O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) liberou uma versão preliminar do muito aguardado relatório UFO do Pentágono. Mesmo inconclusivo, e até decepcionante, o documento lança uma nova perspectiva não apenas sobre a segurança do espaço aéreo norte-americano e do mundo, mas também sobre qual seria a real explicação do fenômeno, pois não descarta uma possível origem alienígena.
O relatório sobre UFOs da Força-Tarefa UAP do governo dos Estados Unidos foi lançado ontem no fim da tarde pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional. Trata-se de um documento preliminar, com um resumo e dados estatísticos, portanto, espera-se que uma versão completa seja divulgada em breve. Foram compiladas informações de incidentes com UFOs entre novembro de 2004 e março de 2021 e a grande maioria desses casos foi considerada fenômenos físicos, tendo sido verificados por diversos sensores ao mesmo tempo.
Os eventos foram categorizados conforme sua interação/possível origem, tais como fenômenos atmosféricos, tecnologia estrangeira desconhecida (apesar do próprio relatório admitir que faltam evidências para tal teoria), interferência aérea, tecnologia dos próprios Estados Unidos e, curiosamente, uma categoria classificada como “outros”, que basicamente diz que se tratam de fenômenos que “(…) necessitam de conhecimento científico adicional para que sejam coletados, analisados e caracterizados adequadamente.” O relatório teve como base o testemunho de pilotos das Forças Armadas, além de dados de aparelhos e sistemas considerados de alta confiabilidade.
Desde março de 2019, a Marinha norte-americana vem usando um sistema próprio para registrar encontros com UFOs. Seguindo esse conceito, a Força Aérea criou seu próprio método de registro para tais eventos em novembro de 2020, mas limitando internamente ao governo dos Estados Unidos. Um dado interessante é que a grande maioria dos eventos foram registrados em 2020 e 2021, muito provavelmente devido ao avanço tecnológico nos equipamentos, especialmente militares.
Apenas um evento pôde ser explicado: um balão murcho, provavelmente meteorológico devido ao seu grande tamanho. Dos 144 casos relatados por fontes do governo norte-americano, 80 foram detectados e verificados por vários sensores diferentes, gerando um resultado intrigante: quanto mais informações, mais difícil de explicar era o fenômeno. Grande parte dos eventos ocorreram durante exercícios militares e treinamentos e, portanto, a estatística do relatório aponta que a maioria dos avistamentos e encontros se deram em áreas de treinamento e testes militares.
Frame da filmagem de um fenômeno aéreo classificado como “não identificado”, liberado pelo Pentágono no começo de 2020.
Fonte: US NAVY/Department of Defense
A aparelhagem militar até mesmo foi classificada quanto a eficiência, sendo os sensores ópticos ideais para identificar forma, tamanho e estrutura, enquanto que os sensores de rádiofrequência foram ideais para aferir dados como velocidade e distância percorrida. Sendo assim, 18 incidentes foram relatados como apresentando comportamento e características de voo fora dos padrões para aeronaves conhecidas, tais como helicópteros, aviões e drones.
Parte dessas características de voo incomuns estão no fato de alguns objetos conseguirem se manter pairando no mesmo lugar, mesmo em condições de fortes ventos, ou até movendo-se contra, e, lógico, acelerações absurdas e repentinas sem apresentarem sequer um meio de propulsão. Isso deu margem para estudos (que já estão em andamento) que irão avaliar se alguns UAPs possuem tecnologias inovadoras. Além disso, o documento afirma que há casos de aeronaves militares que chegaram a detectar sinais de radiofrequência durante observações desses estranhos objetos. Outro dado marcante é que houve quase colisão em 11 casos de avistamento entre UAPs e aeronaves militares.
O relatório deixa claro que a limitação de dados foi um ponto que pesou para que a maioria dos eventos ficassem sem explicação. Um processo mais rígido e consistente de coleta e análise de informações está sendo desenvolvido, visando coordenar diversos órgãos do governo, mas há uma evidente necessidade de investimento para melhorar a pesquisa e desenvolvimento da Força-Tarefa UAP.
O documento preliminar conclui que os UFOs representam um problema de segurança aérea e podem ser uma ameaça potencial à segurança nacional dos Estados Unidos. Mais dados, registros e relatos serão incluídos ao longo do ano e, inicialmente, o foco será no uso de inteligência artificial para categorizar e reconhecer padrões nos dados. Agora, aguardemos o relatório final, que promete ser mais completo.
Para acessar o relatório preliminar da Força-Tarefa UAP, clique aqui.