Que cometas encontram seu destino final assim não é nenhuma surpresa – mas a chance de ver isto acontecendo em primeira mão surpreendeu até mesmo os observadores mais experientes. “Os cometas geralmente são tênues demais para serem observados no brilho da luz do Sol”, explica Dean Pesnell, da Agência Espacial Norte-Americana (NASA).
Mas a sonda Solar Dynamic Observatory (SDO), a mesma que descobriu o Efeito Borboleta atuando no Sol, conseguiu a proeza. O golpe de sorte ocorreu graças ao mergulho de um destes corpos celestes ultra brilhante, de um grupo conhecido como cometas Kreutz. Pode ser visto claramente movendo-se no lado direito do Sol, desaparecendo 20 minutos mais tarde, conforme se evapora com o calor escaldante.
O filme é mais do que uma mera curiosidade. Conforme detalhado em um artigo na revista Science, publicado hoje [Veja Destruction of Sun-Grazing Comet C/2011 N3 (SOHO) Within the Low Solar Corona], acompanhar a morte de um cometa fornece um novo modo de calcular o tamanho e a massa. Fazendo as contas, os astrônomos descobriram que o finado cometa tinha algo entre 45 e 90 m de comprimento, e uma massa similar à de um porta-aviões.
Nas imagens da sonda SDO, estava viajando a cerca de 650 km/s, e conseguiu chegar a 100 mil km da superfície do Sol antes de evaporar. Antes de sua “cremação”, nos últimos 20 minutos de sua existência, quando foi visível pela SDO, tinha cerca de 45 milhões de kg.
Ele então se dividiu em uma dúzia de pedaços grandes, com tamanhos entre 10 e 50 m, incorporados em um “envoltório” – a nuvem difusa em torno do cometa – de aproximadamente 1.400 km de diâmetro, seguido por uma cauda brilhante de cerca de 16 mil km de comprimento.