No mesmo dia do anúncio da provável descoberta de compostos orgânicos em Marte pelo rover Curiosity a NASA anunciou, em uma outra conferência de imprensa, que a nave Voyager 1, lançada em 1977, penetra em uma região antes desconhecida nos limites do sistema solar.
A nave passou pelos planetas Júpiter em 1979 e Saturno em 1980, ao passo que sua gêmea Voyager 2, em uma trajetória mais lenta, visitou esses dois mundos mais Urano e Netuno. Encerradas essas missões, as duas sondas afastam-se do sistema solar, e a Voyager 1 está próxima de conseguir o inédito feito de ser o primeiro objeto feito pelo homem a chegar ao espaço interestelar.
Os cientistas ainda não estão seguros de quando esse fato acontecerá, e defendem que neste momento a nave está atravessando a última fronteira do sistema solar, definida pela heliosfera. Esta é a bolha de partículas carregadas emitidas pelo Sol, e a NASA afirma que a sonda penetrou em uma região que eles chamaram de “autoestrada magnética”. Nessa zona, partículas emitidas pela nossa estrela saem de sua influência, e partículas do meio interestelar penetram no sistema solar.
De acordo com Edward Stone, cientista do projeto e do Instituto de Tecnologia da Califórnia: “Acreditamos que esta seja a última camada entre nós e o espaço interestelar. Essa região não era esperada, e tampouco prevista”. A respeito da aguardada saída do sistema solar, Stone afirma que é difícil de prever: “Não sabemos exatamente quanto tempo ainda levará. Pode levar dois meses ou dois anos”.
O motivo da dúvida se deve ao fato de as Voyagers serem capazes ainda de detectar as partículas emitidas pelo Sol, e que possuem um campo magnético de orientação leste e oeste. Fora do sistema solar os modelos prevêem que a orientação será norte e sul. Os instrumentos das sondas medem continuamente esses efeitos, determinando que a emissão do Sol é considerada de baixa energia, ao passo que no meio interestelar estas seriam de alta energia. A NASA explica que as partículas que chegam de fora têm sido detectadas em maior quantidade, ao passo que as solares têm diminuído constantemente.
As Voyagers são a missão mais longa já lançada pela humanidade, mas não estão apontadas para estrelas específicas. Pode demorar pelo menos 40000 anos antes que cheguem a outro sistema estelar. Evidentemente a energia de seus geradores nucleares acabará muito antes disso, e a previsão é que os instrumentos continuem a funcionar ao menos até 2020, e tenham parte da força até 2025.
O Pálido Ponto Azul, os planetas fotografados pela Voyager 1
Vídeo Voyager, a mais distante jornada da humanidade
Como as Voyager 1 e 2 funcionam
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa