Testemunha Rubão Ladeira, com 18 anos na época, relata como foi a intervenção militar agressiva perante a população. Ele conta como foi toda a movimentação dos soldados, isolando a rua e apontando fuzis quando ele e seus amigos se aproximaram.
Rubão Ladeira tinha 18 anos na época em que o incidente aconteceu. Ele costumava jogar futsal com os amigos todos os sábados das 14h00 às 15h00, no Ginásio do Marcão. “Naquele dia já havia o comentário circulando por aquela região da ação do Exército pela manhã e diziam que tinha tido disparos de arma de fogo”, contou. Ele relata outro fato curioso: o Mudinho, muito usado como explicação para o ser avistado no terreno baldio, estava sempre no ginásio. “O Mudinho estava na porta do ginásio. Ele ficava sempre lá nos sábados e em outros dias da semana porque as pessoas davam cigarro para ele.”
Eles costumavam esperar a turma para o jogo na esquina da casa de Ladeira. Um amigo chegou e disse: “Nossa, estão falando que o Exército esteve ali e deram disparos e saíram carregando dois sacos. Mas não era gente, não, pois os sacos eram pequenos.” Ele lembra que “(…) o assunto era só esse: o que que o Exército veio fazer aqui?” Ladeira conta que, após o jogo, costumavam ficar conversando e tomando refrigerante do lado de fora do ginásio, com o Mudinho junto. “Na hora em que o Exército passou subindo, falamos: ‘É o Exército, vamos atrás!’.”
Ele continua, mencionando que foram dois caminhões que passaram subindo. Ao invés de fazer a curva na estrada, eles seguiram reto para dobrar mais acima, dando a impressão de que já tinham uma rota definida. “Quando a gente chegou lá, os caminhões já estavam posicionados e os soldados já tinham saído e estavam em posição e não se podia passar mais”, continua. Ele lembra que tinha bastante gente na rua vendo aquela movimentação. O caminhão estava embicado, com pelo menos cinco soldados fazendo um cordão de isolamento. Mais para cima, o outro caminhão bloqueava a rua, com os soldados em posição de guarda, armados com fuzis.
Assista acima a entrevista com a testemunha Rubão Ladeira.
Fonte: Marco Leal
“Quando chegamos, já fomos querendo passar. Estávamos no meio da rua e os caras já fecharam em dois.” Ladeira conta que a única coisa que eles fizeram foi a negativa com a cabeça. “Aí começou a argumentação: ‘preciso ir ali, trabalho no Zé Cavalo, preciso pegar minha carteira que eu esqueci. Temos o direito de ir e vir! É um país livre! A época da ditadura já passou! Vocês não podem bloquear mais, não!” Quando os rapazes tentaram forçar a passagem, os soldados levantaram os fuzis.
Logo após, um Fiat Panorama veio devagar subindo a rua, o caminhão de cima manobrou, os cinco soldados subiram e escoltaram o carro, que ficou entre os dois caminhões. “Aí foi embora [os caminhões], e a gente ainda ficou especulando, (…) um olhando para a cara do outro sem saber o que estava acontecendo.” Ladeira diz que, naquele momento, ele ainda não sabia que se tratava da captura de seres alienígenas. “O E.T. veio mesmo à tona só com a reportagem do Fantástico. Até então, na cidade mesmo como um todo, era uma ‘criatura’.”
“E a gente ficava especulando qual a criatura que era. Se era o Curupira, Boi-Tatá, Lobisomem…”, lembra. Mesmo depois de todos esses anos, desde o avistamento das criaturas até toda a movimentação militar e a morte do soldado Marco Eli Chereze, o Caso Varginha ainda é envolto em muitos mistérios. Aos poucos, novas testemunhas e mais detalhes vão aparecendo. Quem sabe, um dia saibamos tudo o que aconteceu.