A NASA anunciou que dará um passo visionário: sistemas inteligentes de computadores serão instalados em sondas espaciais para direcionar a busca de vida em planetas e luas distantes, começando com a Missão ESA ExoMars, em 2022/23, antes de avançar para luas como Europa, de Júpiter, e Enceladus e Titã, de Saturno.
Lembrando um pouco – ou muito – os grandes clássicos de ficção científica produzidos por Clarke e Asimov, a NASA anunciou que irá usar a Inteligência Artificial para buscar vida em mundos extraterrestres.
Ainda não são os robôs de Asimov, produzidos para se adaptarem a condições extremas em planetas extremos, nem o famoso e assustador computados HAL do clássico 2001, Uma Odisseia no Espaço [Record, 1968] de Arthur C. Clarke, mas estamos no caminho.
“Quando reunidos pela primeira vez, os dados produzidos pelo instrumento Mars Organic Molecule Analyzer [Analisador de Moléculas Orgânicas de Marte – MOMA] de busca por vida, que tem o tamanho de uma torradeira do nos fornecerão probabilidades que precisarão ser analisadas” diz Eric Lyness, líder de software no Laboratório de Ambientes Planetários do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA.
Primeiros Resultados
Sonda orbitando Marte Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
Cientistas do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA anunciaram os primeiros resultados dos novos sistemas inteligentes a serem instalados em sondas espaciais, capazes de identificar assinaturas geoquímicas da vida a partir de amostras de rochas.
Permitir que esses sistemas inteligentes escolham o que analisar e o que nos dizer de volta à Terra superará os severos limites que temos sobre a transmissão de informações por grandes distâncias na busca de vida a partir de planetas longínquos.
Os sistemas serão lançados na missão ExoMars 2022/23, antes da implementação completa e autônoma em destinos mais distantes do Sistema Solar. “Este é um passo visionário na exploração espacial”, disse a pesquisadora principal Victoria Da Poian durante a conferência Goldsmidt de junho.
“Isso significa que, com o tempo, passaremos da ideia de que os humanos estão envolvidos com quase tudo no espaço, à ideia de que os computadores estão equipados com sistemas inteligentes, treinados para tomar algumas decisões e capazes de transmitir com prioridade as informações mais interessantes ou críticas ao tempo”, complementou a pesquisadora.
Como funciona
Impressão artística do rover ExoMars. Crédito de imagem: ESA /ATG medialab
Victoria e Lyness treinaram sistemas de inteligência artificial para analisar centenas de amostras de rocha e milhares de espectros experimentais do Mars Organic Molecule Analyzer (MOMA), o instrumento que pousará em Marte em 2023.
MOMA é um instrumento baseado em espectrômetro de massa, capaz de analisar e identificar moléculas orgânicas em amostras de rochas. E analisando as rochas, ele buscará traços de vida passada ou presente na superfície marciana e subsuperfície.
O sistema a ser enviado a Marte ainda transmitirá a maioria dos dados de volta à Terra, mas os sistemas posteriores do Sistema Solar externo terão autonomia para decidir quais informações retornar à Terra.
A missão enfrentará prazos severos. Segundo Lyness, “Quando operarmos em Marte, as amostras permanecerão no veículo espacial por apenas algumas semanas antes de o veículo espacial despejar a amostra e passar para um novo local para perfurar. Portanto, se precisarmos testar novamente uma amostra, precisamos fazer isso rapidamente, às vezes dentro de 24 horas”.
Mas não será sempre assim, segundo o cientista. “No futuro, à medida que explorarmos as luas de Júpiter, como Europa, e de Saturno, como Encélado e Titã, precisaremos de decisões em tempo real a serem tomadas no local. Com essas luas, pode levar de cinco a 7 horas para que um sinal da Terra chegue aos instrumentos, então isso não será como controlar um drone, com uma resposta instantânea. Precisamos dar aos instrumentos autonomia para tomar decisões rápidas para alcançar nossos objetivos científicos em nosso nome”, explicou Lyness
Os dados de um veículo espacial em Marte podem custar até 100.000 vezes mais que os dados de seu telefone celular, por isso a NASA precisa torná-los o mais eficiente possível. Ainda assim, sistemas inteligentes tomando decisões por si, em peno espaço sideral, parece coisa de ficção. Mas, em breve, será apenas a nossa realidade.
Fonte: Daily Galaxy