Um grupo de cientistas da NASA afirmou no último dia 13 de fevereiro deste ano, em uma reunião privada com funcionários da agência espacial, que foram encontrados fortes evidências de que há vida hoje em dia em Marte, escondida em cavernas e sustentada por bolsões de água. As descobertas dos cientistas Carol Stoker e Larry Lemke do Centro de Pesquisa Ames da NASA, situado no Vale do Silício na Califórnia (EUA), serão publicadas na edição de maio da revista Nature. O que Stoker e Lemke encontraram, de acordo com várias pessoas que participaram da reunião, não foi uma prova direta da existência de vida no planeta, mas sim, traços de metano e outras indicações de possível atividade biológica muitíssimo semelhantes àquelas recentemente descobertas em cavernas aqui na Terra.
Stoker e outros pesquisadores têm teorizado a um longo tempo sobre a possibilidade de existência de vida subterrânea em Marte. Eles imaginaram que organismos biológicos poderiam ter desenvolvido estratégias incomuns para sobreviver em ambientes extremos. Essa suspeita levou Stoker e um time de pesquisadores americanos e espanhóis ao sudoeste da Espanha em 2003 para procurar por vida subterrânea perto do Rio Tinto. O rio tem esse nome devido a sua cor avermelhada, oriunda do ferro dissolvido nas suas águas altamente ácidas.
O nome do rio é devido a sua cor avermelhada oriunda do ferro dissolvido nas suas águas ácidas. A pesquisadora disse ao site Space.com, semanas antes de liderar a expedição ao sudoeste da Espanha, que através do estudo das águas ácidas do rio Tinto, ela e outros cientistas esperavam conseguir caracterizar uma situação potencial que levaria à existência de um “bioreator químico” subterrâneo — um ecossistema de microorganismos de algum tipo que pudesse controlar com sucesso a química deste ambiente “intraterrestre”.
Fazer uma descoberta desse tipo no Rio Tinto, destacou Stoker em 2003, significaria revelar uma nova e ainda desconhecida estratégia metabólica para viver no subsolo. “Por esta razão, a busca por vida no Tinto é uma boa analogia para a busca de vida em Marte”, disse. A pesquisadora explicou, à sua audiência privada na noite de domingo, que ao comparar as descobertas feitas no rio com os dados coletados pelos telescópios terrestres e pelas espaçonaves orbitando o planeta, incluindo o \’Mars Express\’ da agência européia, ela e Lemke conseguiram argumentos muito fortes para justificar a existência de vida sob a superfície de Marte. Os dois cientistas, de acordo com fontes presentes no encontro, basearam sua argumentação em parte nos traços de metano flutuando em Marte e que poderiam ser um sinal de uma biosfera ativa no subsolo e também nas concentrações de Sulfato de Jarosita encontradas na superfície — um sal mineral que pode ser encontrado na terra em fontes quentes e outros corpos ácidos de água como o Rio Tinto, aonde se descobriu haver vida apesar do seu ambiente hostil.
Um dos robôs exploradores enviados à Marte pela NASA, o Opportunity, gerou fortes argumentos para a existência de água no local ao descobrir Jarosita e outros sais minerais numa protuberância rochosa do Merdiani Planum — o ponto de pouso do intrépido robô. O lugar foi escolhido para a aterrissagem porque os cientistas acreditam que a área era coberta por um mar salgado em tempos remotos. A pesquisa de Stoker e Lemke pode levar a uma busca pela biologia subterrânea de Marte, onde bolsões de água podem ajudar a justificar os curiosos traços de metano que os dois têm analisado. “Eles estão desesperados para descobrir o que está produzindo metano”, disse à Space News uma das pessoas presentes na reunião. “A resposta que eles dão é perfurar, perfurar, perfurar”. A NASA não tem planos concretos para enviar uma sonda equipada com uma broca ao planeta vermelho, mas está planejando o lançamento de um novo robô em 2009. Ele poderá ajudar a jogar uma luz adicional sobre as descobertas de Stoker e Lemke. Apelidado de “laboratório científico marciano”, o robô alimentado por energia nuclear irá mais longe do que qualquer um dos seus predecessores e estará carregando um avançado espectrômetro de massa para farejar o metano com uma sensibilidade inédita até hoje.
No ano de 1996 um grupo de pesquisadores da NASA e da Universidade de Stanford provocou um rebuliço ao publicar a descoberta de que meteoritos recuperados da região das montanhas Allen, na Antártica, continham evidências de uma possível existência de vida no passado marciano. Estas descobertas continuam controversas com muitos pesquisadores ainda incrédulos de que esses meteoritos realmente possuam alguma prova válida até mesmo para que tenham existido micróbios primitivos em Marte.