A permanência de três astronautas na ISS (Estação Espacial Internacional, na sigla em inglês) por dois meses a mais do que o inicialmente previsto serviu involuntariamente para provar que o ser humano pode resistir a uma viagem a Marte, segundo um dos integrantes da equipe, Donald Pettit. Ele e seus dois companheiros de missão, o comandante Kenneth Bowersox e o cosmonauta russo Nicolai Budarin, deveriam voltar à terra em março, mas o acidente com o ônibus espacial Columbia, que matou sete tripulantes em fevereiro deste ano, aumentou sua permanência no espaço. A viagem de volta à Terra foi feita com o veículo russo Soyuz, que aterrizou no Cazaquistão em 3 de maio. Os astronautas só foram resgatados quatro horas depois de pousar, depois de 161 dias na ISS. Semelhanças “Toda essa experiência teve uma semelhança estranha com uma viagem e uma aterrisagem em Marte”, disse Pettit em uma entrevista na Nasa (agência espacial norte-americana). “Ficamos em órbita em um ambiente de gravidade reduzida por cinco meses e meio, quase tanto quanto uma viagem só de ida a Marte.” Pettit detalhou melhor as semelhanças entre sua missão e uma possível viagem ao planeta vermelho. “Manobramos o nosso veículo, pilotando-o até a Terra sem nenhuma ajuda, abrimos a cápsula, caminhamos para fora… tudo isso demonstra que os seres humanos têm força física suficiente para empreender essas missões longas, para pilotar veículos ao longo de caminhos operacionais, assegurar o equipamento e operar imediatamente.” Passatempo Na ISS, Pettit conta ter realizado “experiências de sábado de manhã”, aquelas fora do programa estabelecido e motivadas apenas pelas circunstâncias especiais e pela curiosidade, quase como um passatempo. Entre essas experiências, ele cita uma em que os astronautas observaram como a água se comporta em um ambiente de baixa gravidade quando é aquecida e iluminada por uma lanterna ou pela luz de uma câmera de vídeo.