A mídia exerce um papel fundamental para a Ufologia, influenciando diretamente em diferentes episódios de nossa História. Tendo em vista que o público pode optar sobre qual o assunto que mais lhe convém, esta garante total apoio e adesão ou gera oposição de toda uma população. Dessa maneira, muitos casos ufológicos, antes mantidos em segredo, vêm adquirindo espaço e despeitando o interesse e a curiosidade dos espectadores. Assim foi com o Caso Varginha que, ao ser apresentado ao público, gerou uma polêmica muito grande. A demasiada preocupação, demonstrada por integrantes do Corpo de Bombeiros, Exército, Polícia Militar, universidades etc ao se darem conta de que suas atividades secretas poderiam ser desvendadas a qualquer instante, era pública e ululante. A mídia é ainda a maior arma de que dispomos para pressionar pessoas, entidades e instituições a darem informações que, por motivos muitas vezes obscuros, permanecem ocultas da população, a qual tem o direito de saber tudo sobre o que acontece à sua volta.
Se não fosse a atuação séria e indispensável de alguns veículos de massa, toda a investigação a respeito do Caso Varginha estaria perdida. Indubitavelmente, as matérias veiculadas no Fantástico, produzido por Luiz Petry, e no Comando da Madrugada, liderado por Goulart de Andrade, trouxeram um saldo positivo e importante para a Ufologia, pois aumentaram a credibilidade na existência das criaturas vistas em Varginha e instigaram o interesse popular em relação às pesquisas ufológicas. Porém, o surgimento de piadas, gozações e boatos foi inevitável, pois “…se eles fazem piada até com o presidente da República, por que não poderiam fazer com o caso?”, já declarava Vitório Pacaccini um ano atrás à Equipe UFO Especial, quando indagado sobre as constantes chacotas em programas humorísticos e charges de jornais e revistas. E não tardou para que o programa Casseta & Planeta, da Globo, abordasse o assunto, indo até à praça central de Varginha, onde conseguiu reunir o então prefeito do município, Aloysio Ribeiro de Almeida, e milhares de pessoas, travestindo o humorista Reinaldo com um arquétipo surrealista do ET de Varginha.
A primeira revista brasileira a divulgar o caso foi a Manchete, em fevereiro de 1996. Entretanto, o grande furo da Imprensa especializada foi publicado na importante e conceituada revista IstoÉ, que dedicou sua capa, em 22 de maio de 1996, à figura “assustadora” do ET de Varginha, além da UFO produzir uma edição especial exclusiva sobre o feito, colhendo os dados no local [Revista UFO Especial 13], e diversas matérias em outras edições.
No mês de agosto passado, a revista Planeta também apresentou uma excelente matéria, de Claudeir Covo, relatando as ocorrências em Minas e suas conseqüências. Isso sem contar com as incontáveis matérias em jornais espalhados petos quatro cantos do país. E não parou por aí. O Caso Varginha alçou vôos muito mais distantes: seu sucesso cruzou nossas fronteiras territoriais, sendo divulgado através de inúmeras publicações internacionais. Das quais destacamos a revista argentina Conozca Mas, número 92, a italiana Alieni Dossier, de agosto de 1996, e a inglesa UFO Magazine, de outubro, além da MUFON UFO Journal, também de agosto passado.
O fato não passou despercebido nem mesmo na maior e mais nova fonte de comunicação de que dispomos, hoje, no mundo: a Internet, onde incontáveis informações e e-mails foram trocados entre os usuários desde que os avistamentos e manifestações no Sul de Minas e, logo depois, na região próxima a Campinas (SP) foram registrados. Infelizmente, em pelo menos 80 % desses sites, os ufonautas noticiaram dados falsos sobre as investigações, prejudicando o andamento das pesquisas.
A quantidade de informações fantasiosas e distorcidas beira o absurdo. Para se ter uma idéia, algumas mensagens afirmavam que um pesquisador havia sofrido um atentado à bala, destruindo toda sua residência. Outras diziam que o editor de UFO, quando em visita aos Estados Unidos para participar de congressos ufológicos, teria sido seqüestrado na metade do percurso. E também que outro investigador, ao retornar à sua cidade de carro, teria sido atingido por uma bomba. Quanta imaginação! Isso sem contar as contra-informações, dando detalhes do caso, afirmando serem de fontes fidedignas, que só serviram para atrapalhar, ou melhor, tentar atrapalhar o intercurso das investigações. Uma empreitada sem sucesso, pois os ufólogos mantiveram tanta sensatez e seriedade que conseguiram discernir o certo do errado, a verdade da mentira, através de análises e checagem de informações.
Se a mídia não tivesse apoiado os ufólogos – mesmo com Ubirajara Rodrigues residindo em Varginha o caso se tornaria apenas mais um, entre tantos que ocorrem mundo afora e não tomamos conhecimento, calando os pesquisadores e sendo esquecidos por toda a população. Devemos grande parte da repercussão do Caso Varginha à Imprensa, muitas vezes nossa aliada, outras nossa maior inimiga. Por sorte, desta vez, merecedora de crédito e até elogios pela forma como contribuiu para a desmitificação da imagem do Fenômeno UFO, geralmente encarado como um bicho de sete cabeças.