Um juiz de Las Vegas liberou recentemente vários documentos que adicionam detalhes de um processo movido por ex-empregados da secretíssima Base Aérea Groom Lake, onde está localizada a Área 51, contra o governo norte-americano. Segundo informações, antigos funcionários que trabalharam naquelas instalações acusam os militares de expô-las a materiais tóxicos e radioativos que eram utilizados na base, prejudicando sua saúde.
O juiz Philip Pro acatou a acusação dos ex-funcionários e reconheceu que o estado de segurança nacional mantido em Groom Lake realmente impõe aos trabalhadores das instalações militares condições arriscadas. Com experiências secretas sendo desenvolvidas no local, era de se esperar que materiais tóxicos e com elevados índices de radioatividade pudessem de alguma forma prejudicar a saúde dos empregados, e ainda contaminar o meio-ambiente. Isso originou nova ação contra os militares, instaurada pela Agência de Proteção de Meio-Ambiente, também aceita no ano passado.
Pro ordenou também que todas as informações concernentes ao uso de material secreto ou arriscado em Dreamland fossem liberadas ao público. “Os quatro volumes de documentos divulgados pelo juiz não mostram nada de espetacular, mas sim uma batalha entre o Departamento de Justiça norte-americano, que defende a segurança nacional, e o advogado Jonathan Turley, de Washington, que defende os interesses dos funcionários agredidos, que preferem permanecer anônimos”, disse um especialista. Entretanto, esses documentos possuem vários parágrafos e páginas censuradas e, em algumas áreas, documentos inteiros sumiram dos originais, numa manobra conhecida para se ocultar fatos que atinjam a segurança nacional. Entre as acusações que fazem os queixosos, os militares que operam a Área 51 armazenariam em condições precárias materiais perigosos e incandescentes, muitas vezes estocados em poços a céu aberto.
O processo que está sendo movido garante ainda que a fumaça da combustão dessas substâncias tenha causado sérios danos à saúde do grupo e a morte de pelo menos um deles. O governo diz não reconhecer o óbito e ainda informa que todas as precauções de saúde e higiene são tomadas naquela instalação, para que os operários e cientistas não sofram conseqüências do manuseio de materiais de risco.
Cadáveres – Ainda assim, no ano de 1989 o metalúrgico Robert Frost, que trabalhava em Dreamland, morreu em conseqüência da exposição a material radioativo. Sua esposa Helen afirmou que Frost teve sua morte causada pela inalação da fumaça tóxica que saía das fornalhas mantidas na base. Mas não obteve sucesso numa causa judicial que moveu no inicio dos anos 90, em que pedia indenização. Uma referência à morte de Frost consta dos documentos liberados pelo juiz Pro. Outro ex-funcionário de Groom Lake, Kim Pagliaro, disse ter visto o cadáver próximo aos poços que continham substâncias tóxicas armazenadas. “Cheguei a ouvir os gritos dele quando foi contaminado”, disse Pagliaro. Ele afirmou também que, toda vez que certas substâncias pretas em forma de placas sólidas caíam nas roupas dos trabalhadores, eles tinham que verificar para que as mesmas não deixassem vestígios que pudessem ligá-los à base secreta. Além disso, os funcionários da Área 51 eram filmados o tempo todo e submetidos a revistas constantes.