Publicado em: 25 de abr de 2013 às 13:39
Atualizado em 17 de ago de 2024 às 13:20
Com estas palavras teve início a nota oficial publicada no site do próprio Ministério da Defesa do Brasil, que descreve a histórica reunião de 18 de abril de 2013, em Brasília, uma data a ser lembrada nos anos que estão por vir. Ela marca o princípio da futura cooperação oficial entre os militares e os ufólogos brasileiros, para dar respostas sobre o fascinante problema da questão ufológica à sociedade.
O encontro foi uma resposta direta do Ministério da Defesa à Carta de Foz do Iguaçu, documento expedido pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e integrantes da Revista UFO durante o IV Fórum Mundial de Ufologia, ocorrido em Foz, em dezembro passado. Assinada por mais de 30 conferencistas presentes, de uma dúzia de países, e por um público acima de 500 pessoas, a Carta agora foi o elemento que motivou a reunião.
Uma entidade oficial de pesquisa ufológica
“O Brasil é um dos países líderes em números de casos envolvendo avistamentos ufológicos e contatos com seres extraterrestres e por isso chegava a ser contraditório que ações vizinhas já possuam comissões mistas de análises e estudos, enquanto a Ufologia Brasileira era obrigada a conviver com promessas neste sentido que pareciam nunca se cumprir”, disse A. J. Gevaerd, editor da Revista UFO, ao defender, no encontro, a criação de um órgão específico para pesquisa ufológica.
Mesmo durante a reunião, que teve a duração de uma hora e 15 minutos, foi surpreendente para a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) constatar que alguns dos militares participantes tinham desconhecimento a respeito de casos importantes e clássicos da Ufologia Brasileira, tais como a Operação Prato ou o próprio Caso Varginha, que foram então descritos pelos integrantes da CBU.
Durante o encontro, os ufólogos deixaram claro ao secretário de Coordenação e Organização Institucional do Ministério da Defesa e mediador do evento, doutor Ari Matos Cardoso, assim como a todos os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica presentes, que o que se deseja é um ambiente de cooperação entre as partes, com o intuito de que seja disponibilizado acesso total aos arquivos ufológicos governamentais, para análise e posterior divulgação.
É de conhecimento de toda a comunidade ufológica do país que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), especialmente por meio de sua campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, sempre defendeu que de um estudo sério e sistemático do Fenômeno UFO, como apoio governamental por meio de suas Forças Armadas, podem advir conhecimentos científicos inestimáveis para a sociedade brasileira e mundial.
Muitas questões sem resposta
Ao longo da reunião no MD os ufólogos apresentaram as dificuldades que têm enfrentado para obter documentos classificados como “secretos” e “ultrassecretos” das três Armas. Conforme Gevaerd apontou, “existem muitas questões sem resposta em casos famosos, como Varginha, a Operação Prato, o incidente da Corveta Mearim, a Noite Oficial dos UFOs no Brasil e da Ilha de Trindade. A liberação de documentos sobre eles nos levaria e ter uma ideia completa destes fatos”.
Em resposta a Gevaerd, o secretário Ari Cardoso afirmou que os documentos ainda não liberados são exceções, dizendo que “a regra geral no Ministério da Defesa é disponibilizar aos ufólogos todos os documentos que ainda estiverem resguardados por sigilo nas Forças Armadas. Alguns casos ainda têm que obedecer ao prazo legal, mas isso é uma questão que em breve será solucionada”.
O secretário também garantiu aos ufólogos o respeito que o Ministério da Defesa tem pelo assunto: “Quero assegurar aos senhores aqui presentes que estamos levando esta pauta muito a sério, que respeitamos profundamente o trabalho que realizam e que iremos fazer de tudo ao nosso alcance para concretizar este canal de comunicação e auxiliá-los a alcançarem seus objetivos”, disse, estando acompanhado do diretor do Departamento de Organização e Legislação do MD, Adriano Portella.
Entre os integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) presentes à reunião estavam os ufólogos e membros da Revista UFO Gener Silva, Thiago Ticchetti, Fernando Ramalho, Marco Petit, Francisco Pires de Campos e o próprio editor Gevaerd, que conduziu os trabalhos ao lado dos ufólogos. O professor Wilson Picler e o engenheiro Ricardo Varela, que também iriam a Brasília, não puderam comparecer.
Pedidos através da Lei de Acesso à Informação
A seriedade com que o Ministério da Defesa tratou o assunto não é à toa. Segundo o coronel da Aeronáutica Alexandre Spengler, responsável pelo Serviço de Informações ao Cidadão do MD, a maior quantidade de pedidos de dados recebidos pelo órgão, com o uso da Lei de Acesso à Informação (LAI), tem a ver com casos ufológicos, o que incentivou os militares e agentes públicos a organizarem a reunião com os ufólogos.
De acordo com Spengler, “todos os pedidos que a sociedade fez e que tiveram que ser negados o foram devido à informação solicitada não existir nos arquivos ou envolver assunto relacionado à segurança nacional. Não sendo isso, foram atendidos”. A predominância de pedidos de revelação de casos ufológicos entre os requerimentos com o emprego da LAI também foi enfatizada pelo secretário Ari Cardoso.
Segundo a Agência Brasil de Notícias apurou, os pedidos de informações sobre discos voadores ao Ministério com base na Lei foi recorde e muito superior a qualquer outro tópico. Os números são reveladores: em primeiro lugar, entre todos, estão requerimentos de dados sobre Ufologia, com 107 ocorrências. E em segundo lugar, com somente 27 ocorrências, estão questões militares.
Ufologia levada a sério
Os ufólogos da CBU participantes da histórica reunião, neste ato representando toda a Comunidade Ufológica Brasileira, discutiram com os funcionários do MD e militares detalhes e particularidades do Fenômeno UFO em si, indo além da necessidade de abertura de informações ainda mantidas sigilosas quanto ao tema.
< div class=”legFoto”>O IV COMAR, onde funcionou entre 1969 e 1972 o Sioani
Um tópico especial do encontro foi a discussão sobre a forma como poderá ser atendido o pedido dos ufólogos, que querem a criação de uma entidade oficial mista, com civis e militares, para pesquisa ufológica. Isso está na própria Carta de Foz do Iguaçu e é seu item mais importante, segundo o texto que pode ser obtido nos links abaixo.
A Carta pede formalmente ao Ministério da Defesa “criar uma comissão multidisciplinar e mista, com a participação de militares das três Forças Armadas e integrantes da Comunidade Ufológica Brasileira, para que, com a logística militar e a colaboração de ufólogos e cientistas civis, proceda de forma conjunta ao estudo de registros da manifestação do Fenômeno UFO, com posterior informação à sociedade, por meio de instrumentos informativos regulares e apropriados à importância do tema”.
A participação militar no encontro
Dez militares das três Armas, Exército, Marinha e Aeronáutica, estiveram presentes, mas apenas o representante do comando da Aeronáutica deu contribuição mais significativa, surpreendendo os ufólogos pela franqueza e afirmando que de fato ainda existem documentos secretos aguardando liberação, o que deve ser providenciado em breve, para atendimento do pedido dos ufólogos.
Gevaerd destacou que o representante da Marinha apenas limitou-se a afirmar, na reunião, não existirem documentos ufológicos em poder da Arma, o que depois foi contraditado pelo coeditor da Revista UFO Marco A. Petit, que demonstrou a existência de inúmeros fatos que foram objetos de investigações da Marinha, entre eles, especialmente, o famoso Caso Ilha da Trindade.
“Já quanto ao representante do comando do Exército, também convocado para a reunião pelo Ministério da Defesa, sua participação foi decepcionante”, disse o editor. O tenente-coronel Okamoto afirmou, para espanto de todos, haver sido chamado na última hora para o encontro e que não estava a par do assunto que seria tratado, mesmo que o Exército tenha sido avisado com bastante antecedência do que ali se passaria…
Como se sabe, o principal requerimento da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) ao MD, através da Carta de Foz do Iguaçu, era da liberação de documentos referentes ao principal episódio da nossa Ufologia, o Caso Varginha. Sobre isso, surpreendentemente, o coronel Spengler disse que “o Exército afirmou não ter documentos sobre o evento conhecido como ‘ET de Varginha’, de 1996, ocorrido em Minas Gerais, porque se extraviaram ou foram destruídos, como é previsto em lei”.
O Brasil precisa ter seu órgão de pesquisa ufológica
A tentativa de criação de uma entidade oficial de pesquisa ufológica no Brasil tem uma razão a mais para ser importante. Vários países da América do Sul, como o Uruguai e o Chile, possuem órgãos do gênero atuando de forma transparente. Como pode o Brasil, maior nação do continente, não ter um? O Uruguai, por exemplo, possui a mais antiga entidade do gênero no mundo, a Comissión Receptadora y Investigadora de Denuncias de Objectos Voladores No Identificados (Cridovni). Funcionando desde 1979, ela concentra e analisa os casos envolvendo UFOs que chegam ao conhecimento da Força Aérea daquele país.
Outros exemplos de entidades semelhantes são o Centro de Estudios de Fenómenos Aéreos Anómalos (CEFAA), do Chile, funcionando desde 1997 dentro da Diretoria Geral de Aviação Civil, e a Oficina de Investigación de Fenómenos Anómalos Aeroespaciales (OIFAA), da Força Aérea Peruana (FAP), com atividades presentemente paralisadas.
O Brasil, por sua vez, teve uma entidade oficial de investigação ufológica no curto período de 1969 a 1972, quando funcionou nas dependências do IV Comando Aéreo Regional (IV COMAR), em São Paulo, o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani). Ao longo de sua rápida, mas prolífica existência, o órgão investigou mais de 100 casos ufológicos, produzindo milhares de páginas de documentos, fotos e croquis com os resultados de suas pesquisas.
“A realidade ufológica merece atenção”
O Sioani foi criado por iniciativa pessoal do major-brigadeiro José Vaz da Silva, um militar da Força Aérea Brasileira (FAB) que convenceu seus pares de que a realidade ufológica merecia atenção, isso em plena Ditadura. O Sioani investigou os mais diversos acontecimentos envolvendo UFOs, incluindo aqueles em que tripulantes foram avistados e tiveram contato com testemunhas. A maioria dos documentos produzidos pela entidade já está disponível no site da Revista UFO.
A extraordinária trajetória do órgão, que paradoxalmente muitos dos atuais oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) desconhecem, pode ser uma inspiração para a criação da nova comissão de estudos ufológicos que pretende a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU). Ela se daria no âmbito militar, envolvendo desta vez não somente as três Armas, mas também segmentos da Comunidade Ufológica Brasileira.
A Aeronáutica já deu demonstrações de que trata seriamente do assunto. Em 2010, por exemplo, seu comandante, o tenente-brigadeiro do ar Juniti Saito, assinou a Portaria 551/GC3, determinando o envio imediato para o Arquivo Nacional de todos os documentos produzidos dentro do âmbito da FAB a respeito dos UFOs.
Veja a parte principal da Portaria 551/GC3: “O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), como órgão central do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra), é a organização do COMAER responsável por receber e catalogar os registros referentes a OVNI relatados, em formulário próprio, por usuários dos serviços de controle de tráfego aéreo e encaminhá-los regularmente ao CENDOC. Esta é a organização do COMAER responsável por copiar, encadernar, arquivar cópias dos registros encaminhados pelo COMDABRA e enviar, periodicamente, os originais ao Arquivo Nacional”.
A Aeronáutica leva o assunto a sério
Foi auspiciosa a discussão, no encontro do dia 18, a respeito da criação dentro do Ministério da Defesa de uma comissão envolvendo estudiosos da Ufologia, destinada a recebe
r todos os registros envolvendo UFOs (que a FAB classifica como Tráfego H) coletados pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). “Essas informações comprovam o quanto os militares, principalmente da Aeronáutica, levam o assunto a sério”, disse o também coeditor da Revista UFO Fernando de Aragão Ramalho.
A criação de um órgão como o descrito, com a finalidade de investigar a imensa e complexa casuística ufológica do Brasil, vem ao encontro não somente dos anseios da Comunidade Ufológica Brasileira, mas também da sociedade, como demonstrou a imensa quantidade de pedidos de informações a respeito do tema com base na LAI, que tanto surpreenderam militares e foram uma das motivações para a histórica reunião desta semana.
Para essa nova entidade, que pode até mesmo ser uma reedição aperfeiçoada do antigo Sioani, como defende o coronel Antonio Celente Videira, os integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e da Revista UFO oferecem seus serviços, com o intuito de servir à sociedade brasileira e auxiliar a decifrar um dos enigmas mais impressionantes já enfrentados pela humanidade: a visita de outras espécies cósmicas ao nosso planeta, fenômenos graças aos quais nosso país ocupa lugar de destaque no mundo pela quantidade e variedade dos que aqui acontecem.
Demanda da sociedade brasileira
“Exatamente por esse motivo, é urgente a necessidade da criação desse novo órgão de pesquisas, para procurar as respostas que são uma demanda da sociedade brasileira”, finalizou Gevaerd. Ele acrescentou que todos os integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) presentes ao histórico encontro saíram satisfeitos e esperançosos de verem cumpridas as promessas feitas pelos funcionários do Ministério da Defesa.
Dentre elas, a mais importante foi a oferecida pelo secretário de Coordenação e Organização Institucional do Ministério da Defesa e mediador do evento, doutor Ari Matos Cardoso, que é estabelecer um canal de comunicação direto entre a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e o Ministério da Defesa, para que os estudiosos tenham acesso facilitado, desburocratizado e eficiente às informações que pleiteamos.
Ari Cardoso encerrou a reunião com estas palavras, mas antes de acabar o encontro o editor Gevaerd aproveitou e acrescentou à sua promessa: “Por que não se fazer um esforço um pouco mais arrojado e, já que se estudará a implantação deste canal, realizar-se logo de uma vez um estudo mais amplo para estabelecermos a comissão mista de pesquisa ufológica que tanto buscamos?”.
Resta aos ufólogos aguardarem os próximos passos.
Veja mais informações da imprensa geral em:
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