Integrada por pilotos, meteorólogos, técnicos, médicos, psiquiatras e pessoal do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), a Comissão de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (CIFA) estudará os aparecimentos e a Argentina soma-se assim a uma tendência mundial, criando uma comissão especial para pesquisar o Fenômeno UFO [Em notícias anteriores, a tínhamos também como Comissão de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais ou Celestes (CEFAC)].
A suposição de uma cultura avançada que se esconde entre as nuvens motivou histórias de conspiração e espionagem que o cinema conseguiu capitalizar. A Força Aérea Argentina (FAA) sempre mostrou interesse pelos UFOs e, para investigá-los, agora criou o primeiro organismo oficial, que pretende igualmente desclassificar documentos sobre o tema e analisar com um enfoque científico a presença de objetos voadores não identificados. Organismos semelhantes já atuam em diversas nações sul-americanas.
O capitão Mariano Mohaupt, porta-voz de imprensa da FAA e encarregado de presidir esta comissão, reconheceu pela primeira vez que “a Força Aérea Argentina confirma o avistamento e estudo de fenômenos aeroespaciais que não puderam ser identificados”. Isto não quer dizer que se acredite na existência ou visita de civilizações extraplanetárias. Diariamente os astrônomos, por exemplo, captam objetos que não conseguem precisar.
Ainda que num momento inicial se assemelhem a um disco voador, primeiro é necessário descartar que não sejam balões meteorológicos, foguetes, lixo espacial, meteoritos, fenômenos astronômicos, fenômenos naturais ou artificiais terrestres, equívocos etc. Ninguém pode pesquisar objetos voadores sem conhecimento do tráfego aéreo ou de condições atmosféricas, porque “muitos dos fenômenos duram alguns segundos e depois se dissipam”, explicou Mohaupt.
A comissão, que começará a funcionar em dois meses, será interdisciplinar e seu propósito é determinar quando um incidente responde a causas meteorológicas, astronômicas ou físicas e quando não. A equipe estará integrada por pilotos, pessoal do Serviço Meteorológico Nacional, da Administração Nacional de Aviação Civil e outros profissionais em caso de acontecimentos geofísicos, com a intenção de outorgar um marco científico a essas anomalias.
“O método para indagar em qualquer fato significativo divide-se em três fases. A primeira será a recompilação dos dados de fontes primárias e secundárias. A contribuição dos cidadãos e instituições será crucial neste ponto. A fase intermediária contempla um estudo pormenorizado da cada caso particular e sua posterior documentação. Aqueles fenômenos que não tenham sido esclarecidos, passarão à terceira etapa de análise estatística e a de cruzamento de dados que envolve a cada especialidade”, resumiu Mohaupt.
Sobre os benefícios desta iniciativa oficial, Silvia Pérez Simondini [Consultora da Revista UFO e entrevistada da edição 165], diretora da Comissão de Estudo do Fenômeno OVNI da República Argentina (CEFORA), opinou que “é maravilhoso que se tenha criado a comissão, pois cada vez que precisarmos realizar uma análise teremos acesso aos laboratórios oficiais”. Da ótica da ciência e da religião ficam poucas dúvidas, ainda que faltem provas definitivas. O físico e cosmólogo britânico Stephen Hawking afirmou que os extraterrestres “quase seguramente existem“, ainda que tenha aconselhado que os humanos evitem o contato, enquanto o diretor da Specola Vaticana de Castelgandolfo (Observatório Astronômico do Vaticano), o jesuíta George Coyne e outras autoridades da Santa Sé concluíram que não descartam a vida em outros planetas.
Para o astrônomo Roberto O. Venero, “a maioria dos cientistas, hoje em dia, considera como alta a possibilidade da existência de vida em outros sistemas planetários. Esta idéia tem sido apontada com o achado de numerosos exoplanetas que se constituem em palcos potenciais para o desenvolvimento da vida”. No entanto, estas expectativas fundadas em fatos científicos, não teriam nenhuma vinculação com o Fenômeno UFO, segundo Venero. “Relacionar luzes ou objetos voadores que não podem ser identificados por algum motivo com naves extraterrestres que nos visitam, corresponde ao terreno da fantasia. Não é maduro explicar aquilo que não entendemos com uma idéia preconcebida só porque não o compreendemos”, disse ele.