No decorrer dos séculos, o estudo da evolução da vida sobre a Terra colocou em lados opostos duas correntes de pensamento: o Criacionismo e o Evolucionismo. A primeira refere-se à crença religiosa que admite que a humanidade, a vida, a Terra e o próprio universo são obras de uma entidade sobrenatural. Por motivação religiosa, rejeitou-se certos processos biológicos propostos pela Teoria Evolucionista, apresentada no século XVII pelo naturalista inglês sir Charles Darwin, em sua espetacular obra A Origem das Espécies, de 1859.
O termo Evolucionismo passou a ser associado a uma espécie de oposição ao fundamentalismo cristão para a trajetória humana, cujos membros mais ardorosos baseiam sua crença na leitura e interpretação literal do mito da criação do Genesis — estabelecia-se uma verdade absoluta, um dogma, que por definição não admitia contestação.
É comum observarmos que, quando uma pesquisa científica conduz à uma conclusão que contradiz um preceito religioso, seus adeptos rejeitam tais conclusões, suas teorias e até mesmo sua metodologia, suscitando controvérsias políticas, religiosas e sociais. Algumas linhas de pensamento pretendem oferecer uma forma alternativa de argumentação. Ambicionam fundamentar suas afirmações contemporizando conceitos religiosos, científicos e filosóficos. Tomemos como exemplo a simples menção da palavra extraterrestre e o que ela desperta em muitos de nós, leigos ou estudiosos da fenomenologia. Involuntariamente, acirramos as opiniões e adentramos um campo minado por preconceitos.
Quando nos arriscamos a preencher lacunas ainda abertas na trajetória humana, nelas inserindo entidades não terrenas extraordinárias, corremos imenso risco de abdicar da própria razão, negligenciando aspectos que de alguma forma poderiam oferecer uma explicação igualmente razoável e sensata. Pistas de pouso e linhas em Nazca, no Peru? Construídas ou orientadas por extraterrestres! Ruínas de Puma Punku? Feitas com tecnologia extraterrestre! Moais da Ilha de Páscoa? Imagens de veneração de deuses extraterrestres! Abduções? Bingo, extraterrestres! Apenas para citar alguns exemplos lapidares.
A temática da busca por vida extraterrestre é recorrente e intrigante. As ideias que surgem são como pêndulos que oscilam entre o insano e o surreal, muitas vezes parecendo enredos saídos de um filme de Hollywood. Por ora, teremos que aprender a conviver com a dúvida e com nossas verdades transitórias, mantendo a mente aberta, mas munidos de espírito crítico. Os aparentes deslizes são salutares para o progresso científico e para a evolução do pensamento. Somente um insistente e repetitivo processo de tentativa e erro pode eliminar explicações que, de outra forma, acabariam por se transformar em preceitos definitivos e incontestáveis.