Astrônomos da missão Kepler anunciaram nesta terça-feira (20) a descoberta de dois mundos do tamanho da Terra e que estão orbitando uma estrela similar ao Sol. Os planetas Kleper-20e e Kleper-20f são aparentemente rochosos e têm composição parecida com o nosso, como núcleo composto por 32% de ferro e manto de silicato (68%). Cientistas também acreditam que o Kepler-20f pode ter desenvolvido uma atmosfera com vapor d\’água.
“Os pesquisadores estão buscando orbes do tamanho da Terra como um possível lugar para vida extraterrestre”, disse Francois Fressin do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA) e autor do estudo publicado no periódico científico Nature. “O objetivo do Kepler é encontrar planetas do tamanho da Terra na zona habitável. Provar a existência de exoplanetas do tamanho da Terra é um grande passo para alcançar esse objetivo”, disse. Os dois planetas estão a 950 anos-luz da Terra, distância que uma nave espacial demoraria 36 milhões de anos para percorrer.
Um deles é apenas 3% maior do que a Terra e o outro, 13% menor, de proporção um pouco inferior à de Vênus. Embora sejam aparentemente rochosos, são quentes demais – entre 815 ºC e 426ºC – para serem habitáveis por humanos, por exemplo. Orbitam muito perto de sua estrela, a Kepler-20. O maior, Kepler-20f, completa um ano em 19,5 dias e deve ter uma atmosfera espessa de vapor d\’água, enquanto o menor, Kepler-20e, dá uma volta completa na estrela em apenas 6,1 dias.
Sistema fora do comum
Além dos dois planetas de tamanhos semelhantes ao nosso, os astrônomos descobriram que o sistema contém outros três, maiores. Os cinco mundos têm orbitas parecidas com o de Mercúrio. O sistema também mostrou ter uma estrutura inesperada: enquanto no Sistema Solar os pequenos planetas rochosos orbitam mais próximos do Sol e os planetas gigantes e gasosos mais afastados, os do Kepler-20 são organizados em tamanho alternados: grande, pequena, grande, pequeno, grande.
Até agora, 708 exoplanetas foram detectados em 534 sistemas solares, segundo um cálculo compilado pela Enciclopédia de Planetas Extrassolares [Extrasolar Planets Encyclopedia]. Quase todos são gigantes gasosos ou estão situados perto ou longe demais de sua estrela para permitir que haja água – substância que permite a existência de vida – em estado líquido.
Apenas três foram confirmados como rochosos e orbitam a zona Goldilock [Ou zona habitável], onde a temperatura é agradável. Dois deles, Gliese 581d e HD 85512b, orbitam estrelas mais frias e menores que o Sol. O terceiro é o Kepler-22b, anunciado em 05 de dezembro, de 2,4 vezes o tamanho da Terra e orbitando uma estrela similar ao Sol a cada 290 dias.
As duas novas descobertas foram encontradas por uma equipe chefiada por François Fressin, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, usando o telescópio espacial orbital Kepler, da Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Lançada em março de 2009, a missão Kepler, avaliada em US$ 600 milhões, monitora mais de 150 mil estrelas a partir de minúsculas variações de luz. Este pode ser o sinal de um planeta que está passando em frente a uma estrela e, quando o faz, provoca oscilações na luz que chega ao telescópio.
Até agora, o Kepler conseguiu identificar 2.326 “candidatos a planetas”, descobertas que podem se revelar exoplanetas se forem confirmados em futuras observações. Os astrônomos da NASA atribuem o nome Kepler e um número à estrela onde o telescópio detectou exoplanetas. Estes são, então, identificados em letras de caixa baixa, na ordem da descoberta. Por exemplo, o Kepler-12b foi o segundo exoplaneta encontrado na órbita da estrela Kepler-12.
Assista a apresentação ilustrativa:
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