Objeto conhecido como Antíope é composto por dois objetos diferentes. Estudo de astros do tipo é importante para proteger a Terra de colisões.Um dos objetos mais estranhos do Sistema Solar teve sua estrutura esmiuçada por um grupo internacional de astrônomos. Trata-de do Antíope, um asteróide duplo – ou seja, composto por dois pedregulhos separados girando em torno de um centro de gravidade comum.
O astro, chamado Antíope, foi descoberto em 1866, pelo astrônomo alemão Robert Luther, mas só no ano 2000 a resolução dos telescópios permitiu constatar que o objeto era na verdade dois. Não dá nem para dizer que é um asteróide com um satélite – como as duas pedras têm mais ou menos as mesmas dimensões, o mais correto é pensar no astro como um asteróide duplo. Sua órbita reside na mesma região em que se concentra a maioria dos objetos do tipo no Sistema Solar – o cinturão entre Marte e Júpiter -, mas a forma como o Antíope foi formado ainda é um mistério entre os cientistas.
“A forma como os asteróides duplos se formaram no cinturão ainda não está clara”, disse em nota Pascal Deschamps, astrônomo do Observatório de Paris e autor principal do artigo que descreve as novas descobertas sobre o objeto, no periódico científico “Icarus”. “O sistema Antíope nos fornece uma oportunidade singular se saber mais sobre essa classe de objetos. Por isso decidimos estudá-lo em detalhe”. A maior parte das observações foi realizada no VLT, telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile. Mas outras instalações participaram do esforço que contou com pesquisadores de quase todas as partes do mundo, inclusive do Brasil (representado por Marcelo Assafin, da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Graças aos esforços, os cientistas pela primeira vez conseguiram estimar o tamanho e o formato dos dois pedregulhos gigantes que formam o Antíope: ambos têm forma oval e cerca de 90 km de diâmetro (um deles mede 93 km x 87 km x 83,6 km, e o outro tem 89,4 km x 82,8 km x 79,6 km). Na prática, cada um dos objetos tem mais ou menos o tamanho de uma cidade bem grande. Os pesquisadores também puderam determinar a densidade desses objetos e viram que eles são apenas um pouco mais densos que a água. O grupo calcula que cerca de 30% deles seja composto por espaço vazio, o que dá a entender que ambos são apenas agregados de rochas menores reunidos pela força da gravidade, em vez de pedregulhos coesos.
Esses estudos de asteróides estão longe de ser mera curiosidade; caso tenhamos de desviar um asteróide que esteja em rota de colisão com a Terra, conhecer do que ele é feito e até que forma ele tem pode ser fundamental no estabelecimento de uma estratégia efetiva de desviá-lo.