Com 3.100 km de diâmetro a lua Europa de Júpiter é um pouco menor que a nossa e desde as visitas das naves Voyager 1 e 2 suspeitava-se da existência de um vasto oceano de água líquida abaixo de sua superfície coberta de gelo. Mais evidências dessa possibilidade foram descobertas pela missão Galileo, a primeira a orbitar o planeta, lançada pelo ônibus espacial Atlantis em 18 de outubro de 1989, que orbitou o planeta de 7 de dezembro de 1995 a 21 de setembro de 2003. Há muitos anos fala-se a respeito do envio de uma nave de pouso, a fim de realizar prospecções na superfície da lua e tentar descobrir se o oceano subterrâneo pode abrigar alguma forma de vida.
A história ganhou contornos ainda mais impressionantes quando, em 2012, o telescópio espacial Hubble descobriu sinais do que poderiam ser plumas de água ou gêiseres ejetando material próximo ao polo sul de Europa. Depois, em 2014 e 2016, o telescópio localizou uma área de cerca de 320 km no equador de Europa que possui alguma atividade que a torna mais quente que o ambiente ao redor e mais sinais de que ali poderiam também existir plumas. O “ponto quente”, aliás, havia primeiro sido identificado pela Galileo, que ao longo de sua missão realizou 11 passagens por Europa. É importante lembrar que a Cassini, que orbitou Saturno de 2004 até 15 de setembro de 2017, descobriu mais de 100 gêiseres individuais no polo sul da lua Enceladus, que assim se tornou outra candidata a abrigar vida alienígena em nosso Sistema Solar.
A Cassini voou através das plumas em vários sobrevoos, mas como os gêiseres não foram observados antes ela não estava equipada para detectar possíveis formas de vida. Os gêiseres de Enceladus foram desvendados em 2005, então houve grande excitação quando a possível descoberta do Hubble foi anunciada. Europa está dentro do cinturão de radiações de Júpiter e uma nave de pouso teria que ser preparada para lidar com essa situação hostil. A possibilidade de sobrevoo, por outro lado, minimiza a exposição e facilitaria imensamente a coleta de amostras, caso confirmada. E mais uma indicação da provável existência das plumas em Europa foi descoberta, desta vez vasculhando informações obtidas em um dos sobrevoos de Europa pela Galileo, em 1997.
BUSCANDO VIDA ALIENÍGENA EM EUROPA
Naquela ocasião, a nave chegou a 206 km da superfície de Europa e uma equipe liderada por Xiangazhe Jia, professor do Departamento de Climatologia e Ciências Espaciais da Universidade de Michigan, descobriu que nessa ocasião a Galileo detectou mudanças no campo magnético da lua, e um aumento na densidade de plasma. Essas são indicações fortes da existência de uma pluma de material ejetado. Ainda mais interessante, a nave fez a descoberta na mesma região onde o Hubble encontrou as erupções candidatas em 2014 e 2016, observando que emissões ultravioletas de Júpiter haviam sido bloqueadas por algo. A demora na descoberta se deve ao fato de ninguém haver desconfiado em 1997 da existência das plumas e a necessidade de modelos computacionais não disponíveis nessa época. Há tempos se acredita que o oceano de Europa deve estar em contato com o núcleo rochoso e ativo da lua, abrindo possibilidade de intensas e complexas reações químicas e possivelmente a existência de vida. A NASA está trabalhando na Europa Clipper, missão de 2 bilhões de dólares para orbitar Júpiter e realizar mais de 40 sobrevoos em Europa, a ser lançada na metade da próxima década. É certo que a existência das plumas, se confirmada, será um tremendo impulso para essa missão.
Leia o artigo sobre a provável existência das plumas em Europa
Site da NASA sobre a missão Galileo
Documentário sobre a missão Galileo
Encontradas plumas de água ejetadas da superfície de Europa
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