Os recentes progressos no conhecimento do planeta Marte revelam semelhanças interessantes com a Terra em sua história geológica, explicou à agência de notícias France Presse um especialista norte-americano participante do Congresso Mundial de Geologia de Florença, na Itália. “Os dados recolhidos pela sonda européia Mars Express e pelos dois robôs da NASA que se encontram em Marte mostram que o Planeta Vermelho não é o alien que se acredita e pode, inclusive, nos ajudar a compreender melhor a história da Terra”, afirmou Victor Baker, professor da Universidade de Arizona.
“Está claro que a água fez parte do passado da história de Marte. Em relação ao presente, não estamos seguros, mas não devemos descartar a possibilidade. Tudo o que podemos fazer atualmente é reunir indícios. Como em um romance policial, não sabemos qual será o indício decisivo para encontrar a solução”, disse. “Soubemos há pouco, por exemplo, que Marte tem uma grande quantidade de rochas sedimentares, assim como a Terra, muitas delas associadas a fenômenos que implicam a presença da água em tempos remotos. Sabíamos da presença de água em Marte há bilhões de anos, mas o que é novo é que houve água recentemente, em termos geológicos, isso quer dizer há alguns milhões de anos”, acrescentou.
O pesquisador acredita que Marte foi um planeta ativo na história recente, não apenas do ponto de vista vulcânico, mas também da atividade hidráulica. Baker participa na análise dos dados recolhidos pela sonda Mars Odyssey, que se encontra em órbita de Marte. Ele explicou que o espectrômetro de raios gama, um dos equipamentos instalados na sonda, permitiu detectar não só a presença de elementos diversos – ferro, cloro, potássio e tório –, mas também demonstrar que os mesmos foram “substituídos pelo processo sedimentar”.
Outra descoberta interessante é a presença de sulfato de sódio, o que, segundo ele, indica alterações químicas recentes. “Recentemente se detectou metano na atmosfera marciana. Apesar das quantidades serem ínfimas, sua presença prova que acontecem coisas na atmosfera de Marte”, disse. O metano desaparece ao final de cem anos se não for substituído. O da Terra procede essencialmente das bactérias. A questão que se apresenta é: de onde vem o de Marte? É de origem vulcânica ou orgânica? Este é mais um ponto de interrogação interessante a respeito do Planeta Vermelho.