A Revista UFO já tratou inúmeras vezes do ceticismo quanto à pesquisa ufológica, partindo de grupos que alegam que falta capacitação científica aos que se dedicam ao tema. Há muitos anos temos mostrado que tal crítica já não se sustenta, porque existem indivíduos altamente qualificados trabalhando com a presença alienígena na Terra e contribuindo para um efetivo entendimento da questão. Um deles é Ricardo Varela Corrêa, consultor da Revista UFO e entrevistado desta edição, que tem ao mesmo tempo um imponente currículo profissional e um histórico de muitas e importantes contribuições à Ufologia. Varela é doutor em computação científica, mestre em computação aplicada, tecnólogo, desenvolvedor de hardware e software para exploração espacial e experimentos embarcados em balões estratosféricos. O cientista é integrante do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde trabalha no setor de Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA) e no Grupo de Segurança de Sistemas e Redes (GSR).
Ufólogo de mão cheia, Varela é também membro da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e um dos maiores especialistas em análise de imagens da Ufologia Brasileira. Como se vê, é um legítimo representante do segmento que se convencionou chamar de Ufologia Científica, mas com a mente suficientemente aberta para não descartar a priori as vertentes místicas e holísticas, desde que havendo critérios sólidos e seriedade na busca por respostas, quando se separa o joio do trigo. Seu interesse pelos discos voadores surgiu quando teve o privilégio de conhecer pessoalmente um de nossos grandes pioneiros, o saudoso general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, com quem aprendeu que o uso do método científico é uma necessidade no estudo ufológico.
Ceticismo made in China
É graças a ufólogos dedicados e com sólida educação tecnológica, como o entrevistado desta edição, que a Ufologia tem se mantido saudável e protegida de seus detratores, que não medem esforços para classificar como fraudes todo o tipo de evidência legítima, utilizando para este fim sofismas e técnicas supostamente científicas, porém sofríveis e que não resistem a um olhar mais atento, sempre chegando a conclusões deturpadas e tendenciosas, atendendo aos mais inconfessáveis fins.
O ufólogo Ricardo Varela Corrêa trabalha com as inúmeras evidências, entre elas fotos, filmes, sons e relatos gravados deste incrível fenômeno que persegue a civilização humana desde tempos imemoriais. “Podemos afirmar que a Ufologia Científica é, como diz uma tradicional expressão budista, o caminho do meio”, conjectura. Em sua entrevista, Varela deixa claro que é exatamente esta a estrada que percorre, atuando de forma decisiva para autenticar casos famosos e denunciando implacavelmente a falta de seriedade e as fraudes que lamentavelmente insistem em surgir de tempos em tempos. Ele se vê como um cético no meio ufológico, porém longe de praticar aquele tipo de crítica vazia e de gabinete. Ao contrário, mostra que deve haver uma dose saudável de ceticismo ao se questionar evidências que não se revelam substanciadas, ao mesmo tempo em que deve-se manter a mente aberta para os fatos, por mais estranhos que possam parecer. Esta é a sua receita para fazer uma Ufologia séria, proveitosa e respeitada. Vamos à entrevista.
Como foi o começo de sua carreira científica e o que o levou a esta escolha? Minha profissão é de apoio à ciência. Faço desenvolvimento de experimentos científicos na área de astrofísica. No mestrado e doutorado tive que trabalhar como cientista, uma vez que estas titulações assim exigiam. Desde pequeno, sempre gostei da eletrônica, e para desespero de meus pais, desmontava tudo o que encontrava pela frente. Em 1998, já atuante em minha profissão, o Governo cortou todas as verbas para a tecnologia e ciência, e isso foi um transtorno total. Eu ia para o trabalho e ficava desesperado em não ter o que fazer, pois não havia equipamentos. Assim, resolvi encarar o mestrado em uma área que necessitava de conhecimento para resolver um “probleminha” de engenharia: tirar o máximo de poder computacional de um processador. Assim, resolvi voltar a estudar e o trabalho neste mestrado me empolgou bastante. O passo seguinte, para o doutorado, foi imediato.
Como é seu trabalho no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)? No dia a dia, trabalho com quatro atividades. Primeiro como engenheiro, projetando e trabalhando em um protótipo de satélite científico. A versão que estamos desenvolvendo é mais simples e será testada em um vôo com balão estratosférico. Minha segunda função está na segurança da rede institucional do INPE, de seus sistemas computacionais. Eu monitoro o que acontece e acompanho os constantes ataques de hackers aos serviços que a rede provê ao público, principalmente as informações dos projetos através de páginas que mantemos na internet. Minha terceira atividade é a que mais gosto: pesquiso – mas não de forma acadêmica – as tentativas de ataques que recebemos, procurando identificar sua forma de ação e criar técnicas de proteção. A quarta e última atividade diária é ser professor de uma faculdade de tecnologia. Nesta, procuro repassar o conhecimento que tenho na área de segurança de redes de computadores. Sou também coordenador do curso de redes e da pós-graduação em sistemas de informação daquela instituição.
É fato que são realizadas pesquisas com tecnologias de ponta lá? Alguma que possa descrever? O INPE é uma instituição de pesquisa na área espacial, líder no Hemisfério Sul. As atividades sempre visam colocar nosso país ao lado do Primeiro Mundo, inovando e buscando novos conhecimentos no setor. Como exemplo, posso citar o projeto que trabalho no momento. Estamos construindo uma câmera para detecção de raios-X que nos permitirá observar algumas estrelas. São detectores de última tecnologia e, por isso, temos que inovar na eletrônica nuclear e também na área de software e simulação, para podermos tratar os dados resultantes. A página do INPE na internet está no endereço www.inpe.br e pode ser uma boa fonte de consulta para os leitores interessados.
Nos anos 80 tive o prazer em conhecer o general Uchôa, quando vi que era possível ter vocação científica e pesquisar o Fenômeno UFO sem ser considerado maluco. Entendi que a ciência e tecnologia atual eram perfeitamente aplicáveis na pesquisa da presença alienígena na Terra, e isso me chamou a atenção, quando iniciei meus estudos e não parei mais
Quando e como surgiu seu interesse pela Ufologia? No início da década de 80, tive o prazer em conhecer o general Uchôa, quando vi que era possível ter vocação científica e ainda pesquisar o Fenômeno UFO sem ser considerado maluco. Entendi, através de seus comentários, que a ciência e tecnologia atual eram perfeitamente aplicáveis na pesquisa da presença alienígena na Terra, e isso me chamou a atenção, quando iniciei meus estudos e não parei mais.
Como cientista, e dedicando-se à prática de uma Ufologia Científica, como você vê a chamada Ufologia Mística, que tem tido grande espaço na mídia, embora seja acusada de negligenciar o necessário embasamento de suas proposições? Não tenho nada contra a Ufologia Mística. Aliás, a busca de soluções de origem extraterrestre ou religiosa para nossos problemas pessoais é parte da natureza humana e está na formação do brasileiro. Acredito que o maior problema desta área e suas vertentes, no entanto, está no fato de que não permitem a inserção dos preceitos necessários a uma investigação científica. Muitas vezes, o estudo de possíveis evidências é considerado inútil por seus praticantes, uma vez que já aceitam certas “verdades” da Ufologia como coisas indiscutíveis. A aversão destes grupos aos chamados ufólogos científicos é notória, muito maior do que ao contrário. Mas, particularmente, não tenho nada contra qualquer tipo de busca pessoal e mantenho a mente aberta para tudo.
Os adeptos da Ufologia Mística acreditam, entre outras coisas, que extraterrestres podem escolher os seres humanos com quem pretendem estabelecer contato, através de canalização. Você acha que tal procedimento é válido? Ele não pode levar ao pânico? Canalizações de supostos ETs são bem questionáveis, mas a maioria delas contém mensagens positivas e um tipo de auto-ajuda – algumas são até muito bonitas e elogiáveis. Não vejo nada errado nisso, pois qualquer mensagem que traga conforto a quem sofre é extremamente válida, vinda do subconsciente, de espíritos, de padres ou pastores, e até de ETs. O que não acho ético são as mensagens que incitam à revolta. De qualquer forma, as religiões já pregam o pânico, com datas para o final do mundo ou para a ocorrência de cataclismos violentos. A Ufologia Mística é só mais um exemplo.
Há quem diga que o meio ufológico vem carecendo de ética nos últimos tempos. Como você vê esta situação? A pesquisa ufológica em nosso país ainda está num nível muito baixo. Por exemplo, não se faz um acompanhamento científico das investigações e os ufólogos partem da premissa errada, querendo de antemão provar que determinados fenômenos são ufológicos, e assim distorcem fatos e induzem testemunhas para obterem uma resposta que reforce suas teorias. Há algum tempo, o grande pensador Arismaris Baraldi Dias [Ufólogo pioneiro e antigo consultor da UFO, já falecido] escreveu seu Código de Ética do Ufólogo, um conjunto de regras que visava estabelecer ordem no caos. Um de seus parágrafos deixava bem clara a idéia de que os fatos ufológicos não devem ter donos, como acontece aqui no Brasil, e sim pertencer a todos. Isso porque os dados coletados por muitos estudiosos e grupos acabam guardados por eles a sete chaves, longe dos colegas que poderiam se beneficiar de seus achados. Alguns estudiosos e grupos até ficam incomodados se um ufólogo de outra região aparece para investigar um possível caso em seu “território”. Isso tem que mudar.
E quanto às fraudes em imagens ufológicas, mais freqüentes e bem feitas, como você vê esta situação? Bem, está cada vez mais difícil distinguir uma foto ou vídeo autêntico de outro fraudado, mas ainda assim é possível e sigo uma regra simples: se a imagem está muito perfeita, considero fraude. A análise de uma foto ou de um vídeo ufológico é bem complexa, longa e na maioria das vezes inconclusiva – geralmente não se consegue chegar a qualquer conclusão científica. Isso é bem desgastante. Os atuais softwares gráficos, extremamente sofisticados e a preços cada vez mais acessíveis, também trazem dificuldade extra para os ufólogos desta área, porque permitem a produção de imagens fraudadas cada vez mais perfeitas. Praticamente, qualquer usuário de computador pode fazer suas fraudes.
Um caso emblemático é o dos UFOs do Haiti, uma fraude retratada na edição UFO 136 [Artigo Outra Polêmica Atinge a Ufologia, de Renato Azevedo]. Conhece outros episódios que também chamaram muita atenção? No caso dos tais UFOs do Haiti, o objetivo era testar possíveis imagens feitas com computação gráfica para um filme de ficção. Mas alguém achou o resultado muito bom e colocou na internet, causando grande repercussão. Até hoje recebo mensagens de pessoas me consultando sobre esta história e muitos não acreditam que tenha explicação científica – querem que seja uma explicação ufológica. Não conheço outros casos em que tal agito tenha acontecido com tanta intensidade. De qualquer forma, hoje alguns canais de televisão pagam por fotos e vídeos de UFOs. Mas, por sorte, pelo menos na minha região, sempre que surgem novas fotos e vídeos são encaminhados para análise antes que a TV pague por eles.
As constantes fraudes são um argumento que os céticos usam para desqualificar o Fenômeno UFO. Porém, para confirmá-lo, ainda há muitas evidências inequívocas, como os casos de objetos detectados por radares. Mas como se explica as situações em que eles, tanto de dia quanto de noite, são vistos mas não detectados? Isso ocorre porque o radar detecta alvos a partir de um determinado tamanho, um certo diâmetro. Objetos pequenos demais, como as sondas ufológicas, por exemplo, nem sempre são detectados. Além disso, obviamente, nossos amigos dos sistemas de controle de tráfego aéreo, que operam os radares, ainda são muito desconfiados com os ufólogos e não revelam que determinado evento teve registro em radar…
Como você analisa o crescente número de fotos e vídeos de UFOs detectados em infravermelho, fora do espectro visível, e quais são as ferramentas disponíveis para se validar um caso destes? Fraudes com uso de infravermelho, ainda não vi. Mas, nesses casos, uma inspeção do equipamento é bem importante. Há alguns meses, o telescópio do INPE capturou uma frota de objetos não identificados passando pela atmosfera. Eram imagens belíssimas e que me empolgaram bastante. Entretanto, estudando o equipamento, sua posição e alvo, foi possível identificar reflexos de algumas luminárias. O mesmo deve ser feito com qualquer imagem obtida por equipamento, ou seja, uma avaliação de suas características, de seu posicionamento durante o registro do fenômeno, com hora e data exatas e uma correlação com parâmetros que poderiam gerar falsas interpretações.
Em sua opinião, por que as fotos e vídeos de UFOs feitos durante o dia são mais raros do que os obtidos durante a noite? Acredito que seja só uma questão de observação. Normalmente, durante o dia, permanecemos ocupados com nossas vidas, lutando contra o relógio para realizar nossas atividades, e a intensidade luminosa também não ajuda. À noite, estamos mais relaxados, sem a preocupação e a correria que nossas vidas profissionais impõem.
A investigação de fotos e vídeos ufológicos clássicos, aqueles feitos com equipamentos analógicos, deve ser distinta da análise da que se faz com imagens digitais? Poderia explicar cada uma das técnicas? Sim. Fotos e filmes analógicos de supostos UFOs são analisados inicialmente com microscópio eletrônico, quando se busca encontrar defeitos no negativo ou erros durante a revelação – como riscos ou aglutinação de componentes químicos utilizados no processo. Investigamos também diferenças nas bordas de objetos registrados, comparando com elementos a distâncias conhecidas na imagem, tais como árvores, prédios etc. Já no caso das fotos e vídeos digitais, começamos com uma análise dos parâmetros da imagem, que são gravados juntos com a cena e podem ser acessados com softwares específicos. São informações como distância focal, uso ou não de flash, tempo de abertura do obturador etc. Caso existam fotos em seqüência, é feita análise dos intervalos entre as mesmas, avaliação e comparação de seus parâmetros. Isso permite detectar se houve manipulação do material. A parte mais difícil é inspecionar com detalhes as bordas do objeto flagrado em imagens digitais, o que exige horas de análise. Os erros de interpretação, pássaros em vôos, insetos próximos da câmera, nuvens, planetas e satélites sob condições especiais são facilmente identificáveis, ou mesmo as chamadas aberrações ópticas – reflexos internos na lente da câmera. Temos que procurar por inconsistências nas imagens, como sombras e reflexos nos objetos que as compõem e compará-los com UFOs hipotéticos. Isso também exige muitas cópias e ampliações do objeto, com medidas de ângulos das sombras. O mesmo com os reflexos.
Falando sobre a procedência e o deslocamento dos UFOs, você crê que, para vencerem distâncias incríveis, eles se movimentariam acima da velocidade da luz, contrariando um dos principais postulados da teoria da relatividade? Com certeza eles não devem utilizar a velocidade da luz, pois as viagens por longas distâncias ficariam inviáveis. Einstein mostrou que existe um compromisso entre velocidade e massa. Hoje, a idéia mais plausível para validar a possibilidade de vôos espaciais é a teoria dos wormholes ou “buracos de minhoca”, que seriam canais abertos por diferentes buracos negros do espaço, através dos quais os UFOs se locomoveriam e encurtariam drasticamente as distâncias interestelares.
Você acredita que os UFOs possam vir de portais interdimensionais? Sim, acredito. A meu ver, esta é uma das teorias mais aceitáveis, que consegue explicar facilmente as viagens intergalácticas. A ciência tem produzido novas teorias em que o Fenômeno UFO se encaixa perfeitamente, como a das cordas, que trata das dimensões paralelas ou múltiplos universos – os multiversos.
Sendo assim, os UFOs poderiam ser de outras galáxias, localizadas a bilhões de anos-luz da Terra. Mas, neste caso, por que a maioria dos relatos de abduzidos, como de Betty e Barney Hill, indicam que seriam provenientes de constelações de nossa própria galáxia? Nos anos 60, o astrônomo Frank Drake elaborou sua famosa equação para determinar a possibilidade de vida em nossa galáxia. Manipulando seus parâmetros, podemos estimar números diversos, desde que estamos sozinhos na galáxia como que temos mais de 100 mil possíveis civilizações convivendo conosco na Via Láctea. Se realmente existir um meio viável e prático de se locomover por longas distâncias, não vejo razão para não acreditarmos que somos visitados por diversas culturas extraterrestres, das mais diversas origens. Imagine que se estimarmos o nascimento do universo há quase 15 bilhões de anos, e associarmos esse número há um dia, 24 horas, a vida na Terra teria menos de um segundo. E estamos falando dos dinossauros, não dos humanos. É importante frisar que o homem existe há muito pouco tempo. Com certeza outras civilizações mais antigas se desenvolveram antes e nos visitam. Acredito também que o número de ocorrências de abduções conhecidas é bem menor que o real, desconhecido. Temos apenas uma pequena amostra desses casos.
A busca de soluções de origem extraterrestre ou religiosa para nossos problemas pessoais é parte da natureza humana e está na formação do brasileiro. Canalizações de supostos extraterrestres são bem questionáveis, mas a maioria delas contém mensagens positivas e um tipo de auto-ajuda – algumas são até muito bonitas e elogiáveis. Não vejo nada errado nisso
Temos ouvido falar que alienígenas poderiam ter bases em Marte ou mesmo na Lua. Você acha isto possível? Nos relatos que coletei, vi que as naves não enfrentam qualquer problema em se locomoverem tanto no espaço como em nossa atmosfera. Assim, uma vez resolvido o problema das viagens por longas distâncias, teríamos abertas possibilidades de contatos constantes entre os planetas. Será que seria necessária uma base por aqui, em Marte ou na Lua? Tanto a Teoria das Cordas como a dos buracos de minhoca apontam para viagens com tempos de duração pequenos. Talvez nem seja necessário haver uma base na região. Mas o ufólogo e co-editor da Revista UFO Marco A. Petit apresenta provas bem interessantes do contrário, que devem ser pesadas [Veja edições UFO 140 e 145].
Também existem muitos relatos, geralmente originados de supostos contatados, de que os UFOs poderiam vir de universos paralelos. A Teoria das Cordas já explica esta possibilidade teoricamente. Acredita nesta hipótese? Sim, sem dúvida. Aquilo que conseguimos colocar em equações é bem possível de ser provado no futuro. Até pouco tempo, tínhamos conhecimento apenas matemático, teórico, da existência de partículas subatômicas, e hoje já provamos fisicamente sua existência. A ciência tem caminhado para resolver muitas questões sobre a origem da humanidade, e atualmente temos provas contundentes de como se deu o início de nosso universo, na Teoria do Big Bang. Existe até um ditado sobre isso: “Nada pior do que uma bela teoria estragada por um horrível fato”. A ciência está caminhando para aceitar a possibilidade de vida extraterrestre. Com o tempo e o aumento das evidências, em algum momento ela terá que reavaliar seus conceitos, como já aconteceu incontáveis vezes no passado.
A instituição em que você trabalha foi ligada por algumas fontes ao Caso Varginha. Você tem alguma informação a respeito? O INPE não participou deste caso, salvo por meu interesse pessoal. Na época, verifiquei as condições atmosféricas da data em que o episódio ocorreu e consultei alguns conhecidos do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) a respeito, uma vez que existem lá dois laboratórios que teriam os equipamentos necessários para uma análise mais profunda, caso algum material de origem extraterrestre fosse encontrado. Da mesma forma, deixei de sobreaviso pesquisadores da área de materiais, do Instituto, para uma possível análise desses destroços. Também seria uma referência para estudos destes materiais, pois temos um laboratório com todas as condições para efetuar tal prática.
Em sua entrevista a esta publicação em 2003 [Edição UFO 087], você cita os preconceitos e a reação negativa de seus colegas profissionais quanto à Ufologia. Passados seis anos, esta postura mudou, dado o engajamento público de militares de alta patente ligados à Aeronáutica Brasileira? Ainda observo uma descrença na atitude de muitos colegas. Por exemplo, quando coloco uma Revista UFO na sala de leituras do INPE, alguns a jogam no lixo. Mas acredito que isso vai mudar, pois a sociedade está mudando. A presença de militares nos últimos congressos de Ufologia realizados em Curitiba [Veja edição UFO 156] foi expressiva e muito importante. Por exemplo, em uma palestra, o coronel e consultor da Revista UFO Antonio Celente Videira levantou uma pergunta muito importante: o que é necessário para que a Ufologia seja aceita pela sociedade? A resposta também é importante: pesquisa séria e pessoas capacitadas para isso. A Mutual UFO Network (MUFON), um dos melhores grupos de pesquisa ufológica do mundo, conta com dezenas de cientistas das mais diferentes áreas do conhecimento humano cadastrados. Nós também precisamos disso e de investigadores de campos bem treinados. A MUFON faz isso e tem um número significativo de pesquisas de qualidade. Isso ainda falta aqui na América Latina. Necessitamos que os órgãos governamentais, como os institutos de pesquisa e as universidades, sejam abertas a consultas. Muitas vezes precisamos de um parecer de um especialista e não conseguimos devido ao medo da associação de seu nome com um fenômeno polêmico.
Algum de seus colegas cientistas já mostrou interesse em examinar as evidências apresentadas pela Ufologia? Ou após algum grande fato ser apresentado pela imprensa? Por enquanto, apenas um. Ele passou a assistir alguns documentários sobre casos ufológicos e os discute comigo. Mas ainda temos um cientista no INPE que pensa ter o poder da Santa Inquisição. É só colocar uma Revista UFO para circular que ele a joga fora. Porém, a idéia de que Ufologia é coisa de malucos está mudando numa velocidade bem grande.
Muitos dos que se apresentam como céticos na Ufologia Brasileira movem uma campanha para desacreditar a Ufologia, não raro concentrando seus ataques contra a Revista UFO. O que você acha que motiva este preconceito? A Revista UFO está associada a pesquisadores sérios, de bom nível cultural e técnico, com experiência real na pesquisa deste fenômeno. E a inveja de determinadas pessoas quanto ao sucesso da publicação e da Equipe UFO é bem conhecida. Já no lado oposto, infelizmente, a internet criou uma grande quantidade de ufólogos de gabinete, aqueles que fazem suas “pesquisas” apenas virtualmente. Qualquer pessoa hoje se diz ufóloga. Isso sem contarmos os que nem aceitam o Fenômeno UFO, oriundos dos meios acadêmicos. Recentemente, um programa de TV chamou um aluno de doutorado do INPE para uma entrevista sobre Ufologia, e obviamente ele detonou tudo e todos. Um dia destes encontrei o entrevistado e o questionei se ele já havia investigado pessoalmente algum caso ufológico, para que tivesse tal posição refratária. A resposta que ele me deu foi que fez consultas na internet, nada além disso.
Se os céticos atrapalham, aqueles que são excessivamente crédulos e acreditam que tudo é disco voador também são um grave problema que a Ufologia enfrenta. O que pode comentar a respeito? As pessoas costumam se agrupar em função de interesses comuns. Isso acontece em qualquer área, desde grupos que praticam determinada doutrina até torcidas de futebol, passando por aqueles que adoram o seriado Arquivo X ou Star Trek. Da mesma forma, as pessoas que crêem em qualquer coisa que pareça diferente numa foto ou vídeo, geralmente atribuindo aquilo a um disco voador, também se organizam em aglomerados. E como qualquer grupo, existem os bons e os ruins. Os bons discutem o assunto entre eles, mas não tentam converter ninguém. E os que considero ruins querem a todo custo detonar qualquer um que forneça provas diferentes daquelas que eles desejam ver. Existem diversos blogs na internet que denigrem o meu trabalho, o do Claudeir Covo [Co-editor da Revista UFO] e do Gevaerd [Editor]. Temos que aprender a lidar com esta diversidade de cabeças, mesmo que algumas não sejam exatamente pensantes.
Em sua trajetória de ufólogo, você enfrentou a situação de desvendar algum caso, identificando-o como engano ou fraude, e recebeu de volta ataques da pessoa que o teria apresentado, como no Caso Tiazinha, desvendado por Claudeir Covo? [Veja edição UFO 079] Sim, algumas vezes. E em outras ocorreu o contrário: identificamos erros de interpretação de fenômenos supostamente naturais que, para nossa surpresa, depois de novas análises, resultaram ser UFOs legítimos. Um exemplo ocorreu em 1995, na cidade de Aparecida (SP), que estava passando por uma incidência muito grande de avistamentos ufológicos. Para a maioria dos casos conseguimos explicações, mas não para todos.
Em sua opinião, considerando fotos e vídeos, qual é a fraude ufológica mais conhecida? Fora do Brasil, acredito que sejam as imagens produzidas por Eduard Billy Meier, exageradamente nítidas. Os movimentos pendulares de seus UFOs em certas filmagens chegam a ser ridículos. Aliás, um dos objetos, que ele dizia que era um disco voador, foi posteriormente identificado como uma chocadeira de ovos…
E aqui no Brasil? Em nosso país, acredito que o pior caso é o de um suposto contatado que atua num determinado projeto instalado em Mato Grosso do Sul. Há alguns anos ele apresentou a filmagem da suposta explosão de um UFO em sua região, causando comoção e levando muita gente a acreditar que se tratava de algo verdadeiro. Mas, ao analisar as imagens quadro a quadro, facilmente detectei a luminosidade característica da queima de magnésio, utilizado nos sinalizadores. A descida do objeto supostamente em chamas, após a tal explosão, também é bem característica destes sinalizadores. Tudo não passou de uma fraude, que, aliás, a Revista UFO esclareceu na hora. Há alguns anos, um casal conhecido visitou a fazenda onde está o referido projeto e obteve umas fotos do pôr do Sol, em que o astro aparece bem distorcido. Pois os integrantes do tal projeto informaram que o fenômeno era devido à nave de Ashtar Sheran, que se esconde atrás do Sol e, com isso, distorce seus campos magnéticos e energéticos, o que teria sido registrado na foto. Infelizmente, trata-se de um fenômeno bem comum. No final do dia, a Terra devolve a radiação recebida do Sol em forma de calor. Esse calor gera nuvens de partículas de água, que distorcem a luz. É um fenômeno óptico bem conhecido. Mas, enfim, existem muitos casos similares de pessoas que se aproveitam dos incautos e da vontade que têm de crerem em alguma coisa.
Em contrapartida, na sua opinião, quais são as imagens e os casos ufológicos mais confiáveis, tanto internacionalmente quanto no Brasil? Em geral, filmagens feitas no espaço são fantásticas e de difícil explicação. Um exemplo está no documentário Contatos com UFOs no Espaço, produzido por Giorgio Bongiovanni e disponível através da Videoteca UFO [Código DVD-007. Veja Shopping UFO desta edição ou o Portal UFO, no endereço: ufo.com.br]. Ele contém uma quantidade razoável de objetos voando a altas velocidades que não podem ser associados a pedaços de gelo que se descolam dos ônibus espaciais ou das estações orbitais, explicações dadas a eles pela NASA. Já na Terra, um dos casos de que mais gosto é o de Paul Trent, que fez algumas fotos de um objeto discóide em McMinnville, no Oregon, em 1950. Nelas, facilmente descartamos o uso de modelos
pendurados ou atirados ao ar.
Fotos de supostos UFOs que não apresentam qualquer sinal de fraude e não podem ser explicadas de forma convencional também podem ser consideradas boas evidências? Mesmo as fotos mais contundentes não servem como evidência científica. Uma foto ou vídeo pode ser fraudado, uma vez que não foi obtido por equipamentos homologados pelos cientistas. Por exemplo, as luzes de Marfa, na Austrália, apesar da intensa investigação científica que receberam, ainda são inexplicáveis.
Com certeza os UFOs não utilizam a velocidade da luz, pois as viagens por longas distâncias ficariam inviáveis. Einstein mostrou que existe um compromisso entre velocidade e massa. Hoje, a idéia mais plausível paravalidar os vôos espaciais é a teoria dos wormholes ou \”buracos de minhoca\”, que seriam canais abertos por diferentes buracos negros do espaço
Na mesma entrevista que concedeu em 2003, você disse que considerava a manifestação de UFOs na Amazônia, que deu origem à Operação Prato, a principal evidência ufológica brasileira. Além dela, na sua opinião, quais seriam outras situações igualmente confiáveis, após os anos 70? Continuo acreditando que a incidência ufológica que levou à instalação da Operação Prato, em setembro de 1977, em Colares (PA), constitui o melhor conjunto de evidências no Brasil. A chamada Noite Oficial dos UFOs seria o segundo, assim como o Caso Villas-Boas, que foi muito importante para o início do estudo das abduções no país. Mas, em termos de imagens, acredito que a melhor evidência seja uma filmagem da Esquadrilha da Fumaça feita em Campo Grande (MS), em 07 de junho de 1998, quando cinco objetos foram filmados próximos da apresentação [Veja edição UFO 060]. Outro caso muito significativo, porém sem registro de fotos, é o do empresário gaúcho Haroldo Westendorff, que observou um enorme objeto sobre a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, em 05 de outubro de 1996 [Veja edição UFO 048]. E também temos, é claro, o interessantíssimo caso de uma sonda ufológica filmada em Capão Redondo, na capital paulista, em 02 janeiro de 1998 [Veja edição UFO 058].
O Caso Capão Redondo é até hoje muito comentado. Quais são as particularidades do vídeo feito na ocasião? Esse acontecimento foi bem pesquisado, mas fracamente documentado. Na época, eu investigava ocorrências diversas para minha satisfação pessoal, na intenção de explicar o fenômeno. E na pesquisa que fiz ao lado de Claudeir Covo, tentei eliminar todas as alternativas lógicas para o fato registrado, que não poderia ser uma pipa, um helicóptero comandado por controle remoto e nem balão. Assim, após realizarmos um levantamento do terreno e dos locais por que a sonda passou, eu e Covo não conseguimos associar sua trajetória à de uma pipa típica – que era nossa intenção inicial. Muita gente não sabe, mas é comum termos filmagens similares em que uma pipa carrega uma lanterna de vela. Trata-se de uma garrafa pet cortada ao meio, com uma vela pendurada dentro. Em razão desta hipótese, fizemos uma comparação da luminosidade da sonda com a dos postes por onde ela passou, concluindo que estávamos diante de uma potência da ordem de 100 W, impossível de ser obtida com velas ou lâmpadas. Após eliminarmos todas as hipóteses prováveis, resolvemos então aceitar a tese de que se tratava de uma sonda ufológica.
E quanto à tese de que se tratava de um relâmpago globular ou raio bola, que chegou a ser apresentada na época pelo astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, entre outros? Não tem cabimento, porque o local em que o objeto foi filmado apresentava uma densidade de fios elétricos altíssima. Havia fios passando em praticamente todas as direções. Na época, conversamos com o campeão brasileiro em vôo de helicóptero comandado por controle remoto e mandamos as imagens para ele, que nos disse que é muito difícil voar à noite. Ele também comentou que a movimentação da sonda não se parecia com a de um aeromodelo. Então conversamos com o especialista em raios bola do INPE, o doutor Osmar Pinto, que nos informou que estes fenômenos têm apenas alguns segundos de duração, e o objeto que foi filmado ficou visível por quase meia hora. Portanto, estava descartada a tese do aeromodelo, assim como foi a de uma pipa.
Falemos de eventos clássicos da Ufologia Brasileira e Mundial. O que você pensa do Caso Ilha da Trindade, famoso pelas fotos de um UFO discóide feitas por Almiro Baraúna? Por que acha que alguns céticos ainda combatem tais evidências, desinformação ou ignorância? Para mim, este é um dos casos mais importantes da Ufologia Brasileira. Além das testemunhas a bordo do navio-escola Almirante Saldanha, da Marinha, o objeto foi fotografado por um profissional, em 16 de janeiro de 1958. O próprio Baraúna, em entrevista a Marco Petit [Veja edição UFO 054], afirmou que toda a tripulação foi ouvida logo após a observação e que as fotos foram avaliadas por especialistas. Segundo o fotógrafo, o serviço secreto da Marinha fez um intenso estudo sobre o caso, concluindo que não se tratava de fraude nem de defeito no equipamento. Minha esperança é um dia ler este relatório. Quem sabe, com essa leva de documentos ufológicos que estão sendo liberados pelo Governo, possamos examinar este material histórico. No entanto, é preciso estar atento, porque mesmo estas fotos podem ser controversas. Sim, pois da mesma forma que posso puxar delas detalhes que levem a uma explicação que dê subsídios para uma hipótese ufológica, posso encontrar nelas elementos que levem à conclusão de que se tratava de algum fenômeno físico. A meu ver, este é o enorme problema do Fenômeno UFO: cada foto mostra um objeto diferente, com características físicas distintas.
E sobre as fotos de McMinnville, obtidas por Paul Trent, que você mencionou há pouco como um dos melhores casos da Ufologia Mundial, o que nos diz? Talvez sejam as fotos mais intrigantes da Ufologia, com as maiores possibilidades de serem reais. Porém, como disse acima, podemos puxar esta sardinha para qualquer gato. A questão é se podemos confiar no fazendeiro Paul Trent. Alguns ufólogos renomados dizem que não, que ele queria apenas aparecer em um momento em que avistamentos de UFOs eram constantemente nas primeiras páginas dos jornais, e por isso fez as fotos, que então seriam fraudes. Lembremo-nos ainda de que suas fotos foram obtidas apenas alguns anos depois de Roswell, um dos maiores caso da Ufologia Mundial. A favor da hipótese extraterrestre, no entanto, está o fato de que não se tratou de um modelo pendurado em árvore, ou mesmo jogado ao ar e fotografado. O Caso McMinnville foi estudado por cientistas do Comitê Condon, que concluíram que não há razão para supor má-fé das testemunhas, Trent e sua esposa.
O que você pode dizer sobre as fotos de Hex Heflin, obtidas na Califórnia, em 1965, que alguns ufólogos ainda consideram fraudulentas? Estas imagens são interessantes por terem sido tiradas com uma câmera Polaroid. As fotos também foram analisadas por cientistas e não apresentaram indícios de fraude. Porém, uma coisa que me intriga é que objeto retratado não projeta sombra. Heflin, entretanto, era uma testemunha altamente confiável, funcionário do serviço de estradas do governo norte-americano. Esse caso foi analisado e legitimado pela MUFON, que já citei. E como sou fã incondicional deste grupo, acredito que a foto de fato registra um objeto discóide sobrevoando nosso planeta. Aqui vale ressaltar que o UFO tem uma aparência que jamais foi vista novamente. Por isso, a situação fica comprometedora como evidência.
A onda ufológica belga de 1989 e 1990 também é considerada uma das melhores evidências da Ufologia Mundial, quando imensos objetos triangulares foram avistados e fotografados, além de confirmados pelos radares do controle de tráfego aéreo belga e pelos equipamentos de bordo de caças F-16, enviados em uma tentativa de interceptação. O que pode comentar? Esses casos são muito impactantes. O governo da Bélgica confirmou tudo e mostrou imagens registradas pelos radares e pelos pilotos dos caças. Recentemente, o general Wilfried de Brower, comandante da aeronáutica belga, fez mais uma declaração pública admitindo a realidade dos fatos.
Infelizmente, é muito comum a falta de documentação em casos ufológicos autênticos, tais como fotos, filmes e gravações sonoras. Porém, muitos deles são relatados por pessoas idôneas. Como você se posiciona diante destes casos? São as testemunhas idôneas que dão o sustento para a Ufologia, como no caso que citei, do piloto gaúcho Haroldo Westendorff. O mesmo se repete com o comandante Gerson Maciel de Britto, protagonista do Caso Vasp Vôo 169, que agora volta à tona com os documentos recém liberados pelo Governo [Veja artigo nesta edição]. Além de inúmeros outros. A riqueza de detalhes e a aversão das testemunhas a que seus nomes sejam conhecidos reforçam bastante a credibilidade de suas experiências.
De uns três anos para cá, diversos países começaram a liberar, pelo menos parcialmente, documentos com casos ufológicos bastante interessantes. A que você creditaria esta mudança dramática de atitude perante o Fenômeno UFO? Se observarmos atentamente os casos liberados, não há nada demais. Poucos são realmente interessantes. Nos documentos liberados pelo Governo Brasileiro, por exemplo, ainda falta muita coisa relevante a ser tornada pública.
Certamente, mas já é um progresso. No entanto, a maior potência do mundo, os Estados Unidos, ainda se mantém silenciosa e patrocinando ostensivamente o acobertamento. A que você atribui isso? Isso não tenho como responder. O acobertamento norte-americano é notório e, com a liberação de documentos do Projeto Majestic 12, constatamos que é real e que muita informação continua escondida em algum lugar. Nos poucos arquivos liberados pelos Estados Unidos até agora, vemos relatos enviados pelas autoridades militares de diversos países aos norte-americanos, mostrando que existe um intercâmbio de informações de caráter ufológico entre as nações.
Por que a Inglaterra, politicamente ligada aos EUA, teria divergido da postura de acobertamento ufológico do parceiro e liberado mais de 7 mil documentos sobre o tema, antes secretos? Acredito que é porque os ingleses sempre foram independentes dos norte-americanos. Todavia, as liberações da Inglaterra ainda são frágeis, embora esperadas. Tenho lido os relatos e alguns são interessantes. Espero que os ufólogos ingleses agora correlacionem os casos liberados com possíveis investigações feitas anteriormente, por ufólogos independentes.
Vamos falar um pouco dos seres extraterrestres e de suas presumidas intenções. Você acha possível estarmos sendo visitados por mais de uma civilização? Tudo leva a crer que sim. A quantidade de modelos de UFOs que são vistos em todo o mundo e descritos pelas testemunhas ou mostram que a General Motors do lado de lá é bem mais produtiva do que a daqui, ou que realmente somos visitados por diversas civilizações.
Você acredita em abduções alienígenas? Sim, acredito. Existem casos bem ricos em detalhes e de alta credibilidade. Por exemplo, o livro Testemunho Oficial, de Budd Hopkins [Educare, 2001], que trata do seqüestro de Linda Cortile em pleno centro de Nova York, impressiona pelo detalhismo e nível dos testemunhos. Já os casos de abdução no Brasil ainda não são analisados cientificamente, ou seja, não existe pesquisa e sim tentativas de fazer com que o abduzido retorne à vida normal.
O acobertamento norte-americano é notório e, com a liberação de documentos do Projeto Majestic 12, constatamos que é ral e que muita informação continua escondida em algum lugar. Nos poucos arquivos liberados pelos Estados Unidos até agora, vemos relatos enviados pelas autoridades militares de diversos países aos norte-americanos, mostrando que existe um intercâmbio de informações de caráter ufolígico entre as nações
Você crê que alguma das raças que nos visitam intervenha na Terra de alguma forma, implantando conhecimentos que auxiliem o nosso desenvolvimento? Não, não acredito nisso. Muito se fala que são as explosões nucleares que atrairiam essas civilizações, que estariam interessadas em nosso progresso e preocupadas com nossa possível autodestruição. Nada tenho contra a idéia de que possam estar interessadas em nosso progresso, mas, especificamente, não temos registro de que recebemos qualquer ajuda delas. Tudo o que a humanidade conseguiu, foi por esforço próprio. Tecnologia, medicina, bem-estar, tudo é conseqüência de conquistas alcançadas passo a passo. Não existe uma única área de conhecimento em que tenha aparecido uma tecnologia nova do nada – todas vieram de muitos erros e acertos, e de investigação intensa.
Porém, o ufólogo norte-americano Robert Hastings, embasado em testemunhos de pessoas ligadas ao sistema bélico norte-americano, afirma que há uma vigilância de nosso arsenal atômico por parte de outras espécies cósmicas, inclusive desativando ogivas e mísseis nucleares em testes [Veja detalhes no livro Terra Vigiada, código LIV-025 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. O que tem a dizer sobre isto? Um destes casos, que mostra a desativação de um míssil de teste, é realmente interessante. Ele ocorreu após o lançamento de um míssil de testes da Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, em 1964, e está retratado também no DVD Destino Terra [Código DVD-024 da coleção Videoteca UFO], é um dos melhores documentários sobre o assunto, que sugiro fortemente aos leitores. Mas pergunto qual a razão de se desativar um míssil de teste? Não vejo nenhuma utilidade prática nisso, pois em nada contribuiu para o desaparelhamento nuclear. Aliás, o míssil não carregava nada letal, já que era de teste. A única coisa que resultou desta ação foi um maior investimento em tecnologia de blindagem dos projéteis.
Alguns ufólogos brasileiros acreditam que nosso litoral esconda bases submarinas de civilizações não humanas, de onde viriam os discos voadores, neste caso objetos submarinos não identificados ou OSNIs. Aceita esta hipótese? Sim, acho ela mais viável do que a que alude a bases lunares. Mas ainda temos poucas evidências sobre OSNIs, basicamente apenas relatos. Embora estes depoimentos existam desde a Idade Média e até antes dela, com relatos de artefatos saindo do mar feitos por comandantes romanos e em pleno cenário de batalha.
Qual é a sua opinião sobre as chamadas “flotillas mexicanas”, hoje aparentemente em todo o mundo, consideradas por alguns estudiosos como frotas de dezenas e até centenas de UFOs, geralmente esféricos? Até o momento, não vi nenhum vídeo destas flotillas que me empolgasse. Todos os registros mostram apenas balões seguindo o vento. Acreditaria que fossem frotas de UFOs caso os objetos que as compusessem mudassem de direção. Tais fatos são muito comuns no México, e sobre isso veja que, enquanto o Brasil tem uma cultura de soltar balões na época das festas juninas – inclusive atualmente uma ação ilegal –, lá existe a tradição de se lançar balões o ano todo. Os vídeos que o ufólogo mexicano Jaime Maussán apresenta não mostram objetos em formação fazendo mudanças de trajetórias. E também não mostram um artefato maior se dividindo em muitos menores, como se disse, mas sacos com muitos balões em seu interior, com suas “bocas” abertas para que eles saiam à medida que o conjunto sobe.
Ainda sobre as flotillas, há uma gravação que mostra um caso surpreendente, ocorrido na Cidade do México, em 27 de fevereiro de 2005 [Veja edições UFO 109, 110 e 112]. Sobre ele, Maussán revelou ao editor A. J. Gevaerd ter ouvido do general Vega Garcia, titular da Secretaria de Defesa Nacional do México, que o aparato de defesa aérea do país entrou em prontidão naquela hora e que caças iam ser enviados para identificar a estranha formação, o que acabou não ocorrendo. Há também a informação de que os radares captariam algumas flotillas, provando que não podem ser meros grupos de balões. Sobre este caso, o que opina? Vi a filmagem, e pela forma como voam, acredito que se trate de um conjunto de balões. Uma análise deste vídeo quadro a quadro mostra movimentos relativos entre os balões, como era de se esperar. Há uma série de detalhes técnicos que poderiam explicar o movimento dos balões, com alguns ora mais à frente de outros, mas não vamos descrevê-los aqui para não cansar o leitor. De qualquer forma, existem alguns casos intrigantes que a Força Aérea Mexicana (FAM) registrou em radar, e que merecem um estudo melhor. É necessário correlacionar os dados registrados pela FAM com os vídeos obtidos por testemunhas, e talvez assim consigamos separar o joio do trigo.
Outro fato muito comentado é o dos tais “UFOs fortuitos”, cujos casos têm se intensificado com as novas câmeras digitais. Eles seriam objetos flagrados pelos equipamentos sem serem vistos no momento. O que pensa disso? Eu particularmente não acredito em UFOs que aparecem registrados na câmera sem que os fotógrafos os tivessem visto no momento das fotos. Até agora não analisei nenhuma foto deste tipo que não seja um erro de interpretação. Praticamente 100% das imagens que examinei mostram “pássaros fortuitos”. O pesquisador deve conhecer aquilo que existe na natureza e como aparece em uma foto, antes de declarar algo. Aquele que pretende seguir este caminho deve fotografar pássaros em vôo para observar como são registrados na imagem, e posteriormente compará-las às apresentadas em casos semelhantes, quando se suspeita de UFOs.
E sobre os controversos rods, que para alguns pesquisadores seriam uma forma de vida desconhecida, enquanto para outros são apenas pássaros ou insetos fotografados em condições incomuns? Qual é sua opinião sobre eles? Existe uma infinidade de fotos e vídeos de rods, alguns até bem intrigantes e que realmente poderiam ser de alguma forma de vida ainda desconhecida. Por exemplo, estranhos corpos longos e aparentando ter barbatanas, como mostrados em alguns documentários, são bem intrigantes. Agora, aquelas imagens em que pontinhos de luz fazem evoluções em dado local são facilmente explicadas como gravações de insetos filmados com o que chamamos de obliteração de fonte de luz – solar, lunar ou de uma luminária. A fonte de luz é tampada por uma parede ou um anteparo qualquer,