Em 2004, os ufólogos iniciaram uma campanha sem precedentes, tanto na Ufologia Brasileira como na mundial. Depois de décadas convivendo com evidências da presença de naves e sondas ufológicas sob controle de outras inteligências em nosso meio, e ao mesmo tempo vivendo o maior processo de acobertamento já deflagrado contra os interesses da humanidade, iniciado após a queda de uma nave extraterrestre nas proximidades da cidade de Roswell, em 1947, resolvemos agir. Tudo começou com uma conversa sem maiores pretensões entre este autor, o editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd, e alguns amigos, ocorrida na localidade de Conservatória, onde está a famosa Serra da Beleza (RJ), área rica em manifestações ufológicas, que investigo desde 1982.
Da insatisfação de todos os presentes com a perpetuação do sigilo governamental em relação ao Fenômeno UFO surgiram as primeiras idéias para se lançar a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que se solidificaria nos dias seguintes com a adesão dos membros da chamada Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), criada anos antes para a realização do I Fórum Mundial de Ufologia, realizado em 1997, em Brasília. Durante este evento, pela primeira vez, os ufólogos brasileiros haviam feito uma solicitação formal ao Governo para por fim ao acobertamento ufológico, através da publicação de um documento que ficou conhecido como Carta de Brasília, assinada por todos os conferencistas presentes – entre os quais, cerca de 35 internacionais.
A campanha, deflagrada pela Revista UFO e com a participação de boa parte da Comunidade Ufológica Brasileira, em poucos meses conseguiu milhares de adesões, como já foi amplamente divulgado. Através das páginas da publicação e do Portal UFO, como também em entrevistas e matérias na mídia em geral, os principais ufólogos à frente do movimento davam mais um o passo na busca de mostrar à sociedade o que estava acontecendo. De início, como já havíamos feito através da Carta de Brasília, lançamos o Manifesto da Ufologia Brasileira e solicitamos à Força Aérea Brasileira (FAB) a divulgação de documentos sigilosos relativos à Operação Prato, projeto secreto de investigação desenvolvido pelos militares do I Comando Aéreo Regional na Amazônia, em 1977, para investigar aquela que provavelmente foi a maior onda de aparições de discos voadores já verificada em nosso país. Se tal divulgação ocorresse, seria considerada como passo inicial no processo de abertura.
A campanha também pedia à Aeronáutica a liberação dos documentos relativos à chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, ocorrida em maio de 1986, quando nossos caças perseguiram por várias horas mais de 20 UFOs sobre a Região Sudeste. Posteriormente, foi também incorporada ao movimento UFOs: Liberdade de Informação Já uma solicitação referente à documentação do Caso Varginha. Estes três casos ufológicos, considerados os mais importantes da Ufologia Brasileira, eram os alicerces da campanha.
Encontro histórico e inédito
Com toda a pressão exercida pelos membros da CBU e dos ufólogos que se incorporaram à campanha posteriormente, a Revista UFO foi contatada pelos militares da FAB, mais especificamente pelo seu órgão de relações públicas, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer), e começou a ser preparado o histórico e inédito encontro entre os militares e os membros da Comissão. Depois de semanas de preparação, foi agendada a data definitiva: 20 de maio de 2005.
O dia do encontro amanheceu ensolarado na Capital Federal, e às 07h00 já estávamos preparados para aquele que seria o momento mais significativo da Ufologia Brasileira. Nosso primeiro destino foi o Hotel Meliá, onde teríamos uma rápida reunião durante o café da manhã com o major Antonio Lorenzo, do Cecomsaer. Lorenzo era o militar que havia representado a Aeronáutica desde o início dos contatos com Gevaerd. O local da reunião prévia não foi escolhido por acaso – nem qualquer uma das demais atividades que aconteceriam naquele dia. O comando da FAB tinha interesse não só em realizar o encontro com os ufólogos da CBU, mas também que tal acontecimento chegasse de maneira rápida e efetiva à população do país, e havia escolhido o jornalista Luiz Petry, do programa Fantástico, da Rede Globo, para esta missão.
Durante o café da manhã no Hotel Meliá, Lorenzo expôs as dificuldades vividas desde o início da preparação daquele encontro. Respondeu algumas perguntas sobre como as coisas ocorreriam e em seguida partimos para o prédio da Força Aérea Brasileira, dentro da estrutura do Ministério da Defesa. Depois de semanas de preparação, estávamos prestes a penetrar em uma das áreas mais sensíveis de todo o complexo militar brasileiro. Os ufólogos da CBU seriam os primeiros do país a lograr tal êxito.
Logo que chegamos ao Ministério da Defesa, fomos recepcionados por oficiais da FAB e rapidamente recebemos nossas credenciais pessoais, nossos crachás de identificação e fomos conduzidos até uma viatura militar, que seria utilizada para transportar os membros da CBU durante todo aquele dia. Em poucos minutos já estávamos chegando ao Centro Integrado de Defesa Aeroespacial e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), e mais uma vez fomos recebidos por militares, porém de patente superior, que nos conduziram até o auditório onde houve um pronunciamento do brigadeiro Antonio Guilherme Telles Ribeiro, chefe do Cecomsaer.
Com todas as portas abertas
Segundo Telles Ribeiro, o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro-do-ar Luiz Carlos da Silva Bueno, havia determinado que todas as portas fossem abertas para os membros da CBU, não havendo local ou área vedada ao nosso interesse. Logo em seguida à fala do militar, Gevaerd, em nome da Comissão e de expressiva parcela da Comunidade Ufológica Brasileira, entregou ao chefe militar nossas solicitações, que continham o Manifesto da Ufologia Brasileira devidamente assinado por cada um dos integrantes da CBU. Era através daquele documento que pedíamos o reconhecimento público do Fenômeno UFO, seu estudo e a abertura dos documentos sigilosos relativos ao assunto, além da constituição de uma parceria militar-civil na investigação de futuros casos ufológicos.
O brigadeiro assumiu publicamente o compromisso de entregar o Manifesto, apresentado na ocasião em três cópias, uma a cada destinatário: o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o então ministro da Defesa, José Alencar, e o comandante da Aeronáutica na época, o brigadeiro Silva Bueno. Tal procedimento, segundo ele, estaria finalizado dentro de poucos dias. Em seguida, tivemos a oportunidade de assistir a um film
e sobre a estrutura de defesa aeroespacial e o controle do tráfego aéreo que cobre nosso Território, na época composta por cerca de 100 radares e distribuída estrategicamente em pontos-chaves do país.
Na continuidade de nossa visita, fomos levados até a estação meteorológica do Cindacta e tivemos a oportunidade de observar o lançamento de um balão utilizado para a coleta de dados e informações meteorológicas. O passo seguinte foi nossa entrada no grande salão de controle do órgão, onde recebemos de um dos controladores militares explicações referentes ao sistema. O militar disse, inclusive, de que forma apareceria um UFO em sua tela de radar. Pudemos ver que cada vôo conhecido apresentava, além do sinal da aeronave, uma “etiqueta” com seus dados. São informações emitidas pelo transponder do avião, sua identificação eletrônica. Chegamos a observar em outro console alguns alvos não identificados, que prontamente foram apresentados como ecos gerados por anomalias magnéticas. Segundo o mesmo militar que operava o aparelho, estes fenômenos surgem e desaparecem normalmente em pouco tempo, mas a verdade é que sabemos que os próprios UFOs, algumas vezes, se apresentam desta maneira.
Paralelamente às explicações que estávamos recebendo no grande salão de controle do Cindacta, a equipe da Rede Globo documentava o momento histórico. Petry havia recebido autorização para gravar entrevistas no local, ouvindo diretamente os militares. O major Lorenzo, por exemplo, falou abertamente dos procedimentos que são seguidos quando há detecção dos UFOs, que, como explicou, algumas vezes podem levar ao acionamento de nossos mais modernos aviões para missões de identificação e interceptação. Tudo estava sendo gravado desde o início, não só pelas câmeras da emissora, como também pelos próprios militares, através do pessoal da área de jornalismo do Cecomsaer.
Mas aquela liberdade dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) estava para terminar por questões ligadas à Segurança Nacional. Com a finalização de nossa visita ao Cindacta, voltamos para a viatura militar, que já nos esperava, e nos dirigimos finalmente para o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Em poucos minutos a van já estacionava em frente ao prédio do órgão, e novamente outros militares nos recepcionaram. Em seguida, fomos levados até uma sala onde foram permitidas fotografias, mas não além daquele ponto. Houve então a solicitação de que deixássemos todas as câmeras, fotográficas ou não, naquele ressinto. Nem lápis e canetas pudemos portar a partir dali.
Fomos conduzidos a outro ambiente e nos sentamos em torno de uma grande mesa de reunião. Em pouco tempo adentrava àquela sala o brigadeiro Atheneu Azambuja, comandante do Comdabra, a quem caberia dar explicações referentes à atuação do órgão que controla as missões de interceptação e mesmo o abate de aeronaves não identificadas, aquelas que não respondam as solicitações de identificação ou questionem as determinações repassadas pelos pilotos envolvidos nessas missões.
Exame detalhado dos documentos
Logo em seguida, fomos convidados a nos dirigir a outra mesa, situada no lado oposto daquele ambiente, onde finalmente pudemos observar os documentos confidenciais que a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já requeria formalmente. Existiam lá três pastas sobre a mesa, sendo uma sobre a Operação Prato, que apresentava o relatório final redigido pelo coronel Uyrangê Hollanda, enviado para Brasília pelo brigadeiro Protázio Lopes de Oliveira, na época comandante do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), de Belém (PA). A segunda pasta continha os depoimentos dos pilotos da Força Aérea que haviam feito perseguição aos UFOs na noite de 19 de maio de 1986, a Noite Oficial dos UFOs. E a terceira trazia o depoimento do comandante Nagib Ayub, referente ao seu contato com um UFO durante um vôo entre Porto Alegre e a cidade de São Paulo, em 1957. Examinamos detalhadamente toda a documentação. Todos sentiam na pele a importância daquele momento.
Cada um de nós, membros da CBU, depois de décadas denunciando o processo de acobertamento ufológico e revelando que nossas autoridades têm e dissimulam conhecimento sobre o assunto, estávamos diante de um farto material referente aos UFOs no país. Aqueles documentos continham informações relevantes não somente sobre a realidade da presença alienígena na Terra, como mostravam que o assunto vinha sendo classificado como sigiloso nos quartéis de nossas Forças Armadas. Ao encerrarmos o exame dos documentos, deixamos as dependências do Comdabra e fomos conduzidos, na mesma viatura, novamente para as instalações da FAB no prédio do Ministério da Defesa, onde tivemos uma última reunião com os militares, um almoço que foi oferecido à CBU.
Na oportunidade, voltamos a tratar de nossas reivindicações com os oficiais presentes e com o brigadeiro Telles Ribeiro. O principal assunto acabou sendo, mais uma vez, nossa solicitação de liberação dos documentos sigilosos para a população e a criação do citado grupo civil-militar para estudar o assunto em alto nível. Logo em seguida terminava aquele encontro histórico para a Ufologia Brasileira. Mas a verdade é que, depois de tudo o que aconteceu em Brasília, para nossa surpresa, não recebemos posteriormente nem mesmo uma confirmação por parte das três autoridades, a quem destinamos o Manifesto da Ufologia Brasileira, se o receberam. Nem um único comentário que seja.
O documento entregue nas mãos do brigadeiro Telles Ribeiro, deixava claro, da mesma maneira que já declarávamos desde o início da campanha UFOs, Liberdade de Informação Já, que nosso alvo era a população do país, que tem o direito de saber da verdade sobre a presença dos UFOs. E mais do que isto, precisa ser responsavelmente preparada para conviver com esta realidade.
Passo final e definitivo
Assim, diante do silêncio de nossas autoridades e da estagnação do processo de abertura dos arquivos sigilosos iniciado com nossa visita a Brasília, chegou a hora de agirmos de outra maneira. Cada um dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), desde os primórdios de nosso envol
vimento com o assunto, temos um compromisso com a luta pelo estabelecimento da verdade sobre a presença alienígena na Terra. E chegou a hora de darmos o passo final e definitivo neste sentido: uma medida jurídica amparada na Lei e desenvolvida ao longo dos últimos meses. Não se trata mais de aceitarmos a possibilidade de vida fora da Terra como algo lógico, mas de proporcionar que a população do país saiba pelas próprias autoridades constituídas, com embasamento na farta documentação gerada por nossos militares, que estamos sendo visitados por representantes de avançadas civilizações – cuja tecnologia, vista por nossos olhos, chega a parecer magia.
A presente iniciativa, na forma de uma petição e nascida do interesse do mesmo grupo que esteve em Brasília, tem o respaldo, mais uma vez, de expressiva parcela da Comunidade Ufológica Brasileira. É a maneira dos ufólogos dizerem um não àqueles que continuam acreditando que podem escolher o que devemos ou não saber, o que estamos ou não preparados para tomar conhecimento, e porque não dizer, àqueles que, diante de um fenômeno de implicações transcendentais, capaz de modificar totalmente os destinos de nossa civilização, preferem se esconder e fechar os olhos, na esperança de que, no futuro, outros tenham mais coragem e assumam as responsabilidades de informar o que está acontecendo. Estamos tomando agora uma atitude que mais uma vez pode se tornar histórica, não só para nosso país, como em termos planetários.