A Amazônia esconde muitas lendas e mistérios, e certamente um dos maiores são os fenômenos ufológicos que ocorrem naquela região. Estendendo-se, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelos estados do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Roraima, Rondônia, Amapá, Tocantins e Mato Grosso, a Região Amazônica abriga, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), mais de 400 tribos indígenas de diferentes etnias. Dentre esses povos indígenas, agora sabemos por meio de documentos oficiais, que um deles em especial, o povo Ashaninka, viveu uma rotina de medo devido a contatos próximos com objetos voadores não identificados, chamados pelos próprios indígenas de “bolas de fogo”.
Os ashaninka, também denominados kampa, são originários da Amazônia Peruana, onde estão presentes há pelo menos 5 mil anos — na área onde hoje se localiza a maior parte de seus indígenas. Eles têm um passado de contato próximo com a civilização Inca, tanto em situações amistosas quanto em casos de guerra. No Brasil, estão localizados no estado do Acre, próximos à fronteira com o Peru, e divididos em quatro tribos indígenas: Kampa do Rio Amônia, Kampa e Isolados do Rio Envira, Kampa do Igarapé Primavera e Kaxinawá Ashaninka do Rio Breu, ainda segundo a FUNAI.
O primeiro caso envolvendo UFOs e ashaninkas divulgado publicamente aconteceu no ano de 2016 na tribo indígena Kampa e Isolados do Rio Envira, mais especificamente nas aldeias Nova Floresta e Cocoaçu. Na ocasião, o indígena e professor Aírton Silva de Oliveira, conhecido como Aírton Kampa, socorreu e levou para um hospital da região um membro da tribo Nova Floresta chamado Iaka Ashaninka, que foi atingido por um feixe de luz esverdeado proveniente de um objeto voador não identificado que se deslocava muito rapidamente, logo após ele e outros indígenas terem realizado 18 disparos de espingarda na direção deste. Inicialmente acharam se tratar de um drone, porém o fato de o objeto ter queimado as lanternas dos indígenas, além de ter emitido feixes de luz com potencial lesivo, assustou essas tribos que vivenciaram o fenômeno.
“Odor de pneu queimado”
O professor Aírton Kampa também relatou ter visto o objeto em uma das noites em que pastorava, declarando ser “uma máquina pequena que tinha luzes vermelhas, azuis e verdes e exalava odor de pneu queimado”. Ainda segundo ele, o artefato aparecia sempre de madrugada, por volta de uma e meia, permanecendo até duas horas da manhã. Outra pessoa que declarou ter avistado os UFOs na região foi o professor aposentado da Universidade Federal do Acre (UFAC) Izan Carvalho de Melo, que viu um objeto com as mesmas características no entorno da BR-364, sentido Manoel Urbano a Feijó.
No caso de 2016, um ufólogo paulista chegou a enviar um pedido pela Lei de Acesso à Informação (LAI) ao Governo solicitando mais detalhes do ocorrido. Na época, a FUNAI emitiu o documento Informação Técnica 09/2016/GAB/PRES/FUNAI-MJ, em setembro de 2016 informando que a ocorrência era real e que a coordenação regional do órgão em Juruá estava desde março daquele ano acompanhando o caso junto aos indígenas. Porém, negou-se a enviar documentos sobre a investigação, alegando que outros órgãos públicos, como a Polícia Federal, o Exército e a Polícia Militar, estavam envolvidos e que a Superintendência da Polícia Federal no Acre deveria ser acionada para prover maiores informações. Entretanto, após consulta do próprio ufólogo à Polícia Federal, esta disse não ter quaisquer documentos sobre o assunto.
Baseado neste pedido de 2016, o autor deste artigo iniciou então uma extensa pesquisa a fim de levantar novas informações do Governo sobre os fenômenos que estavam acontecendo no Acre. Após diversos contatos com servidores públicos e pedidos de informação ao Governo, finalmente o esforço empreendido logrou êxito, e, em agosto de 2020, a FUNAI liberou os primeiros documentos revelando casos ocorridos no ano de 2014, desta vez na tribo indígena Kampa do Rio Amônia, que mostravam o envolvimento de outros órgãos públicos, novamente a Polícia Federal e agora o Ministério Público Federal. Baseado nesses documentos, o autor entrou com novos pedidos de acesso à informação, e no mês de outubro de 2020, mais de 60 páginas de documentos do Ministério Público foram tornadas públicas — iniciava-se então a descoberta de um dos maiores e mais bem documentados casos da Ufologia Brasileira.
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