Além de explorar o céu profundo e capturar belas e distantes galáxias, o Telescópio Espacial Hubble também trabalha aqui dentro do sistema solar. No mais novo registro do telescópio, divulgado pela NASA, uma série de imagens de Saturno tiradas entre 2018 e 2020 — mostra um vislumbre da grande atmosfera do planeta e pequenas mudanças conforme o verão do hemisfério norte se encaminha para o outono.
Ao longo do ano de Saturno — que equivale a aproximadamente 30 anos na Terra — suas faixas características sofrem pequenas alterações em suas cores; e é um belo visual. A cientista planetária Amy Simon, do Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt, Maryland, diz que “à medida que Saturno se move, vemos as regiões polares e equatoriais mudando, mas também vemos que a atmosfera varia em escalas de tempo muito mais curtas.”
Em um artigo publicado no dia 11 de março no periódico científico Planetary Science Journal, Amy, que também é a autora principal da pesquisa, explica que uma sutil mudança de cor de ano para ano foi observada em Saturno. Segundo o estudo, as mudanças são pequenas porque são apenas o resultado da observação de uma reduzida parte do ano inteiro do planeta. “Esperamos grandes mudanças em uma escala de tempo sazonal, então isso está mostrando a progressão em direção à próxima temporada”, acrescenta.
Apesar da idade, o telescópio Hubble ainda ajuda bastante na pesquisa espacial.
Fonte: NASA
Através dos dados coletados entre 2018 e 2020 pelo Hubble, foi possível observar que cerca de 5 a 10% do equador de Saturno ficou mais brilhante, além de uma ligeira mudança em seus ventos. Para efeitos de comparação, entre 2004 e 2009, a sonda Cassini registrou na mesma região ventos de 1.300 km/h, enquanto dados de 2018 acusam 1.600 km/h.
Observações mais aprofundadas são necessárias para entender o que leva a essas variações na velocidade dos ventos equatoriais. O que sabemos é que as estações existem em todos os planetas, e isso tem relação com a sua distância até o Sol e o grau de inclinação de seu eixo.
O programa Outer Planets Atmospheres Legacy (OPAL) busca acumular dados de observação dos planetas externos do Sistema Solar — e compreender a dinâmica atmosférica dos grandes planetas gasosos: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Amy, que é a principal investigadora da OPAL, diz: “O programa OPAL nos permite observar cada um dos planetas externos com o Hubble a cada ano, permitindo novas descobertas e observando como cada planeta está mudando ao longo do tempo”.