem de Matthews. Outro é João Batista (Murilo Rosa), personagem folclórico local que muitos anos antes teve um misterioso contato e passou a agir de forma estranha antes de desaparecer pouco depois. A isso se juntam informações do caso do desaparecimento de Peter, vindas dos Estados Unidos e que comprovam uma ligação com os fenômenos da Área Q.
A produção abusa das deslumbrantes paisagens daquela região do Ceará, e merece destaque a quase onipresença do imenso paredão de pedra, que lembra muito a misteriosa montanha do clássico Contatos Imediatos do Terceiro Grau. Outra referência é que a formação rochosa também surge em desenhos que contribuem para aumentar o conflito de Thomas. O próprio Steven Spielberg é mencionado no filme, bem como uma conhecida frase de um clássico seriado de sucesso, inclusive na TV brasileira. Excelentes referências que sem dúvida serviram de inspiração e auxiliaram no ótimo resultado final.
Igualmente elaborada com rara competência é a mensagem dada por João Batista a Thomas, alertando para o caminho ruinoso que a humanidade terrestre está seguindo. Sem soar paternal muito menos piegas ou messiânico, é mais uma comprovação que os produtores de Área Q conseguiram seguir a nobre tradição da crítica social na ficção científica, realmente fazendo o espectador pensar. Filmes muito mais caros e bem mais badalados, apesar da fama, fracassaram de maneira clamorosa nesse sentido, o que mais uma vez demonstra a excelência desse pioneiro filme de ficção científica brasileiro.
Casuística nordestina
A casuística da região é bem conhecida da Comunidade Ufológica Brasileira, e o fato de finalmente uma produção brasileira de ficção científica explorá-la é um alento aos fãs de cinema no Brasil, onde os filmes parecem ter somente dois ou três temas. Área Q é uma mais que bem vinda mudança desse desnecessário paradigma, abordando de forma incrivelmente realista os fenômenos ufológicos, mas mantendo com competência o “sense of wonder”, tão caro aos fãs da FC.
Gerson Sanginitto e Halder Gomes, depois da parceria em As Mães de Chico Xavier, de 2010, retornam ao tema fantástico com Área Q, sem deixar de introduzir um aspecto espiritualista na nova produção. O longa tem tudo para agradar aos apreciadores de ficção científica e também de Ufologia, e esperamos que seja o primeiro de uma nova linhagem, comprovando que o cinema brasileiro tem capacidade de sair do lugar comum e enveredar pelo fantástico, tão afeito ao povo e ao folclore brasileiros.
Acesse ao site da produção clicando aqui.
Assista ao trailer:
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