A Ufologia está de luto. No dia 05 de março de 1996 recebemos a notícia do falecimento do renomado ufólogo e pesquisador, general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, que permaneceu preso à sua cama por quase cinco anos, em decorrência de um irreversível derrame cerebral e complicações. Ele iria completar 90 anos no dia 21 de abril de 1996. Sua esposa, dona Enita, companheira e protetora durante todo seu processo de sofrimento, havia falecido no dia 14 de março de 1995. Praticamente um ano antes.
Não há como falar de Ufologia, pensar em discos voadores ou analisar o Fenômeno UFO no Brasil sem pensar no “General”, como era carinhosamente conhecido. Ele tem sua história praticamente confundida com a história da Ufologia Brasileira, e vice-versa. Sentimo-nos felizes por termos contado, durante cerca de 30 anos, com sua presença, incentivo, reconhecimento e influência completamente marcantes onde quer que se tenha apresentado para promover a Ufologia. Um dos melhores pensadores que este país já conheceu, professor catedrático de Mecânica Racional na Academia Militar das Agulhas Negras, engenheiro civil e reitor universitário, o General sempre lutou ao nosso lado, incentivando ufólogos e defensores de uma causa tão polêmica e conturbada. Tê-lo ao nosso lado foi uma honra, um verdadeiro privilégio.
O General foi o homem que, com toda a sua bagagem militar, respeitada por três gerações de presidentes e por muitas altas patentes das Forças Armadas Brasileiras, promoveu o assunto UFO em todos os seus sentidos. Organizou diversas vigílias noturnas no sertão do país, desde a época da fundação de Brasília, onde, junto dele, militares, médicos, engenheiros, entre outros, testemunharam e registraram inúmeras observações de UFOs e ETs que, aliás, já faziam parte da sua rotina. Na década de 70, fundou o já extinto Centro Nacional de Estudos Ufológicos (CENEU), que promoveu em 1979 o Primeiro Congresso Internacional de Ufologia (CIUFO), colocando o Brasil no cenário mundial de eventos desse tipo.
O Brasil acaba de perder um de seus melhores homens, uma pessoa que, enquanto viva, irradiou intensa energia e proliferou conhecimentos que trouxeram luz à questão ufológica de maneira nunca antes (e até então) igualada por qualquer outro pesquisador. General Uchôa, professor universitário, autor, conferencista, pensador e, antes de tudo, um grande ufólogo
GENIALIDADE — É de grande valor sua genialidade, pois durante as décadas de 60 e 70, em plena ditadura, conseguia reunir os mais diversos tipos de pessoas – entre elas, várias autoridades – para verem UFOs! Os objetos se aproximavam dos grupos de vigilantes, deixando suas marcas no solo e suas cores em inúmeras fotos. O General foi além da própria Ufologia, na busca de respostas para perguntas sobre o universo. Em sua obra A Parapsicologia e os Discos Voadores, rompeu barreiras e acabou com a resistência que algumas pessoas mantinham em relação às suas experiências com UFOs.
Outro livro, Mergulho no Hiperespaço, transcendeu ainda mais a exploração dentro da questão ufológica pois, há mais de duas décadas, o general Uchôa já tinha respostas claras para questões complexas que, até hoje, fogem ao controle de vários ufólogos. Suas obras são procuradas com entusiasmo pelos novos ufólogos e bem guardadas pelos veteranos. Seu último livro, Uma Busca da Verdade, é autobiográfico e foi escrito durante seu processo traumático de derrame cerebral. Ele não pôde lançá-lo, por já se encontrar enfermo quando o recebeu da editora. Mas o livro pode ser encontrado em algumas livrarias do Brasil, ou conseguido junto à sua família.
É dele a frase que elucidou a Ufologia e as nossas relações com os alienígenas: “Encontramo-nos num namoro cósmico com os tripulantes dos discos voadores”. Quanto mais procuramos saber sobre ETs, com certeza, eles também procuram saber sobre nós. Surgindo um estrito relacionamento entre nós, quase como um “namoro”. Haveria definição melhor? Embora não possamos mais ter o General ao nosso lado, pelo menos nos sentimos orgulhosos e privilegiados por seus sábios ensinamentos. Felizes os ufólogos veteranos que tiveram a oportunidade de conviver com o general Uchôa, ler seus livros e assistir às suas concorridíssimas palestras. Felizes também serão os ufólogos novatos que têm, com seu legado, certezas para o futuro.
Sentimo-nos gratos, general Uchôa, pois sem sua experiência não teríamos estudado a Ufologia e as revelações sobre os segredos dos ETs. Em nome de toda a Equipe UFO, do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), de todos os ufólogos e demais grupos brasileiros, prestamos essa singela homenagem ao senhor. Onde quer que se encontre. Muito obrigado!
Encontramo-nos num namoro cósmico com os tripulantes dos discos voadores
UM AMIGO DA UFOLOGIA
Irene Granchi, presidente do conselho editorial
Para quem o conheceu, era uma figura inesquecível. Para as gerações mais novas da Ufologia, uma figura lendária. Indubitavelmente, o General deixou um marco histórico nos meios ufológicos do país devido à sua marcante personalidade. Sua grande atividade abrangia desde suas palestras – sempre concorridíssimas em todas as capitais do país –, a companhia de sua esposa Enita, seus vários livros e seu rol de organizador de grandes congressos em Brasília, no centro de convenções.
Pessoalmente, ele me honrava com sua amizade e sempre que vinha ao Rio de Janeiro me visitava. Sua personalidade, alegre e efusiva, cativava a todos. Sua vasta cultura, inclusive esotérica, não o levava a desprezar a Ufologia como às vezes acontecia com outros (os chamados ufólogos científicos) que não toleravam o enfoque místico do general, causando, com isto, certa intranqüilidade nos meios ufológicos. Mas, com o passar do tempo, vários desses “científicos” passaram a perceber o outro lado da questão, modificando suas filosofias.
Certa vez, em uma de suas visitas ao Rio, aqui em casa, ele conheceu a abduzida mineira Bianca. No começo, o General manteve uma atitude cautelosa e desconfiada – mas isso até o momento em que Bianca, respondendo a pergunta de como recebia as comunicações de Karran, disse: “Como se fosse pelo telefone me falando”. E o General ficou satisfeito com a veracidade do caso.
O mesmo aconteceu com o caso de Antonio Alves Ferreira, quando a desconfiança do general Uchôa foi grande, inicialmente. Houve em Salvador
um ótimo congresso organizado por Paulo Fernandes. Antonio se apresentou no palco e fez uma demonstração de paranormalidade que muito cativou o general. Em outra ocasião, ele pediu um caderno que estava em minhas mãos e traçou as palavras do poema A Luz das Estrelas, que agora aparece em seu livro de poesias Oásis de Luz. Vão assim surgindo as memórias, como flashes de uma época memorável dentro da Ufologia no Brasil. Vamos, então, honrar o nome do nosso querido general Uchôa – sua presença estará sempre entre nós.
GENERAL UNIA CIENTÍFICOS E ESPIRITUALISTAS
Ana Santos, presidente do CEEAS
O Centro de Estudos Exobiológicos Ashtar Sheran (CEEAS), sediado em Salvador (BA), fundado por Paulo Antonio Landulfo Fernandes, não poderia deixar de prestar também sua homenagem ao General Alfredo Moacyr Uchôa que, antes de deixar este espaço-tempo, nos presenteou várias vezes com sua presença física nesta cidade, não medindo esforços para divulgar a existência dos amigos de outras estrelas.
O legado deixado por ele nos mostra de forma patente que toda sua pesquisa se desenvolveu dentro de um prisma científico-espiritualista, sem alterar ou ferir sua integridade na difusão deste novo conhecimento. Postura como esta nos alegra e nos enche de esperança, porque com a formação científica de que era possuidor, entendia plenamente a conexão entre as duas linhas de pesquisa. Por isso, nós o consideramos o grande precursor do movimento de união dos ufólogos.
Sabemos que quando uma tarefa é interrompida no mundo físico, ela continua em outros planos. Torna-se necessário, diante deste exemplo, mudar nosso pensamento e contribuir de forma mais prática para que o projeto de união se cumpra. Lembramos também as belas e comedidas palavras do nosso General Uchôa, em 1971, no 11° Simpósio Nacional Sobre Civilizações Extraterrestres, em São Paulo, onde ele usou a seguinte expressão: “Encontramo-nos num namoro cósmico com os tripulantes extraterrestres”. Parabéns General Uchôa, porque com sua compreensão, nasceu uma nova era. A era do amor cósmico universal.
UM MARCO DA UFOLOGIA CIENTÍFICA E MÍSTICA
Roberto Affonso Beck, presidente da EBE-ET
Hoje, enquanto muitos ufólogos conhecidos se digladiam com discussões estéreis em torno de pontos de vista científicos e místicos, o nosso general Uchôa sempre soube com maestria reunir as duas coisas, obtendo assim, excelentes resultados em sua incessante busca da verdade sobre o fenômeno UFO. Dos seus quase 90 anos de existência em seu último corpo físico (iria completá-los em 21 de abril deste ano), tive a honra de conviver com ele quase 30, pois nossa amizade teve início em setembro de 1968 com as pesquisas de campo na fazenda Vale do Rio de Ouro, propriedade do contatado Wilson Gusmão.
Iniciamos assim nossa cósmica amizade, durante a qual passamos por situações extravagantes, atolando nossos veículos em estradas lamacentas, sob fortes temporais, pisando em cobras e, vez por outra, sentindo o calor característico de felinos pelas proximidades. O General não se contentava em dar palestras somente: era um autêntico pesquisador de campo. O sacrifício de tais viagens, duas a três vezes por semana até a fazenda de Wilson, era compensado pela presença exuberante de sondas provenientes de uma nave extraterrestre que operava naquela região. A nave era comandada por um certo senhor Aramak (ser espacial que assim se identificou para Wilson).
As esferas luminosas aumentavam e diminuíam de tamanho e constantemente mudavam de cor em pleno espaço, por vezes rodeando-nos como a nos espreitar. Passando por cima de nossas cabeças, ofertava-nos com deliciosos banhos de luzes. Os acontecimentos eram tão intensos que mesmo os mais céticos não tinham como questionar ou colocar dúvidas quanto à autenticidade e origem extraterrestre do que ali ocorria.
Nessas ocasiões, o General era um dos mais empolgados e, sempre antes de iniciarmos a vigília, não deixava de orar aos seus mestres da Fraternidade Branca Universal, pedindo proteção para o grupo e entrando numa perfeita sintonia espiritual – assim, o surgimento daquelas sondas pareciam mais intensos.
O General era um homem de cultura avançada. Ser de altíssima postura de caráter, jamais tecia comentários desairosos a respeito do mais reconhecido marginal que lhe cruzasse os passos. Para ele, todo mundo era bom. Dos seus últimos cinco anos, dois foram em uma cadeira de rodas, em conseqüência de problemas de coluna (mesmo neste estado, ainda dava algumas palestras quando convidado) e, os outros três anos, esteve praticamente inconsciente sobre uma cama, assistido sempre por sua esposa, Dona Enita, seus filhos, enfermeiras e parentes próximos.
O general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa foi, finalmente, receber a comenda maior, oferecida àqueles que pelejaram com honra, justiça e amor pelos mestres que sempre estiveram e estão ao lado dos justos. Não há dúvidas de que, se ele assim o desejar, para este plano não voltará mais. Perdemos um amigo, um irmão, um pai e um mestre neste plano tridimensionado massacrante, mas ganhamos um fortíssimo aliado no plano superior de existência. Um exemplo a ser seguido por todos nós, metidos a entendedores das coisas extraplanetárias.