Se um planeta com dois sóis já impressiona, imagine então um com três sóis. Foi justamente isso que uma equipe internacional, coordenada por Guillem Anglada-Escudé, da Universidade de Gottingen, na Alemanha, acaba de descobrir. Mas o melhor está por vir: segundo eles, o planeta está na zona habitável, ou seja, a uma distância adequada de seus três sóis para manter água líquida em sua superfície.
Logo depois de revelar que há mais orbes que estrelas na Via Láctea, e que mesmo os com dois sóis são comuns, agora os astrônomos demonstram que planetas habitáveis podem na verdade se formar em uma variedade de ambientes muito maior do que se imaginava.
O exoplaneta, chamado GJ 667Cc, orbita uma pequena estrela muito diferente do Sol, uma anã branca, situada a 22 anos-luz da Terra. Essa estrela, por sua vez, orbita um binário formado por duas estrelas, estas sim, mais parecidas com nosso Sol. Mas deve haver noite no planeta, porque a anã branca e seu sistema planetário – há pelo menos dois outros planetas no sistema – orbitam o binário à mesma distância que há entre o Sol e Plutão.
Já foram localizados mais de 100 exoplanetas na zona habitável, mas a maioria é de gigantes gasosos, como Júpiter, e não rochosos como a Terra. O recém-descoberto GJ 667Cc parece ser do tipo certo, residindo bem no meio da zona habitável de sua estrela.
Contudo, a técnica usada para detectar o GJ 667Cc não é precisa o suficiente para permitir o cálculo exato de sua massa. Segundo os pesquisadores, sua massa mínima equivale a 4,5 vezes a massa da Terra, mas esse número pode chegar a nove. Para determinar com segurança a composição de um planeta – se ele é rochoso – é necessário saber sua densidade, que por sua vez é calculada a partir da sua massa e do seu diâmetro.
Assinaturas de vida
Contando com seus três sóis, ele recebe 90% da luz que a Terra recebe. Entretanto, como a maior parte dessa luz está na faixa infravermelha do espectro, um percentual maior dela deve ser absorvida pelo planeta. Juntando os dois efeitos, dizem os cientistas, o GJ 667Cc absorve mais ou menos a mesma energia de suas estrelas que a Terra absorve do Sol, o que permite temperaturas superficiais similares às da Terra e, por consequência, água em estado líquido. Mas serão necessárias novas observações, e eventualmente o desenvolvimento de técnicas mais aprimoradas de observação, para confirmar todos esses dados.
Anglada-Escudé está entusiasmado, e fala em muito mais do que confirmar suas descobertas. “Com o advento de uma nova geração de instrumentos, os pesquisadores serão capazes de pesquisar muitas anãs brancas classe M em busca de planetas similares e eventualmente buscar assinaturas espectroscópicas de vida em um desses mundos”, vislumbra ele.