Em entrevista concedida ao site A Notícia o cartunista e idealizado do mascote da Revista UFO Márcio Baraldi afirmou que “sim! ele está entre nós, mas não há com o que sem preocupar“. O ginho faz parte da mesma estirpe do ET de Steven Spielberg – simpático, amável, livre de contaminação –, mas com uma carga cômica que o alienígena do clássico filme dos anos 80 nem de longe tem. O humor, claro, é culpa de Baraldi, sócio honorário do Clube dos Roqueiros Brasileiros quando seu personagem Roko-Loko atingiu o status de celebridade nas tiras mensais da revista Rock Brigade. E assim como o aloprado Roko, outra criação de Baraldi está ganhando vida fora do papel: é o Ginho, o ET de Varginha, personagem criado especialmente para arrancar risadas na Revista UFO. O bonequinho não é a única novidade que Baraldi tem pra contar. Ele também está lançando Vale-Tudo [Opera Graphica Editora e GRRR!], seu 11º livro, que reúne histórias publicadas entre os anos 80 e 90 nas revistas Chiclete com Banana, Pântano, Tralha, Porrada, InterQuadrinhos, Radar e Dynamite entre outras edições. Quem assina embaixo, com textos e caricaturas do autor, são bambas das histórias em quadrinhos nacionais como Rodolfo Zalla, Primaggio Mantovi, Julio Shimamoto, Gabriel Ba e Fabio Moon e Eloyr Pacheco. Confira a entrevista:
Você acredita em vida fora da Terra? Lógico! Eu adoro Ufologia desde criança. Quando era moleque, adorava filmes de ficção científica como Contatos Imediatos do Terceiro Grau, comprava a revista Planeta e depois ficava desenhando naves espaciais. Quando adulto, o destino me levou pra Revista UFO, a mais antiga e respeitada publicação sobre Ufologia do mundo. Foi lá que eu criei o personagem Ginho, o ET de Varginha, que sai em tiras bem humoradas já há dois anos. O editor A. J. Gevaerd e os leitores adoram, já era tempo de colocar um pouco de humor num assunto meio sisudo como este. E agora fiz o boneco do Ginho pra servir literalmente de mascote da revista e ser símbolo da riquíssima Ufologia Brasileira.
Quem é mais pirado, o Roko- Loko ou o Ginho? O Roko-Loko é mais xarope, é o meu lado mais palhaço, atrapalhado e ingênuo. O Ginho é muito simpático, mas é mais esperto. Ele veio pra humanidade já ir se acostumando com a presença de outras raças, de irmãos mais distantes. Enfim, veio pra mostrar que não estamos sós e que a hora de um contato oficial está chegando.
O Ginho seria um ET mais roqueiro, banger, indie ou chegado numa psicodelia? Eu acho que ele está mais pra new age mesmo. Mas se ele fosse roqueiro, combinaria mais com psicodelia, já que ele vive viajando entre dimensões muito loucas.
E sobre o livro Vale-Tudo, por que revirar o baú agora? Porque se passaram 20 anos desde que eu fiz a maioria dessas histórias e senti necessidade de acertar contas com minha adolescência. Analisei esse material antigo e pensei: ‘Ei, isso é muito legal, continua forte e atual e merece ser visto por mais gente!\’. Muita galera que lê meus quadrinhos hoje não conhece essa minha primeira fase, com histórias em quadrinhos muito raivosas e revoltadas, iconoclasta e atirando pra todo lado. Essas histórias definiram meu estilo, tanto de traço quanto de humor e minha ideologia. Além disso, a maior parte desse material saiu em preto e branco, e com a colorização digital caprichada que eu dei, elas ficaram novas em folha.
A maioria das revistas para as quais você desenhou essas histórias em quadrinhos não existe mais. Falta humor ou leitor bem-humorado no Brasil? Essas histórias em quadrinhos saíram em revistas alternativas, de contracultura, feitas em esquemas praticamente independentes e, portanto, não agüentaram muito tempo. Não falta nem humor, nem pessoas bem-humoradas. Faltava grana pra essas revistas se manterem mais tempo mesmo. Agora o humor está migrando pra internet, e as revistas estão sendo substituídas pelos blogs e sites. Há muito humor ótimo na web.