A missão Apollo 11 se tornou a mais famosa de todas porque, com ela, a humanidade colocou os pés pela primeira vez na Lua. Só que, para que o pouso na Lua tenha sido possível, aconteceram outras missões antes, que, primeiro, levaram astronautas à órbita do nosso satélite natural. E a primeira a conseguir esse feito histórico foi a Apollo 8, que completa 50 anos nesta sexta-feira (21).
Esta foi, na verdade, a segunda missão tripulada do programa Apollo, sendo que a Apollo 7 se concentrou em levar os astronautas à órbita da Terra a fim de testar os sistemas de suporte à vida da nave, bem como os controles e sistemas de propulsão, garantindo que tudo estivesse nos conformes para, aí sim, levar os astronautas à órbita da Lua na missão seguinte.
A Apollo 8 decolou em 21 de dezembro de 1968, retornando em segurança no dia 27 do mesmo mês. Então, sim, os astronautas Frank Borman, James Lovell e William Anders tiveram um Natal mais do que especial no espaço, vendo a Terra de longe e a Lua de pertinho.
(Uma seção do foguete Saturno V está preparada para o lançamento em 21 de dezembro de 1968 da missão Apollo 8 no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. Crédito: NASA )
A importância da Apollo 8
Os astronautas da missão foram os primeiros a circum-navegar o nosso satélite natural, enviando para nós fotos inéditas do solo lunar e também da Terra vista da Lua. O trio também representa os primeiros humanos a abandonarem a órbita terrestre, com a missão também sendo a primeira transmitida ao vivo pela televisão diretamente do espaço. Por isso, a Apollo 8 foi tão importante na história da exploração espacial — além de ter sido motivo de orgulho para a população dos Estados Unidos naquele ano.
É que o ano de 1968 foi marcado por assassinatos de peso (como no caso de Martin Luther King Jr. e Robert Kennedy), tumultos generalizados, protestos sociais e guerra (no auge da Guerra do Vietnã), então a boa notícia de que a NASA estava conseguindo levar humanos para a Lua com sucesso foi o respiro de esperança e união que o país tanto precisava em uma época difícil para seus cidadãos. Inclusive, os astronautas aproveitaram a transmissão ao vivo durante a noite de Natal para ler os dez primeiros versículos do Livro do Gênesis, do Antigo Testamento — o que, apesar de críticas por misturar ciência com religião, acabou sendo um momento bonito e emocionante para a população norte-americana, com a câmera transmitindo imagens da superfície da Lua e também da Terra vista de longe enquanto os astronautas faziam a leitura. Na época, a transmissão foi o programa de televisão mais assistido da história do país, por sinal.
Ainda hoje, a missão de 1968 é considerada um dos empreendimentos mais ousados, e talvez o mais perigoso da história da NASA, pois havia um risco real e sem precedentes de levar humanos ao espaço usando um então novo e gigantesco foguete pela primeira vez. Muita coisa podia dar errado, e o risco à vida era uma realidade. Mas os Estados Unidos não somente precisavam de algo a se orgulhar em meio à guerra, como também queriam derrubar a União Soviética na Corrida Espacial — já que os soviéticos estavam vencendo a “batalha”.
O sucesso da Apollo 8 foi um verdadeiro alívio, pois, nas palavras de Jim Bridenstine (atual administrador da NASA), “se houvesse uma falha, destruiria o Natal não apenas de todos nos Estados Unidos, mas de todos em todo o mundo”. Afinal, o mundo inteiro estava acompanhando as notícias sobre a missão, e a conquista, portanto, não seria apenas dos EUA, mas sim de todo o planeta Terra.
Até então, a humanidade nunca tinha tido a oportunidade de ver o outro lado da Lua, e também nunca havíamos visto imagens reais de como nosso planeta parece ser um oásis cósmico em meio à escuridão do espaço. E, meio século depois, apenas os 24 astronautas da NASA que voaram à Lua testemunharam essas maravilhas em primeira pessoa — coisa que deve mudar em breve, já que o governo dos EUA já deu sinal verde para novas missões da agência espacial rumo à Lua, retornando ao nosso satélite natural depois de tantas décadas com novas tecnologias e novos conhecimentos, para, quem sabe, desta vez firmar uma estadia fixa por lá.
O trio de astronautas ainda vive
(A partir da esquerda, o comandante Frank Borman, o piloto do módulo lunar William Anders, e o piloto do módulo de comando James Lovell. Crédito: NASA)
Frank Borman, James Lovell e William Anders ainda estão vivos. Borman e Lovell têm 90 anos de idade, e Anders tem 85. Borman conta que, depois de voltar à Terra, recebeu um telegrama apenas dizendo: “Obrigado, você salvou 1968”.
Borman conta que, enquanto estava atuando na missão, “minha principal preocupação era chegar lá antes dos russos e chegar em casa depois”. Ele queria chegar logo à Lua e voltar o mais rápido possível, e ele acreditava que uma única volta ao redor da Lua seria suficiente — no entanto, acabaram dando dez voltas.
E também foi Borman que encontrou “algo apropriado” para ser dito durante a transmissão ao vivo de Natal, escolhendo os versículos do Livro do Gênesis para tal. Ele conta que “todos tentamos por um bom tempo descobrir alguma coisa, e tudo se tornou banal ou tolo”. Então o astronauta lembrou que a esposa de um amigo teve a ideia de eles levarem o Gênesis para a missão, e então Anders começou a ler, em voz alta: “No começo, Deus criou o céu e a terra…”. Borman encerrou a transmissão dizendo que “a tripulação da Apollo 8 fecha com boa noite, boa sorte e um Feliz Natal, e Deus abençoe a todos vocês, todos vocês na boa Terra”.
(William Anders, James Lovell e Frank Borman nos dias de hoje. Crédito: NASA)
Na manhã de Natal, a nave deu a última volta ao redor da Lua e, na manhã do dia 27 de dezembro, a incrível jornada foi encerrada, com a revista Time classificando os três astronautas como os “Homens do Ano”.
Borman e Anders nunca mais voltaram ao espaço. Lovell, no entanto, comandou a quase trágica Apollo 13, que enfrentou um problema durante o voo, com os astronautas precisando se virar durante a viagem para conseguirem retornar à Terra sãos e salvos — o resultado foi a sobrevivência dos astronautas, mas o fracasso em um novo pouso na Lua. “Mas isso é outra história”, diz Lovell, obviamente querendo mudar de assunto, já que o assunto em questão era o sucesso da histórica missão Apollo 8, da qual fez parte, com orgulho.
Fonte: Phys.org , Fox News e Canaltech
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