Usando informações da constelação de satélites Swarm ,da Agência Espacial Européia, os cientistas descobriram como a energia gerada por partículas eletricamente carregadas no vento solar flui para a atmosfera da Terra. Surpreendentemente, a maior parte dela se dirige para o polo norte magnético.
O campo magnético da Terra está constantemente defendendo nosso planeta da radiação cósmica e das partículas carregadas pelos perigosos ventos solares. Durante esse processo, essa bolha invisível de proteção distribui a energia eletromagnética pela parte superior da nossa atmosfera, acima dos polos norte e sul. Os cientistas sempre presumiram que essa distribuição era por igual, mas um novo estudo mostra que não é bem assim.
As partículas que são constantemente ejetadas pelo Sol são capazes de prejudicar todo o nosso estilo de vida atual, colocando em risco equipamentos eletrônicos e satélites de comunicação. O campo magnético terrestre, formado pelo núcleo externo do nosso planeta, consegue lidar com a maior parte desses ataques, direcionando a energia para as regiões polares. Prova disso são as auroras, que aparecem tanto no norte do planeta quanto no sul. Elas são geradas pela interação das partículas solares com o campo magnético da Terra.
Acontece que, ao contrário do que se cogitava até agora, a quantidade de energia eletromagnética que atinge os dois hemisférios é desigual. De acordo com um artigo publicado na revista Nature Communications, a energia costuma se concentrar em maior quantidade no norte do planeta. Essa descoberta sugere que, além de proteger a Terra da radiação solar, o campo magnético também controla como essa energia é distribuída e canalizada para a atmosfera superior.
Aurora boreal, fenômeno que ocorre graças à interação entre as partículas cósmicas e o campo magnético da Terra. Quando a aurora ocorre no sul do planeta, recebe o nome de aurora austral.
Fonte: Reprodução/Dora Miller
Ivan Pakhotin, autor principal do artigo, explicou que isso ocorre por um motivo muito simples. É que o polo magnético do sul está mais longe do eixo de rotação da Terra do que o polo norte. Como consequência, a energia que primeiro chega na região alinhada ao eixo de rotação “tem preferência” pelo caminho mais curto, ou seja, segue para o norte. Os pesquisadores ainda não sabem exatamente quais são as consequências dessa assimetria e da distribuição desigual da energia eletromagnética, mas eles cogitam que isso possa resultar em diferenças no clima espacial ao redor do planeta.
Além disso, a assimetria pode resultar em diferenças entre as auroras do norte (auroras boreais) e as do sul (auroras austrais). “Nossas descobertas também sugerem que a dinâmica da química na alta atmosfera pode variar entre os dois hemisférios, especialmente durante tempos de forte atividade geomagnética”, disse Pakhotin.
Estudar as interações entre o vento solar e o campo magnético da Terra é importante para nos prepararmos para eventuais tempestades solares mais fortes, contra as quais as defesas naturais de nosso planeta serão insuficientes para proteger nossos equipamentos eletrônicos. O novo estudo foi realizado com os dados da missão Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), que conta com três satélites projetados para coletar informações sobre como nosso campo magnético se comporta.