Com o aculturamento feito pelo comunismo durante os anos da Cortina de Ferro, muitas das histórias, mitos e antigas lendas da região se perderam de forma irreversível. As pessoas que as conheciam e que as transmitiriam a seus descendentes se calaram, pois as novas gerações, já imbuídas do espírito socialista, não queriam saber de coisas que julgavam ser superstições de pessoas incultas e atrasadas. Mesmo os registros históricos são raros.
Essa observação sobre a perda do conhecimento mitológico ocorrida no Leste Europeu é salientada por vários autores, mas é errôneo imaginar que ela se deu de forma igual em todos os lugares. Alguns países preservaram mais suas lendas e, portanto, sua identidade cultural do que outros, que tiveram sua história praticamente apagada. Ainda assim, alguns registros antigos sobreviveram e eles têm fascinantes histórias para nos contar.
Caso Bornholm
Uma delas ocorreu em 09 de agosto de 1845 próximo a Bornholm, uma ilha do Mar Báltico situada a oeste da Dinamarca, sul da Suécia e norte da Polônia. O jornalista soviético Oleg Dezyuba descobriu o caso em arquivos antigos e o divulgou na revista Anomalya [Anomalia], em março de 1991. Segundo explicou Dezyuba, os antigos mapas navais russos indicavam que a profundidade do Báltico, na área da ilha Burnholm, era de 57 m. Porém, de repente, isso pareceu mudar. O livro de apontamentos de um navegador suíço menciona a presença de águas rasas nas proximidades da ilha e há a história de um marinheiro que, sob juramento, afirmou que ele próprio observara quando um navio próximo colidira com um banco de areia, saído ninguém sabia de onde.
Finalmente, o almirante Mikhail Petrovich Lazarev, o comandante e explorador russo que descobrira a Antártica, decidiu colocar um fim na confusão. Para tanto, despachou o navio Agamemnon do Porto de Kronshtadt, o principal de São Petersburgo, para medir a profundidade do mar perto de Bornholm. O relatório a seguir foi enviado ao alto escalão de comando da Marinha pelo comandante do Agamemnon, tenente-capitão Iuri Borisov:
“À meia-noite, com vento fresco, observamos à curta distância da ponte uma poderosa chama irromper para fora da água, soltando muitas fagulhas. A área do fogo, com cerca de 9 m2, era irregular e atingia de 60 a 90 cm de altura, talvez mais. A cor da chama era avermelhada e nós não distinguimos nenhum odor. A chama não foi extinta pelas ondas e não conseguimos relacioná-la a uma embarcação em chamas, pois não havia nenhuma por ali”.
O tenente-capitão Borisov concluiu que um vulcão submarino havia causado o fenômeno. Já o almirante Lazarev pensou nas forças do universo para explicar o mistério. Ele questionou se “o fenômeno e o meteoro observado pelo navio Gangut, em 13 de agosto, próximo ao Farol Dagerort, não teriam algo em comum com os furacões que causaram grandes tragédias naquele verão às praias do norte da Europa, ou ainda com a incomum aurora boreal em Estocolmo e com o leito do mar na região de Libawa?” Mas do que estaria falando Lazarev?
Em busca de explicações
Oleg Dezyuba, tentou descobrir o que, afinal, fora observado pelo tenente-capitão Borisov. Uma das coisas que ele levantou foi que não houve erupções vulcânicas submarinas entre o século XIX e o século XX, segundo os especialistas do Instituto Kamchatka de Vulcanologia e Sismologia — os estudiosos rejeitaram totalmente a explicação do comandante do Agamemnon.
Mas o meteoro que impressionara o almirante Lazarev faz pensar sobre o que foi, exatamente, que o experiente navegador russo observou nos céus do Báltico. A queda do meteorito deve ter sido algo realmente impressionante para fazer com que o militar o relacionasse a outros fenômenos ocorridos na mesma época. Mas que tipo de meteorito, perguntou-se Dezyuba, poderia gerar chamas tão infernais que nem a arrebentação das ondas pudesse apagar? Ele não conseguiu responder à pergunta.
Alguns pesquisadores inferiram que um ou mais UFOs podem ter caído nas águas geladas do Mar Báltico em agosto de 1845, causando enchentes, furacões, o erguimento do solo marinho e o instantâneo surgimento de bancos de areia — UFOs acidentados também seriam os responsáveis pelo aparecimento da chama que as ondas não podiam apagar. Pesquisadores adeptos dessa teoria dizem que eles provavelmente deixaram destroços no fundo do Báltico. Por outro lado, é claro que tudo pode ter sido uma mistura de vários fenômenos naturais, incluindo-se, realmente, a queda de um meteorito.
Um ET na Ucrânia Antiga?
Alguns manuscritos muito antigos contam histórias que poderiam ser interpretadas como avistamentos de UFOs. Obviamente, as pessoas daquele tempo usavam palavras e expressões diferentes das nossas e percebiam o mundo de outra maneira. Um antigo manuscrito chamado Povest Vremennikh Let [Conto dos Anos Passados] tem uma história interessante, que nos leva a pensar que as modernas abduções não são tão modernas assim.
No ano de 1065, nos conta o texto, havia um znameniye, ou seja, um presságio, que pode significar uma pessoa, um sinal ou um objeto, na porção ocidental do céu — era uma estrela com raios vermelho-sangue. Por sete noites ela apareceu após o pôr do Sol. Ao mesmo tempo, um bebê foi jogado nas águas do Rio Setoml, hoje extinto, que se situava perto de Kiev. A criança foi capturada pelas redes dos pescadores, que a resgataram e cuidavam dela durante o dia.
O bebê, no entanto, tinha uma aparência horrível. O manuscrito descreve seu rosto como tendo “vergonhosas características”. Na verdade, a criança tinha, também, outros aspectos físicos que não puderam ser descritos, tamanha a “vergonha” que eles iriam causar. As pessoas sentiram tanto medo do bebê que o jogaram de volta ao rio. Durante esse tempo, dizia-se que o Sol também mudara sua aparência, tornando-se menos brilhante e mais parecido com a Lua.
É certo que pelo mundo todo, mesmo entre tribos indígenas, encontramos histórias sobre crianças em cestos sendo tiradas de rios ou encontradas em bosques e florestas. O tema é tão popular que aparece até mesmo na Bíblia. A diferença aqui é o tipo de criança que é resgatada. Normalmente os bebes crescem e se transformam em heróis, o que nos leva a pensar que talvez algo mais tenha acontecido e dado origem a essa história ucraniana.
Mais casos registrados
O assentamento da região de Zaporozhskaya foi fundado no final do século XVI e logo se tornou uma organização militar e política dos cossacos ucranianos zaporozhye, que rapidamente se tornaram senhores das terras além das corredeiras do Rio Dnieper. A inexpugnável Ilha Khortysia logo transformou-se em um dos centros da sociedade dos cossacos. O assentamento de Zaporozhskaya foi abolido em 1775.
As crônicas de Samoil Velichka contam a história do assentamento, no final do século XVII. O chefe dos cossacos era Ivan Sirko e a história menciona um episódio ocorrido em 15 de dezembro de 1680, ao anoitecer, quando um estranho objeto surgiu no céu — as pessoas que o observaram ficaram agitadas, confusas e amedrontadas.
Fonte: ARQUIVO UFO
O UFO, que inicialmente imaginavam ser uma estrela ou um cometa, permaneceu sobre o assentamento por cerca de um mês. Outro cronista dos cossacos, Vanmil Semovidets, falou sobre um episódio similar que teria ocorrido na mesma data, mas descreveu o artefato como sendo uma pequena estrela que emitia um pilar de luz muito brilhante, que “alcançava a metade do céu”, segundo descreveu.
Pequenas estatuetas de prata
Quando o objeto desceu, os cossacos atiraram nele com seus arcabuzes, um tipo de arma de fogo precursor do rifle. O aparelho então pairou ainda por algum tempo e depois desapareceu. Há uma história muito semelhante a essa que teria acontecido no extremo norte
da Rússia, mais ou menos na mesma época. No caso russo, o artefato no céu assemelhava-se ao descrito por Semovidets, e também emitia um pilar de luz. O autor ucraniano Dmitry Lavrov juntou vários relatos interessantes para provar sua hipótese de que a Ucrânia foi visitada por extraterrestres há muito tempo.
Em seus artigos, Lavrov descreve pequenas estatuetas de prata descobertas em um tesouro escondido em Martinovsky, enterrado próximo Rio Ros, perto de Kiev — as peças têm uma notável semelhança com as estatuetas Dogu, do Japão [Fato acima], e com os desenhos do Grande Deus Marciano do povo africano do planalto de Tassili, na Líbia. As figuras da Ucrânia também usam roupas que lembram trajes espaciais, incluindo a parte da cabeça. Seriam elas representações dos famosos gigantes nadadores, cujas histórias percorrem toda a região da Eurásia?