O Sr. Francisco Costa, vulgo “Neno”, foi levado à Salvador no dia 5 de dezembro passado, para ser consultado por um médico ortopedista e para ser submetido à hipnose regressiva. Ele é o garimpeiro que protagonizou um interessante caso em que, ao ver uma luz no alto de uma montanha, para lá se dirigiu à procura de diamantes, acreditando ter sido abençoado por uma “força divina”. Diz o Sr. Neno ter sido empurrado por “algo desconhecido”, e que caiu num precipício de centenas de metros. Os ufólogos que o visitaram não acreditam nessa hipótese, pois se isso de fato ocorresse ele fatalmente morreria. No entanto, o homem apareceu ileso apenas 2 horas depois da queda, o que levou a equipe de estudiosos a suspeitar de um caso de abdução, com lapso de memória.
Consultado em Salvador, no entanto, após várias radiografias das mãos e tórax, constatou-se que não tinha nenhuma fratura, sendo receitado apenas um medicamento que, em 48 horas, diminuiu o inchaço de suas mãos. A Prefeitura de Mucugê pagou sua viagem de ida e volta à capital baiana, o Grupo de Pesquisas Aeroespaciais Zênite (G-PAZ) foi responsável pela consulta médica, os raios-x e os remédios, o professor José Vicente conseguiu o hipnólogo e o ufólogo Emanuel Paranhos colocou seu carro à disposição para os deslocamentos. Por fim, a TV Bahia, através do repórter José Raimundo, pagou sua estadia e alimentação em Salvador.
No dia 6 de dezembro passado, tentamos fazer a primeira sessão de hipnose regressiva em Neno, seguida por outra no dia 7 e uma nova tentativa (a terceira) frente às câmeras de TV. O objetivo era extrair o máximo possível de sua memória, para se determinar ao certo se Neno fora ou não abduzido. Defronte às câmeras também foi tentado o uso da chamada “técnica da ponte”, quando um sensitivo trabalha junto ao hipnólogo para tentar “captar” o que o hipnotizado pensa. Mas essa técnica infelizmente não funcionou com Neno e o sensitivo não conseguiu “invadir” seu subconsciente, ficando no ar a dúvida sobre se ele tem uma mente excepcionalmente forte, capaz de bloquear o hipnólogo e os sensitivos ou se essa barreira foi imposta por forças alienígenas, como quase sempre ocorre com abduzidos por discos voadores.
Também não foi possível utilizar outras técnicas, tais como detector de mentiras ou drogas indutivas, devido às implicações legais que poderiam surgir. Assim, acertamos com o professor Carrero, hipnólogo, que brevemente faríamos uma tentativa hipnótica a revelia, sem Neno estar presente, utilizando os sensitivos para, com ajuda de fotografias e mapas da região, tentarmos numa projeção astral a “invasão” de sua mente [Editor: essa técnica hipnótica, embora pouco comum, tem sido empregada com algum sucesso em vários casos ao redor do mundo].
RELATÓRIO DA REGRESSÃO HIPNÓTICA DO SR. FRANCISCO SILVA COSTA (NENO), REALIZADA EM 6 DE DEZEMBRO DE 1994
HISTÓRICO — Estavam presentes os professores Carrero (hipnólogo) e José Vicente Cardoso (físico), o ufólogo Alberto Romero e o estudante Marconi, auxiliar do hipnólogo. Posteriormente, na segunda tentativa, participou a estudante Leandra, sensitiva e também auxiliar do hipnólogo. Os trabalhos iniciaram-se as 09h00.
A INDUÇÃO — O teste de indutibilidade apresentou resultados positivos em praticamente 100% das pessoas testadas. Algumas apresentam maior facilidade de serem induzidas e outras menos, mas os resultados foram altamente positivos. Porém, no caso de Neno não foi conseguida nenhuma resposta. O biotipo do mesmo, assim como sua personalidade de homem simples, faziam acreditar que haveria grandes possibilidades de resposta, embora a tensão do indivíduo ou alguma outra coisa que foge à constatação científica e aos métodos aplicados, impedissem, até mesmo com a colaboração de sensitiva, atingir o seu subconsciente.
O TRABALHO — Após a primeira tentativa de hipnose, o professor Carrero ponderou a grande tensão e nervosismo detectados em Neno e, após se desligar o gravador, passou a explicar ao mesmo como seria uma regressão. Para isso convocou um dos seus alunos, que já participara de outras experiências de regressão com pleno sucesso. O hipnólogo, após colocar o estudante em estado de letargia, chamou Neno para que visse com seus próprios olhos que a experiência nada tinha de assustador ou nociva a sua saúde. Neno ficou de cócoras, bem ao estilo interiorano, e ao invés de observar ficou totalmente alheio e dispersivo.
BLOQUEIO — As 11h30 recomeçamos o trabalho, desta vez acompanhados por Leandra, sensitiva que participara de muitas experiências de regressão e que, segundo o hipnólogo, teria condições de se projetar na mente de Neno para tentar “ler” seus pensamentos, narrando tudo o que pudesse perceber. Processada a indução, Leandra tentou inúmeras vezes sucesso, segurando a mão de Neno. Mas encontrou, segundo suas palavras (em estado hipnótico), “total impossibilidade de penetrar em seu subconsciente”. A sensitiva normalmente consegue descrever os estados anímicos de outros pacientes sem dificuldades. Desta vez, passou longos períodos muda, testa franzida, sem conseguir articular palavras, a não ser mexer muito lentamente a cabeça em sinal afirmativo ou negativo ante as perguntas formuladas.
TENTATIVAS — Alberto Romero sugeriu ao hipnólogo algumas perguntas que foram colocadas a ambos (hipnotizado e sensitiva), para aprofundar ainda mais o trabalho. Longos períodos de silêncio precederam estas palavras e a muito custo receberam como resposta lentos movimentos de cabeça por parte de Leandra. Francisco permanecia mudo. “Há alguma coisa ou alguém proibindo de falar…”, disse Leandra ao grupo. “Você também está com medo de falar ou estão lhe proibindo de fazê-lo?”, perguntou-lhe o hipnólogo. Entre outras respostas, a sensitiva disse que não podia entrar no subconsciente de Neno “porque ele não deixava e estava muito tenso”. Mais tarde, o hipnólogo tentou novamente colocá-lo em transe. Neno aparentemente estava colaborando (olhos fechados, respiração compassada), porém estava completamente acordado. Não sabemos se tentava enganar-nos ou apenas, por respeito, se mostrava como se estivesse desligado.
TENSÃO — Entretanto, Leandra continuava bloqueada. Em alguns momentos foi possível observar tremores no braço de Neno, que segurava a mão da sensitiva denotando nervosismo ou tensão. Posteriormente, sugerimos ao professor Carrero que desligasse a “ponte” entre Neno e a moça, para vermos se assim ela poderia se expressar livremente. Mesmo assim, continuou bloqueada. Em determinado momento, afirmou que Neno estava nervoso e que não queria deixar a verdade vir à tona, mas não conseguia captar o motivo. “O que consegue ver sobre o que Neno esconde? Qual é o medo de Neno ou qual é o motivo da sua apreensão?”, insistia o hipnólogo. “Ele não quer que eu
saiba”, respondia a sensitiva. “Porque têm medo de que a gente saiba a verdade”. Neno permaneceu de olhos fechados e mesmo após encerrar-se a reunião continuou assim, de tal forma que, quando o hipnólogo tornou a perguntar como tinha acontecido o fato, disse já de olhos abertos que ele queria mesmo é saber o que aconteceu e o que ele já sabe ele havia dito e “…voltaria a repelir aqui, nos Estados Unidos ou qualquer outro país desenvolvido”.
NOVO RELATO — Neno complementou sua observação relatando que, quando chegou à casa do Sr. Chico, a pessoa que o socorreu na ocasião, este não o reconheceu, embora tivesse falado com ele no início da manhã, quando ia escalar a serra de onde caiu. Isso ocorreu devido ao estado em que se encontrava, com roupas rasgadas e sujo de carvão, graças às queimadas de mato na serra, além de sangue pelas raladuras na testa.
CONSIDERAÇÕES — O professor Carrero afirmou que não adiantaria mais tentar hipnotizar Neno, já que o bloqueio apresentado era forte demais e o caso muito raro, como nunca tinha visto antes. Isso deixava duas possibilidades: (a) Neno tem mente privilegiada, forte demais, capaz de não apenas impedir qualquer tentativa de hipnose como de bloquear um sensitivo experiente que tentasse invadir seu subconsciente; ou (b) algo ou alguém teria induzido em sua mente esse tipo de bloqueio.
Deve-se destacar que existem inúmeros relatos na história da Ufologia de casos de abduzidos que apresentam fortes bloqueios e que, se algum deles é de alguma forma superado, mais adiante aparecem outros ainda mais fortes, que conseguem impedir um exame mais detido da mente do abduzido. Um detalhe sintomático que corrobora a suposição da abdução são as 2 horas desaparecidas da sua vida, fato também comum entre muitos abduzidos, além da sede excessiva sentida ao acordar e a grave sensibilidade à luz após o fato.