Desde os 13 anos de idade, o engenheiro agrônomo Raimundo Picanço dos Santos Filho já percorria a pé os muitos quilômetros da BR 174 — rodovia que liga Manaus ao Caribe — para chegar até o quilômetro 19, ao norte da cidade, onde se localizava a fazenda que fornecia fertilizante de solo para adubar as terras do sítio de seu pai, também à beira daquela rodovia. Picanço se identificava tanto com o lugar que inúmeras vezes chegou a sonhar e a traçar planos para a aquisição da referida propriedade. Não sabia ele, contudo, que a área era de intensa atividade ufológica. Conta o próprio fazendeiro que, logo que se tornou dono do Sítio Picanço, descobriu que o fenômeno não era novo ali, mas já ocorria há décadas. “Inclusive, os moradores vizinhos relatam que, durante uma festa de final de ano, quando todos já se retiravam, alguém olhou para trás e viu algo com o formato de um grande morcego, que permaneceu voando baixo sobre a casa”, relatou.
Em outra ocasião, um objeto de grandes proporções e com a forma de duas bacias sobrepostas emergiu de um lago próximo, ganhou altitude e velocidade vertiginosas sem fazer qualquer barulho. Sete meses após a aquisição da propriedade por Picanço, o fenômeno se manifestou novamente e muitos de seus funcionários viram o fato — menos ele, que estava viajando. Mas oportunidades não lhe faltariam. Certo dia, ao chegar à propriedade, um dos empregados, que por coincidência também se chamava Raimundo, contou-lhe que Pedro Gomes, outro capataz, havia sido encontrado às 22h30 na porteira da sede passando muito mal, trêmulo, com asfixia e proferindo palavras desconexas. Passados alguns dias, Gomes explicou que naquela noite avistara um forte clarão baixando sobre um dos barracões, a aproximadamente 50 m da varanda.
Do ponto onde ele estava, Gomes pôde notar um UFO ovalado com mais de 45 m de comprimento e luzes que variavam entre as cores amarela e vermelha. Em razão de seu tamanho, o objeto produzia uma enorme luminosidade sobre o teto da casa, impedindo a visibilidade ao redor — até os animais se agitavam desesperados. “A área toda parecia iluminada por uma lâmpada fluorescente gigante”, descreveu o homem ainda impressionado. No momento do avistamento, a vítima quis atirar contra a gigantesca bola, porém seus membros não obedeciam às ordens mentais, permanecendo inertes. Até mesmo seus olhos o traíam, como que hipnotizados. “Senti muito medo, queria gritar e correr, mas não conseguia”, argumentou completando que só estava ali ainda porque esperava a chegada do patrão para pedir demissão.
Luz de cores vermelha e amarela
Picanço ouviu a história com redobrada atenção e ainda tentou convencer o empregado de que ele enfrentaria dificuldades em encontrar outro trabalho. Mas Pedro Gomes estava decidido e, diante da resolução tomada, o pedido foi aceito e o capataz foi embora. Na época, a propriedade tinha 65 hectares e criação de gado e cavalos, mas hoje não pertence mais ao engenheiro — ele mudou para outra ali perto. Menos de um ano depois dos primeiros avistamentos no local, outro funcionário lhe disse que também vira um aparelho com as mesmas características rondando a região. O senhor Raimundo Bezerra, xará do patrão, disse que também avistou uma luz a aproximadamente três metros sobre as árvores do lado sul da propriedade. Devido à proximidade que estava do UFO, a testemunha pôde observar até janelinhas e uma grande luz de cores vermelha e amarela na frente da nave — o artefato acendia e apagava, até que efetuou um movimento em L e desapareceu.
O químico e ecólogo da Universidade do Amazonas, professor Antônio dos Santos, descartou a possibilidade de que o fenômeno relatado tantas vezes por Picanço e seus homens fosse de origem química ou resultado de combustão de gases, pois essas ocorrências têm características diferentes das relatadas pelas dezenas de testemunhas. O capitão Juarez Azevedo, do 7°Comando Aéreo Regional (COMAR), ajudante de ordens do major brigadeiro José Alfredo Sobreira de Sampaio, então comandante da corporação, informou que certa ocasião foram acionados os radares na região, mas não houve notificação de qualquer fenômeno ou objeto estranho em um raio de 200 km.
Mas muitos casos continuaram a ser reportados naquela região do norte de Manaus naquele ano e seguintes, entre eles um avistamento ocorrido no aeroclube da cidade. Pilotos de uma empresa de táxi aéreo também teriam observado o mesmo fenômeno e, mais recentemente, pessoas em vários bairros de Manaus também avistaram luzes estranhas, indicando que algo estava acontecendo no Amazonas. Na propriedade de Picanço, passados alguns meses, a luz reapareceu. Ela se manifestou por volta das 19h00 de certo dia, quando a família do fazendeiro e a de seu empregado Raimundo se reuniam para preparar o jantar. Este último, chamando o patrão até à porta, mostrou o que apelidou de “a luz do velho Pedro”, como também ficou conhecida por todos. Picanço então observou um artefato multicolorido do tamanho de um automóvel, a 80 m de distância e a cerca de 30 m de altura. “Era algo que não tinha forma definida, podendo algumas vezes se mostrar ovalado e, noutras, arredondado e com movimentos aleatórios”, declarou. Apesar de forte, o facho de luz desta vez não fez arder os olhos — talvez porque outras luzes menores circulavam à sua volta.
De repente, o aparelho se apagou e sumiu como se nunca tivesse existido. No entanto, o mais intrigante é que nenhuma das oito testemunhas percebeu o tempo passar. Assombração, gases atmosféricos, experimento militar, enfim, ninguém encontrou uma explicação plausível para o fenômeno presenciado. No dia seguinte o fazendeiro entrou em contato com parentes, amigos, redes de televisão e jornais para divulgar o ocorrido. A Polícia Civil, a Aeronáutica e o Exército também foram imediatamente notificados. Um membro do 7° Comando Aéreo Regional (COMAR), de Manaus, sem dar importância ao fato, apenas recomendou que, caso Picanço se sentisse ameaçado pela luz, deveria abandonar a área.
Brincadeira de mau gosto?
Umas duas horas depois da ocorrência ele recebeu um telefonema do Ministério da Aeronáutica, em Brasília, informando que mais tarde um técnico iria até sua casa para esclarecer o assunto. “Era para eu aguardar 72 horas para divulgar a notícia aos
veículos de comunicação. Mas, suspeitando ter sido vítima de alguma brincadeira de mau gosto, resolvi certificar-me ligando de novo para a Aeronáutica, porém fui recebido de modo grosseiro. O pior é que eu não sabia o nome da pessoa com quem tinha acabado de falar”, completou. Mas se foi a própria Aeronáutica quem deu o primeiro telefonema, por que Raimundo Picanço deveria saber? Ou eles colocaram em dúvida a palavra da testemunha ou tentavam esconder algo. O fazendeiro acreditava na última hipótese e, assim, iria difundir a notícia em todos os meios disponíveis, inclusive a reação da Aeronáutica ao fato — mesmo porque, não houve nenhuma manifestação oficial por parte do Ministério, como prometido.
Picanço, na tentativa de reunir o maior número possível de pessoas, convocou a imprensa para comparecer à sua fazenda naquela mesma noite, a fim de realizar uma vigília e buscar avistar novamente a “luz do velho Pedro”. Dessa forma, estimava, todos passariam a acreditar em sua história e ele não seria mais tachado de mentiroso. Por sorte, o fenômeno se repetiu por volta das 23h00, sendo imediatamente notado por uma das integrantes do grupo — a testemunha apontou no céu as pequenas luzes vermelhas, um pouco maiores que bolas de golfe. Eram três esferas que integravam um círculo maior, produzindo um som baixo e discreto, semelhante a um barbeador elétrico, mas que logo desapareceram na imensidão do espaço sem que fosse possível fotografá-las. Todos viram o espetáculo.
Parece que a nave, longe de ser um fenômeno paranormal, era dirigida por alguma inteligência e, descrevendo um ângulo de 360 graus, realizava manobras radicais em voo horizontal. A impressão é de que queria se comunicar
Quando indagado sobre manifestações anteriores, Picanço disse que dentro da formação espírita que recebeu de seus pais, da qual é fiel seguidor, jamais tinha visto algo tão original. “Parece que a nave, longe de ser um fenômeno paranormal, era dirigida por alguma inteligência e, descrevendo um ângulo de 360 graus, realizava manobras radicais em voo horizontal pelo céu. A impressão é que ele queria se comunicar a qualquer custo”, afirmou convicto.
“Acordava muito impressionado”
Contudo, antes de ter esse contato, a testemunha disse que inúmeras vezes havia sonhado com uma esfera luminosa, posicionada acima das copas das árvores e à direita da sede, de onde emanava um clarão capaz de iluminar toda a área vizinha. “Cada vez que eu sonhava com aquilo, acordava muito impressionado, com o coração aos pulos. Achava que fenômenos dessa natureza estavam intimamente ligados ao plano espiritual. A partir do que aconteceu agora, começo a pensar diferente”, exclamou. Desde que se tornou o dono daquelas terras, Raimundo Picanço vinha tendo a sensação de que alguma inteligência queria se comunicar com ele, pois ouvia sons e sentia odores aparentemente inexplicáveis. Cada vez que isso acontecia, suas reações diante do holograma formado em sua mente eram as mais diversas — algumas lhe causavam arrepio e entorpecimento, outras davam a impressão de que ele estava flutuando.
Sem encontrar uma justificativa para as sensações adversas, a hipótese de que se tratava da ação de alienígenas não foi descartada. A opinião da testemunha, que passou a ler muito sobre o assunto, era de que tais entidades talvez tivessem perdido algo na fazenda ou desejassem instalar algum tipo de experimento técnico, útil em suas pesquisas científicas. “Isso é possível, uma vez que eles próprios seriam resultado de experiências genéticas de seres superiores e com tipologia muito parecida com a terrestre”, disse a este autor — ainda que admitisse não ter certeza de nada e que apenas lhe parecia que algo mais forte estava fazendo com que acreditasse naquilo. Desde criança, Picanço foi muito interessado e curioso por assuntos que a ciência não pode esclarecer. Por isso, quando morou nos Estados Unidos, foi a Las Vegas para visitar um local de possíveis quedas de UFOs.
Em um piscar de olhos
Em abril de 1996, Raimundo Picanço foi vítima de outro episódio que, segundo ele próprio diz, pode estar intrinsecamente relacionado com o primeiro. A testemunha reportou que, ao viajar a Manaus pela Rodovia Torquato Tapajós, algo lhe ocorreu em um determinado ponto da estrada, bem em frente ao Clube da Prefeitura. Disse que, sem saber como e em um piscar de olhos, se encontrava a 10 km de distância do local anterior, sem que conseguisse se lembrar dos lugares por onde passou ao percorrer o trecho. “Para mim, foi como se apenas alguns segundos tivessem se passado. Um lapso de tempo muito estranho para quem não é acostumado a dirigir em alta velocidade. Não consigo me lembrar do que aconteceu”, confessou. Quando Picanço se deu conta de que já estava próximo a um edifício localizado na Avenida Djalma Batista, no centro de Manaus, estacionou o carro bastante assustado.
Após tentar entender a situação, deu partida no veículo, percorrendo lentamente as ruas da cidade — a princípio, tudo parecia ter sido causado pelo cansaço e o excesso de trabalho a que vinha se submetendo. Alguns dias depois se manifestaram em seu corpo certos sintomas incomuns para ele, como dores de cabeça e nos ossos, desânimo, fraqueza, febre e frio. Por meio dos resultados dos exames clínicos, constatou-se que Raimundo Picanço não sofria de nenhum mal aparente. Mas, por esta e outras experiências, sempre um alerta é acionado quando algo ocorre nas proximidades da fazenda.
O Sítio Picanço, a poucos minutos de Manaus na direção norte, à beira da Rodovia BR-174, foi e é palco do maior filme de suspense e terror que se conhece. Não somente UFOs, mas fantasmas também costumam aparecer a determinadas pessoas, os pelos do corpo de visitantes ficam eriçados sem explicação, zumbidos desconhecidos são ouvidos, relógios param de funcionar, enfim, manifestações inusitadas lá acontecem e para elas não se encontram respostas. Tentando descobrir pelo menos parte deste mistério, este autor pediu a um fotógrafo profissional do jornal A Crítica para que fizesse fotografias noturnas da área, utilizando equipamento ultrassensível — para surpresa geral, nada apareceu nas imagens.
A busca de respostas levou este autor a solicitar a um órgão especializado que inter
viesse, procedendo a um exame da área e composição do solo, com técnicos para realizar pesquisas in loco. Como resultado da análise, descobriu-se que a terra é composta por caulim, uma argila mineral usada como refratário e que suporta altíssimas temperaturas. Serve também como isolante térmico e branqueamento de papel. Mas nenhuma das propriedades da matéria indicava o que se buscava, ou seja, compostos eletromagnéticos ou qualquer tipo de material radioativo. Outros pesquisadores também se interessaram pelas anormalidades que vinham ocorrendo no Sítio Picanço, como a psicóloga carioca Gilda Moura, consultora da Revista UFO, e o doutor John Mack, já falecido, então professor da Universidade de Harvard e médico do Hospital de Cambridge. Eles foram a Manaus prestar auxílio nas pesquisas, dentro de suas respectivas áreas.
Uma cena reveladora
Surgia uma luz no fim do túnel que beneficiaria a investigação, e principalmente a testemunha Raimundo Picanço. Além desses profissionais, colaboraram com os trabalhos de investigações o doutor Pierre Weil, autoridade em temas holísticos, e o antropólogo Philipe Bandeira de Mello, que desenvolve trabalho de cunho social no Rio de Janeiro. Embora o doutor Mack se concentrasse em realizar exames clínicos para entender a sintomatologia de muitas testemunhas e contatados, ele próprio, até então, não acreditava em discos voadores. Mas qual não foi sua surpresa quando, em uma noite no Sítio Picanço, durante uma conversa informal dentro da casa da propriedade, ele, Gilda, Weil, Mello, o próprio Picanço e este autor, juntamente com dois militares, assistiram a uma cena que revelaria um fato excepcional [Veja matéria nesta série].
De repente, um dos soldados saltou de sua cadeira com os pelos dos braços completamente arrepiados, alegando estar sentindo dores terríveis no corpo. Em seguida, a doutora Gilda pediu para que todos se retirassem do local — seguindo experiência de longos anos, aquilo seria o prenúncio de que haveria um contato alienígena, e imediatamente foram todos para fora, a fim de clamar para que “eles” aparecessem. Como não houve indícios de que manteriam diálogo com seres extraterrestres, após algum tempo um dos soldados teve a ideia de instalar um dispositivo de luz estroboscópica na antena do celular rural da fazenda, que funciona por tempo indeterminado. Passados alguns segundos, milhões de vagalumes invadiram o campo, produzindo um espetáculo jamais visto. Mas algo muito mais interessante logo se manifestaria.
Estou em uma espécie de submarino. É um lugar muito quente, onde existem pessoas no mesmo estágio que eu recebendo ensinamentos e sendo preparadas para algo inédito. Iremos receber comunicações de várias partes do universo
Conforme orientação da doutora Gilda, todos deveriam ficar atentos, pois havia o sinal de que a qualquer momento poderiam ver um UFO. Dito e feito! Não demorou muito para que a área toda fosse iluminada por um clarão de mais ou menos 100 m de diâmetro. O artefato, de acordo com Picanço, “era uma espécie de cone de luz, mas infelizmente, ninguém conseguiu filmá-lo”. Boquiaberto, o doutor John Mack acompanhou tudo com muita curiosidade e atenção, achando a experiência fantástica. Durante aqueles dias o grupo permaneceu na fazenda e constatou que o proprietário sentia frequentes dores de cabeça, febre e náuseas, fatores que acabaram dificultando sessões de hipnose regressiva às quais seria submetido, a princípio, pela psicóloga Gilda. Mas Mack tomou à frente o trabalho e o procedimento com Picanço, sem levar em conta seu estado clínico.
Regressão hipnótica
As cenas da hipnose regressiva foram todas filmadas, mas, de acordo com Gilda Moura, “era aconselhável não mostrá-las ao paciente enquanto este se encontrasse ainda muito abalado emocionalmente”. Caso contrário, poderia novamente entrar em transe inconsciente, devido a lances dramáticos que acabam sempre traumatizando a vítima. De imediato, a sugestão foi acatada, porém mais tarde a psicóloga daria continuidade às sessões terapêuticas, valendo-se do método ideomotor muscular não verbal, com a finalidade de desbloquear a hipnose anterior. Por meio de outra sessão de regressão, orientada por ela, o contatado em transe absoluto disse estar vendo a imagem de uma senhora loira, de olhos azuis e roupas antigas.
Gilda lhe perguntou, estando Picanço sob hipnose, o que ela estava falando para ele naquele momento? “Ela diz que sou do futuro e que depois da purificação do mundo eu retornarei, dotado de inteligência suprema para orientar a humanidade”, respondeu o engenheiro. “Conte-me onde você está?”, continuou Gilda Moura. “Estou no Rio Amazonas, em uma espécie de submarino. É um lugar muito quente, onde existem diversas pessoas no mesmo estágio que o meu recebendo ensinamentos e sendo preparadas para algo inédito. Neste dia, que já está bem próximo, iremos receber comunicações das mais variadas partes do universo”.
Vibração energética e abdução
Na última noite em que o grupo permaneceu na fazenda, foi a vez de Pierre Weil começar a sentir uma espécie de “vibração energética”. “Era uma sensação boa que me causava sonolência”, afirmou. Realmente, não demorou muito para que ele dormisse um sono profundo, completamente alheio a qualquer tipo de barulho. Exatamente nesse instante, todos os presentes foram chamados a assistir a outro fenômeno — uma sonda ufológica luminosa que se movimentava da direita para a esquerda, girando em torno de si mesma. Desta vez conseguiu-se fazer imagens fantásticas em que a luz some e reaparece em seguida, em um ponto oposto ao anterior.
A peculiaríssima manifestação, devidamente registrada em vídeo, e a presença de investigadores na região despertaram o interesse dos meios de comunicação local, fazendo com que se dirigissem em massa para a sede da propriedade rural. A equipe de reportagem da TV Rio Negro, de Manaus, fez entrevistas e filmagens que mostram a evolução de um suposto UFO. Alguns meses depois, o também hipnólogo José Luiz Lanhoso, diretor do Núcleo de Expansão da Consciência (NEC), de Belém — que também tomou parte de algumas sessões hipnóticas —, informou que naquele instante o doutor Pierre Weil estaria sendo abduzido, conforme a sonda se manifestava. Este fato, contudo, não pôde ser confirmado.
Com o passar do tempo, as pesquisas se tornaram desgastantes e cansativas, e apesar de os investigadores continuarem atentos a qualquer manifestação naquela região, cada um deles voltou às suas atividades normais, enquanto os jornalistas da TV Amazonas Ione Vargas e Geudásio Júnior permaneceram participando de vigílias na sede do Sítio Picanço. Certa n
oite, já cansados de esperar sem que nada de anormal acontecesse, Picanço e Júnior resolveram acampar, enquanto Ione permaneceu na casa da fazenda — eles haviam combinado utilizar lanternas como forma de sinalização caso algo anormal aparecesse. Chegando a madrugada, uma luz sem explicação foi projetada sobre a área do acampamento, e por pensarem que se tratava de algum sinal de Ione, os homens responderam prontamente. Porém, o facho de luz era muito forte para vir de uma simples lanterna.
“Uma bacia bem grande”
Prudentes, Geudásio Júnior e Raimundo Picanço resolveram investigar e voltaram para a sede. Ione, no entanto, assegurou não ter feito sinalização alguma. Enquanto conversavam na casa, os três viram surgir no céu um UFO de cor vermelha que seguiu na direção do acampamento — as cenas que presenciaram davam-lhes a nítida impressão de que o objeto havia pousado exatamente no local onde estavam minutos antes. As testemunhas voltaram até lá, mas não encontraram nenhum vestígio do possível pouso do tal disco voador.
Porém, os casos não param por aí. Em 02 de novembro de 1996, a sucessão de avistamentos e experiências tomou seu curso, sendo que, por volta das 22h00, quatro luzes originárias cada uma de um ponto cardeal realizaram uma revoada no céu, tendo como testemunhas somente a família dos dois caseiros Manuel “Ciborgue” Nunes e Raimundo Bezerra, xará de Picanço. “A luz que veio do sul, a maior de todas, era semelhante a uma bacia bem grande, e as outras eram do tamanho de uma bola de pingue-pongue. Juntaram-se todas sobre nossas cabeças”, explicou a esposa de Bezerra, que a tudo presenciou pasma.
Já não era mais segredo para a comunidade local o fato de a região estar sendo literalmente invadida por UFOs, e por isso um militar rodoviário, ao saber desse último acontecimento, decidiu ir até o local para conferir se realmente era verdade o que as pessoas andavam falando. Mas ele não pôde entrar na fazenda, pois não havia solicitado permissão ao proprietário, e por isso permaneceu durante algum tempo perto da entrada principal, junto da porteira. Foi dali que participou do que descreveu como “uma partida de futebol em um campo iluminado”, mais uma manifestação do Fenômeno UFO. Temeroso, o militar foi embora e retornou no dia seguinte na companhia de um amigo.
Desta vez, ambos ficaram impressionados com o mugido alto e desesperado dos animais que se encontravam próximos do portão. E não tardou para que as testemunhas pudessem entender qual era o motivo de tanto alvoroço — uma luz enorme pairava sobre o estábulo. Os homens permaneceram no local até o amanhecer, quando decidiram conversar com o capataz. Por incrível que pareça, Bezerra, apesar de sempre testemunhar cenas semelhantes, afirmou não ter ouvido ruído algum durante a madrugada. A partir dessas informações, e principalmente com o objetivo de ter os fenômenos documentados, resolveu-se instalar um circuito fechado de televisão no interior do estábulo. Entretanto, durante os 20 dias em que o sistema funcionou, nada de anormal foi identificado na área.
Por esse motivo, a aparelhagem foi desativada.
Mutilações de animais
A soma das evidências enumeradas já permitia acreditar que é real e inegável a manifestação ufológica ocorrida por tantas décadas no Sítio Picanço. Na tentativa de elucidação dos fatos, pode-se relacionar também o caso de mutilação de uma vaca que, segundo o capataz da propriedade, foi causada por uma onça — mas o estado em que foi encontrada, totalmente desfigurada, invalida a hipótese. Raimundo Picanço também concorda com a tese da ação alienígena e assim que sentiu a falta do animal solicitou a presença dos investigadores no local. “Durante aquela noite, os bois passaram em frente à varanda de casa. Corriam como se estivessem assustados com algo que os perseguia, talvez uma cobra. Fui dormir e quando levantei, às 05h00, encontrei um dos animais caído ao chão, e logo em seguida chamei o patrão”, recordou Ciborgue, que morava a 100 m de distância de onde a carcaça do animal fora encontrada.
Quando ouviram a história do capataz, Picanço, este autor e outros estudiosos fizeram uma averiguação in loco dos fatos, constatando que não havia qualquer tipo de pegada no solo que pudesse ter sido feita por uma onça ou outro animal do mesmo porte. Havia só a vaca com o pescoço inteiro torcido e quebrado, a pata traseira embaixo do corpo e, o mais alarmante, um furo no pescoço medindo mais ou menos 4,5 cm diâmetro por 10 cm de profundidade. Como se não bastasse, através de um corte transversal que se originava na parte frontal do animal, atravessando todo seu corpo até a traseira, podiam-se ver algumas costelas quebradas, o sangue e as vísceras. O couro da barriga tinha sido retalhado em forma de círculo, eliminando assim a possibilidade de lesões provocadas por mordidas ou dentes.
Sem rigidez cadavérica
O tórax da vítima apresentava essas mesmas características e seus órgãos reprodutores se mostravam inchados como se tivessem sido pressionados por alguma força. Já a carne parecia ter uma coloração rósea, totalmente diferente do restante do animal. Um criador e especialista em felinos informou que uma onça raramente ataca em campo aberto, e quando o faz, avança no pescoço do animal, derrubando-o logo para em seguida rasgá-lo e sorver seu sangue — come inclusive o fígado, a língua e, dependendo da voracidade, tritura todos os órgãos moles. Caso sobre alguma coisa, em raras ocasiões, o felino arrasta a carcaça para um esconderijo e a cobre com folhas para voltar a comê-la no próximo dia. A onça rasga a carne e nunca quebra as costelas, diferente do que foi registrado no Sítio Picanço.
O mais interessante foi que, naquele caso específico, a carne não apresentava rigidez cadavérica, mas se encontrava ainda quente desde às 22h30 do dia anterior, não exalando odor fétido — apesar de terem se passado quase 12 horas. Um grupo de pesquisadores, juntamente com funcionários e o dono da propriedade, fez vigília ao redor do cadáver durante a madrugada inteira. Na manhã seguinte, um professor de patologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) foi convocado para realizar a autópsia do animal, e qual não foi a surpresa de todos ao descobrir que o cadáver da vaca havia sumido sem deixar qualquer vestígio — toda a área da fazenda foi vasculhada durante os três dias seguintes, mas nada foi encontrado.
Naquela noite os bois passaram em frente à varanda de casa. Corriam como se estivessem assustados com algo que os perseguia. Fui dormir e quando levantei encontrei um dos animais caído ao chão e então fui chamar o patrão
Todas as fotos feitas, tanto do local como dos ossos, ainda com filmes analógicos, saíram completamente escuras. De um total de 36 poses, aproveitaram-se apenas cinco, ainda assim porque estas foram realizadas por um fotógrafo profissional que sobrevoou a área de helicóptero. Conforme o que foi constatado na ocasião desse voo, a região pode ser considerada um campo magnético muito forte — e por isso as fotografias sofreram alterações e quase todas as poses se queimaram.
Além do caso ocorrido do Sítio Picanço, que por enquanto é o mais contundente, houve vários outros complementando a casuística ufológica da maior reserva ambiental do mundo. Dentre eles, um mais antigo, porém não menos importante, ocorreu no município de Santa Isabel do Pará. Foi um episódio que motivou não só o interesse da população brasileira, mas também de vários pesquisadores. Seu principal investigador foi o ufólogo grego Stelio Agathos que, após tomar conhecimento das constantes manifestações ufológicas, resolveu analisá-las de perto. Para alcançar o seu intento, veio da Grécia e foi capaz de fazer do estábulo da fazenda onde se deram os fatos sua nova moradia [Veja matéria nesta série].
UFOs rondam a Amazônia
De lá Agathos pôde observar quase todas as noites as aparições de UFOs, como bolas de luz que evolucionavam no céu e alternavam de cor, intensidade, forma, movimento e direção. Tais manifestações já faziam parte do cotidiano dos moradores da pequena localidade, que não mais se importavam em tentar entendê-las. Até mesmo os meios de comunicação — antes atraídos pelos fenômenos inusitados — não os anunciavam mais em seus noticiários. Se não fosse por sua insistência, Agathos jamais teria sido testemunha de um avistamento excepcional — um triângulo sólido e gigante, similar a um caça da Força Aérea Norte-Americana (USAF), conforme descreveu. O aparelho produzia um som extremamente agudo, ao mesmo tempo em que dirigia um facho de luz intensa sobre a área descampada.
Na ocasião, todos os avistamentos foram presenciados pelos donos e funcionários de fazendas e serviram como objeto de estudo para o ufólogo grego e seus colegas brasileiros, que constataram se tratarem de aparelhos de origem não terrena — “de outras dimensões”, segundo Agathos. Ele não tirou essa conclusão valendo-se simplesmente de relatos de testemunhas, mas também tomando por base suas próprias observações. Mesmo com lentes de grande capacidade de aproximação, seu equipamento, de qualidade indiscutível, não conseguiu captar a imagem do UFO de perto, somente a da árvore sobre a qual ele pairava. Uma possível explicação, formulada por ele, é de que o objeto flutuava em um “espaço irreal” e sua “imagem tridimensional” era projetada de algum outro lugar.
O pesquisador descobriu ainda a existência de enormes círculos no solo de um terreno próximo a Santa Isabel. As impressões circulares tinham cerca de 17 m de diâmetro e eram perfeitas — para ele, só poderiam ter sido causadas por um gigantesco aparelho com sistema de pouso. O mais impressionante é que, ao chegar perto das marcas, os membros inferiores do corpo do ufólogo grego começaram a apresentar nódoas avermelhadas, talvez um efeito da radioatividade produzida pelo UFO. Na coletânea de fatos analisados por Stelio Agathos não poderia faltar um fenômeno nativo da Região Amazônica, o chupa-chupa, que desde a década de 70 atormenta os moradores e aterrorizam a população ribeirinha.