O Solar Dynamics Observatory [Observatório de Dinâmica Solar, SDO] da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) capturou a cena de um “rosto” na superfície solar. As imagens registram o movimento solar em dezembro de 2010 e mostram tanto um “sorriso”, quanto expressões “amarguradas”. O aparente rosto no Sol é causado pelo movimento solar.
O vídeo começa com imagens captadas na superfície do Sol e chegam até a coroa, a parte mais externa, um envoltório luminoso constituído de plasma. A variação nas cores está no fato de as imagens terem sido tiradas com temperatura de cor diferentes. O satélite tem capturado imagens fantásticas e em alta definição das atividades solares. Ele faz 80 imagens do astro-rei a cada minuto, gerando 1,5 terabites de dados por dia, o equivalente a meio milhão de músicas baixadas no iTunes.
Também com base nas imagens do SDO, um estudo publicado no periódico científico Nature explica porque a coroa do Sol alcança temperaturas centenas de vezes superiores a outras partes do astro que estão muito mais perto do núcleo, que produz o calor.
Para aquecer a coroa solar a vários milhões de graus e acelerar a centenas de quilômetros por segundo, os ventos solares que se propagam em todas as direções, inclusive em direção à Terra, é preciso energia, escrevem Scott McIntosh, do Centro Nacional Americano de Pesquisa Atmosférica, e outros pesquisadores na revista Nature.
A temperatura alcança aproximadamente 6.000 ºC na superfície do Sol e dois ou três milhões de graus na coroa, apesar desta última se encontrar muito mais longe do núcleo, onde ocorrem as reações nucleares que produzem o calor.
Hannes Alfven, um físico sueco que recebeu o prêmio Nobel em 1970, estimou que há ondas que transportam esta energia por linhas do campo magnético que percorrem o plasma (gás com partículas carregadas com eletricidade) da coroa. Até agora não havia sido possível detectar a quantidade de ondas deste tipo necessárias para produzir a energia requerida.
Imagens de alta definição ultravioleta captadas com muita freqüência (a cada oito segundos) pelo satélite da NASA SDO permitiram à equipe de Scott McIntosh detectar grande quantidade destas ondas, chamadas de ondas de Alfven.
“As mesmas se propagam em grande velocidade (entre 200 e 250 km/s) no plasma em movimento”, indicou em um comunicado o professor Marcel Goossens, da Universidade Católica de Lovaina, que participou da pesquisa.
Estas ondas, cujo fluxo energético localiza-se entre 100 e 200 watts por quilômetro quadrado “são capazes de produzir a energia necessária para propulsar os rápidos ventos solares e assim compensar as perdas de calor das regiões menos agitadas da coroa solar”, estimam os autores do estudo. No entanto, isto “não basta para prover os 2.000 watts por metro quadrado necessários para abastecer as zonas ativas da coroa”, acrescentam na Nature.
Para isso, seriam necessários instrumentos com maior resolução especial e temporal “para estudar todo o espectro de energia irradiada nas regiões ativas”. Também seria preciso “entender como e onde estas ondas são geradas e dissipadas na atmosfera solar”.
Assista ao vídeo: