O estudo dos fenômenos em Giorgio Bongiovanni não pode ficar restrito a um ou outro campo, mas deve ser estendido em amplo aspecto científico — e a parapsicologia assume fundamental importância. A Escola Materialista de Vasilyev, também conhecida como Escola Psicotrônica, é uma corrente de raciocínio parapsicológico que considera a ação concentrada do pensamento na criação dos estigmas. Embora ninguém desse segmento tenha feito eclodir numa dada pessoa os estigmas verificados em Bongiovanni, ainda assim, como hipótese, os adeptos dessa linha de pensamento consideram que, em estado de êxtase, uma pessoa poderia movimentar energias psíquicas e modelar em si mesma os estigmas, num efeito chamado ideoplástico — eles seriam uma realização fisiológica das idéias do indivíduo em si próprio.
Contudo, sem invalidar esse postulado, a Escola Dualista de Rhine entende que, além dele, a mente pode transcender os próprios mecanismos neurofisiológicos. Grande parte dos membros desse grupo admite como hipótese legítima de trabalho a sobrevivência do espírito após a morte. Essa linha parapsicológica considera que os médiuns de efeitos físicos, quando induzidos por uma entidade espiritual e sob a vontade desta na manipulação do ectoplasma, podem apresentar estigmas que lhes seriam visíveis no corpo. Nesta hipótese de trabalho, membros do Laboratório de Parapsicologia de Duke admitem que os estigmas possam ser provocados por uma entidade extracerebral.
Encontramos em séculos anteriores alguns estigmatizados que tiveram em seus corpos os efeitos semelhantes aos de Bongiovanni. Uma das figuras mais conhecidas foi a alemã Anna Catharina Emmerich (1774-1824). Desde a infância ela via entidades angelicais e dizia receber dos céus uma direção superior. Aos 38 anos, então freira, avistou dentro do convento um jovem resplandecente. Ela apertou o crucifixo no coração e um estigma ficou gravado em seu peito. A marca foi aumentando com o passar do tempo, até que ela avistou uma luz muito brilhante. Então, ofuscada por um clarão sublime, os estigmas se fizeram presentes em várias partes de seu corpo, a exemplo das chagas de Cristo. Mais tarde, em estado de êxtase, Anna ditou vários livros, contando as suas visões da Sagrada Família. Entre eles está Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus [Editora Mir, 1996], obra que quase dois séculos depois daria origem ao filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, em 2004. Outros estigmatizados também ficaram conhecidos, como Therese Neumann e Padre Pio, por exemplo, ambos tão incomuns quanto Giorgio Bongiovanni.
FRONTEIRAS DO DESCONHECIDO
Quando o neuropsiquiatra Stanis Previato diz que o poder psíquico de Bongiovanni pode ter sido obtido da filosofia defendida por ele, o investigador do Fenômeno UFO geralmente completa o pensamento dizendo que a filosofia do estigmatizado italiano tem origem em algo mais concreto. De fato, em suas pesquisas, os ufólogos encontram uma categoria de fenômenos físicos causados na testemunha quando os UFOs estão por perto. É algo substancial, mas de difícil estudo em razão do precário acesso da ciência às camadas internas da mente e ao imponderável mundo extracerebral, no qual estaria postado o sujet espiritual, entidade motora dos fenômenos.
Para a ciência, não é transparente a fronteira entre o fisiológico, causado pelo psiquismo do sujet, e o fenômeno extracerebral, causado por uma entidade oculta — seja esta a própria alma do sujet ou um ser ultrafísico independente dele. A literatura parapsicológica é farta ao mostrar tais ocorrências. Nos avistamentos de UFOs, não é incomum ocorrer sons de causa indefinida, clarões repentinos de vários matizes, coisas sólidas ficarem transparentes, objetos pesados levitarem com facilidade e fenômenos de poltergeist eclodirem de modo enigmático. De modo estanho, UFOs também fazem manobras em sincronismo com o pensamento da testemunha — e ela própria passa a ter sonhos premonitórios, podendo apresentar mudança de personalidade, desenvolver poderes paranormais, potencializar em si faculdades já existentes, produzir curas e autocuras inexplicáveis, receber pensamentos externos, apresentar marcas no corpo, habilidades ou aptidões fora do corrente, como acontece com o italiano Giorgio Bongiovanni.
Se juntarmos aos fenômenos paranormais do entrevistado as suas várias perícias médicas, atestando sua saúde física e mental como boas, e incluirmos nisso o seu amplo histórico de avistamentos de UFOs, seus estigmas eclodidos em Fátima e suas mensagens atribuídas a seres imponderáveis, tudo isso, enfim, junto, nos mostra ser ele um homem incomum. A sua pessoa e todos esses fatos exigem profunda reflexão, para o estudioso tentar decifrar a verdadeira origem dos fenômenos e o motivo de eles estarem ocorrendo já ao longo de 20 anos. Se isso é uma missão, a ciência não pode dizer, mas Bongiovanni está convicto dela. O certo é que além dos fenômenos estão o seu bom caráter, as suas obras beneficentes e o seu trabalho em prol da espiritualidade e das coisas do bem, tanto na Itália quanto em outros países. Aquilo que ele faz, dando seu exemplo, e ensina aos interessados, cabe a cada um ajuizar para decifração e, eventualmente, fazer o seu reajuste naquilo que a própria livre escolha determinar.