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Falece o escritor paraense que retratou a alma e os mistérios da Amazônia

Walcir Monteiro foi o maior folclorista de Belém, onde publicava sua série "Visagens e Assombrações de Belém", contando casos do folclore local, que muitas vezes tinham em sua origem avistamentos de UFOs e de seres. Foi um grande apoiador da Revista UFO, consultor da publicação e um amigo da Ufologia.

Tainá M. Costa

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Walcyr Monteiro
Créditos: Arquivo pessoal

Walcyr Monteiro foi o maior folclorista de Belém, onde publicava sua série “Visagens e Assombrações de Belém”, contando casos do folclore local, que muitas vezes tinham em sua origem avistamentos de UFOs e de seres. Foi um grande apoiador da Revista UFO, consultor da publicação e um amigo da Ufologia que nunca nos faltou em momentos difíceis.

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O escritor, jornalista, sociólogo e ufólogo, de 79 anos, faleceu nesta madrugada na cidade que ele tanto amava e na qual ficou conhecido, dentre outras obras, pelo clássico “Visagens e Assombrações de Belém”. O velório será realizado a partir das 9h na capela do Memorial Max Domini, em Belém, no Pará.

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No começo deste mês, Walcyr foi internado em um hospital para cuidar de uma pneumonia, mas a doença fragilizou outros órgãos, como explicam seus familiares no comunicado do falecimento, na página do escritor no Facebook. 

Bom de papo e na arte de conquistar amigos, Walcyr, que no serviço público chegou a presidir o Instituto de Terras do Pará (Iterpa), enriqueceu a literatura amazônica com um estilo próprio de contar nossas lendas e causos. 

    

 

Em uma de suas últimas entrevistas, ano passado, ao jornal “Diário do Pará”, Walcyr Monteiro – integrante da Academia Paraense de Jornalismo (APJ) e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), dentre outras entidades – falou de seu “grande amor pela Amazônia, pelo Pará e por Belém”. “Antigamente, as pessoas colocavam as cadeiras defronte das portas das casa e contavam lendas, mitos e histórias de visagens, assombrações e encantamentos, tanto de Belém, como de toda Amazônia”, relembra.

Àquela altura, dizia o escritor, Belém não tinha edifícios, e, à noite, só as programações de cinemas, ou seja, não havia a vida noturna que há hoje. “Então contar e ouvir histórias era uma grande diversão. E isto aconteceu até chegar a televisão em Belém, quando foi uma febre só: quem tinha dinheiro, comprou televisão, quem não tinha, virou televizinho, ou seja, ia ver televisão na casa do vizinho”, disse o escritor.

 

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E as cadeiras saíram defronte das casas para defronte da televisão, que “roubou” a atenção de todos para as telenovelas. E com isso deixou-se de contar as histórias. Pensando que ia desaparecer esse traço cultural tão fascinante da Região (e muitas histórias, por falta de registro, realmente desapareceram), comecei a publicar aos domingos, no jornal “A Província do Pará”, as visagens e assombrações de Belém, que foi o passo inicial para os livros que se seguiram depois”.

 

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Perguntado se as histórias que havia resgatado do imaginário popular poderiam cair no esquecimento, ou mesmo desaparecer, ele foi incisivo: “acho que pode sofrer modificações, como acontece com todo o saber humano, mas desaparecer, cair no esquecimento mesmo, jamais”.

 

Assista um pouco desse grande folclorista da Amazônia:

 

Manifestamos nossos pêsames aos familiares do grande Walcyr, que para nós continua sendo uma das caras do Pará, com suas histórias que emolduram o imaginário fantástico dos amazônidas. 

Ele agora supera as quatro dimensões e ingressa no multiverso, onde a imaginação para absorver e relatar histórias não se mede por escalas humanas.

Texto por Carlos Mendes, em Ver-o-Fato.

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COSMOPOEMA

“Tenho o corpo cansado

de carregar o Universo- complexo de sistemas planetários – 

dentro de mim.

Milhões de povos nascem e morrem.

Corpos e anti-corpos lutam em meu organismo.

Não os vejo, não os escuto,

mas sinto-os

em sua evolução.

Desenrolam-se em mim

micro-histórias

de micro-civilizações

e não posso estudá-las,

Sou pacifista

e não posso impedir suas guerras.

Quando meu corpo tombar,

aperentemente estático,

e voltar ao macro-cosmos,

ainda assim eles continuarão

em sua evolução”.

COSMOPOEMAS, de Walcyr Monteiro, 1964.

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