Editor: Quando a equipe da revista UFO Especial esteve em Varginha, ficou muito impressionada com o testemunho das irmãs que desencadearam toda a investigação desse caso. Estas garotas tiveram suas vidas completamente transformadas após aquela tarde de janeiro em que viram uma criatura que como elas descrevem, “não era nem um homem nem bicho”.
De lá para cá, as meninas não pararam mais de dar entrevistas para a imprensa e ficaram conhecidas nacionalmente, mas dizem que se pudessem voltar no tempo não iriam querer viver tudo de novo. Não conseguem esquecer a imagem do ET. E pior: têm medo de que algo lhes aconteça. Após a divulgação do caso pela imprensa, receberam a visita de quatro homens desconhecidos que tentaram suborná-las, oferecendo dinheiro suficiente para realizar todos os seus sonhos. São duas meninas simples: Valquíria, de 14 anos de idade, está na 6ª série: Liliane, de 16 anos, faz a 7ª série e trabalha num escritório de advocacia.
Por enquanto, as duas irmãs e a amiga Kátia são as principais testemunhas do Caso Varginha. Como afirma o pesquisador Ubirajara, foi somente a partir do depoimento delas que conseguiram chegar a todos os outros detalhes sobre o caso: “Elas são as principais testemunhas porque só elas puderam vir a público até agora. Partimos do que elas disseram para darmos início às investigações. Não temos dúvida sobre a veracidade de seus depoimentos, principalmente por causa do abalo psicológico que elas demonstraram”, disse Ubirajara à Equipe UFO Especial.
Contudo, os pesquisadores acham que é preciso protegê-las de certos tratamentos, como hipnose ou regressão. Os psicólogos consultados até agora disseram que as garotas ainda não estão em condição de ser submetidas a tais terapias, principalmente porque elas podem reviver o trauma e as emoções negativas que tiveram durante a experiência. Na entrevista a seguir, as meninas falam sobre o que mudou em suas vidas após o caso, em seu modo simples e mineiro.
UFO — Como as pessoas têm tratado vocês depois de tudo o que aconteceu?
LILIANE — Algumas pessoas, que nem me conhecem, já fizeram brincadeiras maldosas comigo. Já disseram até palavrões. Na escola, começaram a falar que eu estou grávida do ET, daí eu começo a rir. Isso é uma bobagem e tenho certeza de que tem gente que não gosta de mim naquela escola.
UFO — E quanto ao que vocês viram realmente, como aconteceu?
LILIANE — Eu e a minha irmã estávamos ajudando a Kátia no serviço dela. Nós não íamos trabalhar no sábado, mas fomos ajudá-la. Lá pelas 15h00 já estávamos cansadas e fomos embora. Descemos perto do escritório do Ubirajara e seguimos reto, até chegarmos a um atalho cheio de árvores. E perigoso, porque nos sábados os homens vão pra lá fumar maconha, essas coisas.
UFO — Já viram gente fumando maconha lá? Ou vocês só estão supondo?
LILIANE — Não, é que a gente estava descendo e tinham quatro homens lá em cima e dois na linha do trem, daí ficamos com medo. Íamos tomar um atalho, mas resolvemos seguir pelo caminho normal.
“De onde eu estava, dava pra ver que era alguma coisa de madeira, que não era nada parecido com gente. Olhei direito, vi que estava soltando um óleo. Era como se tivesse passado um óleo no corpo ou estava suando muito. Estávamos a uns 7 ou 8 metros dele”
UFO — E o que aconteceu depois disso tudo?
LILIANE — Passávamos por um lote. Eu estava olhando justo para a parede onde ele estava encostado, porque tinha uns nomes pichados. De repente, olhei assim pra baixo e o vi… Nenhuma de nós achou que fosse homem.
UFO — O que vocês duas pensaram que fosse?
LILIANE — De onde eu estava, dava pra ver que era alguma coisa de madeira, que não era nada parecido com gente. Olhei direito, vi que estava soltando um óleo. Era como se tivesse passado um óleo no corpo ou estava suando muito. Estávamos a uns 7 ou 8 metros dele.
UFO — Vocês pararam de andar quando isso aconteceu?
LILIANE — As outras meninas ainda não tinham visto nada. A Kátia parou no trilho do trem pra arrumar a sacola e a gente foi descendo. Só que, na hora que eu vi, parei e elas estavam conversando. Não tinham visto ainda; eu que vi primeiro. Aí. fiquei olhando, e falei : “gente olha lá”, e saí correndo, mas não corri muito. A Kátia gritou. Foi aí que ele olhou para nós e vimos perfeitamente como era. Quando elas gritaram, ele se assustou e olhou com cara de medo.
UFO — Você viu aqueles olhos e ficou mais assustada ainda. O que você achou que fosse?
LILIANE — Pensei que fosse um demônio. Para mim, só podia ser um demônio, ali, diante de nós.
UFO — De que religião vocês são?
LUÍSA (MÃE) — Somos católicos, vamos sempre à igreja, lodo domingo comungamos, confessamos, tudo isso. Mas depois do caso, até o padre andou fazendo piadinhas com a gente. Uma vez ele veio celebrar a Semana Santa aqui, daí fez brincadeiras no meio da celebração. E todo mundo na igreja caiu na risada.
UFO — Voltando ao avistamento, quanto tempo vocês ficaram olhando o ET?
LILIANE — Foi rápido, mas deu pra eu ver quase tudo. Não tudo, só os detalhes que apareciam. A criatura ficava agachada o tempo todo; só mexeu a cabeça para o lado quando olhou pra gente, mas quando olhou, abaixou-se novamente e ficou com medo.
UFO — Vocês acham que ele ficou com medo de vocês? Mais do que vocês ficaram dele?
LILIANE — Acho que ele estava fazendo alguma coisa. Estava com vontade de fazer alguma coisa, só que não sei o quê. Na hora em que a gente viu, ele estava paradinho e não fazia nada. estava agachado ali.
UFO — Você achou que ele estava doente, com dor ou medo?
LILIANE — Estava sofrendo e com medo. Como se o ar daqui fizesse mal pra ele. O calor daquele dia estava demais. Era um dia lindo. Acho que ele estava se sentindo abafado.
UFO — Valquíria, o que você sentiu? Foi a mesma coisa que sua irmã sentiu naquela hora?
VALQUÍRIA —
Para mim, era um coração de boi, uma carne… Parecia que era um monstro. Se alguém colocasse a mão, parecia que ia arrebentar. Tinha um monte de veias vermelhas no pescoço dele. O corpo era marrom muito escuro, inteiro da mesma cor. Não deu para ver mais, porque ele não ficou em pé nenhum momento.
“Eu nem olhei para o extraterrestre direito. Saí correndo dali. Não quis ficar olhando muito pra aquilo. Quem viu mais foram a Liliane e Kátia, que ficou parada e até passou mal… Se me perguntarem, eu digo: já acreditava em ET antes…”
UFO — E o que aconteceu depois, vocês foram embora?
LILIANE — Eu as avisei. Voltamos pelo trilho, passamos pela rua e descemos. Mas estávamos correndo e olhando pra trás. Ele continuou no mesmo lugar e do mesmo jeito.
UFO — E quando vocês chegaram em casa?
LILIANE — Encontramos com a nossa mãe e disse pra ela que tínhamos visto um demônio. A gente estava chorando, muito nervosas mesmo.
UFO — Vocês começaram a contar para a vizinhança toda? Qual foi a reação desse pessoal?
LILIANE — Não, não contamos para ninguém. Mas vieram muitas pessoas na hora, porque a gente estava chorando ali. Depois disso, nunca mais dormimos direito. Eu fiquei umas três semanas sem dormir, quando passou um mês, eu consegui sonhar. Sonhei que tinha visto a mesma criatura.
UFO — O que você sentiu em relação à criatura?
LILIANE — Fiquei com medo e dó ao mesmo tempo. Achei que ela podia estar machucada. A Kátia queria voltar, mas tivemos receio.
UFO — Vamos falar das descrições do ET. As características coincidem com os desenhos que estão sendo feitos por aí, com a cabeça grande, três chifres?
LILIANE — Sim, é parecido. Parecia que tinha uma graxa no corpo, um óleo.
UFO — O Pacaccini disse que vocês tentaram achar uma cor para comparar, mas não conseguem uma cor que seja igual à da criatura. As veias eram mais claras, mais escuras ou da mesma cor?
LILIANE — Dava pra notar as veias porque elas não eram da mesma cor que o corpo dele. eram um pouco diferentes.
UFO — E elas pulsavam, parecia que tinha sangue correndo dentro delas? Como era?
VALQUÍRIA — Não, essas veias eram saltadas, bem aparentes.
UFO — E os olhos eram daquele jeito, avermelhados?
LILIANE — Daquele jeito, mas não eram tão grandes.
UFO — Ele sorriu? Em algum momento demonstrou alguma reação? Parecia que ele estava sofrendo ou coisa assim?
LILIANE — Não. Enquanto ele olhou pra mim e eu olhei no rosto dele, o que eu vi foram só os olhos. Não tinha sobrancelhas, não tinha nada: cílios, cabelo, pálpebras, escarras, nariz, boca, nada na cabeça. Dava pra ver os chifres e os olhos.
UFO — Os olhos tinham pupila?
LILIANE — Não, não tinham nada, só aquele vermelho grande, que dava no olho todo. Era assustador.
UFO — Os chifres mexiam?
LILIANE — Não, e eram da mesma cor que o resto do corpo. Um tom meio amarronzado escuro.
UFO — E a criatura tinha algum pêlo no corpo? Estava com alguma roupa?
LILIANE — Não tinha nada.
UFO — O Sol estava batendo sobre o corpo da criatura?
LILIANE — Não, onde ela estava sentada não batia sol, mas também não fazia sombra.
UFO — O que você acha que ela estava fazendo lá?
LILIANE — Podia estar se escondendo do Sol, estava muito quente. Eu acho que ela estava sofrendo, porque o clima podia fazer mal pra ela, o ar. E que, por isso, ela estava sentindo muito calor.
UFO — Você não ouviu ela emitir som, chiado, piscada ou algo parecido?
LILIANE — Não, nada.
UFO — Você olhou nesse momento em volta pra ver se tinha alguma coisa ou alguém?
LILIANE — Não tinha nada. Só estava a gente ali naquele lugar e a criatura, mais ninguém. Na época, tinha mato e umas construções apenas. Ai, depois que descemos a rua, tinha umas construções com uns homens, mas estávamos com muito medo e nem paramos. Eles trabalham até o meio dia e param; às 15h00 não tinha mais ninguém. Deus me livre se aquela criatura tivesse agarrado a gente ou sei lá. Não tinha uma viva alma lá. A Kátia chegou se sentindo mal e teve que ir para o hospital.
UFO — Mesmo achando que era demônio, você ficou com dó da criatura?
LILIANE — Fiquei com dó por causa do jeito que ele me olhou, ele me passou tristeza também.
UFO — Você também sentiu a mesma coisa, Valquíria?
VALQUÍRIA — Eu nem olhei para ele direito, saí correndo. Não quis ficar olhando muito. Quem viu mais foi a Liliane e a Kátia, que ficou parada e passou mal.
UFO — Vocês acreditam em ET, seres do outro mundo?
VALQUÍRIA — Acreditamos. Eu já acreditava antes.
UFO — Como as pessoas que vocês conhecem têm reagido à sua experiência. As pessoas têm gozado de vocês na cidade, no colégio?
LILIANE — Isso acontecia no começo. Hoje eu já nem saio mais, para lugar nenhum, senão ficam mexendo com a gente. Os lugares que eu freqüentava, não vou mais. Alguns amigos também se afastaram.
UFO — O que vocês pensam em fazer daqui pra frente na vida de vocês ? O fato de ter visto o ET mudou os seus planos?
LILIANE — Antigamente, antes da história, eu queria ser jornalista, hoje não quero mais.
VALQUÍRIA — Eu quero ser professora de natação.
UFO — E a popularidade de vocês, as pessoas encontram vocês na rua e querem falar com vocês. O que acham disso?
LILIANE — Domingo, um moço falou assim pra mim: “Hei, foi essa menina que viu o ET”, e não queria deixar eu sa
ir. Pedi para as meninas me tirarem daquele lugar. Outro dia, eu e a Kátia estávamos no ônibus, de repente, juntou uns cinco ou seis e pegaram autógrafo, mas tinha uns gozando.
UFO — E você, Valquíria, o que está achando de toda essa popularidade que vocês atingiram?
VALQUÍRIA — Sei não… Sabe que eu até recebi uma carta de Chapecó, de um tal de Valmir. Acho que as pessoas são curiosas…
UFO — E isso acrescentou alguma coisa para vocês?
LILIANE — Metade sim, outra não. Conheci pessoas mais velhas, além dos ufólogos.
UFO — Vocês se sentem mal quando as pessoas ficam ridicularizando vocês?
LILIANE — No começo sim, algumas vezes me sentia, mas agora são poucas.
UFO — E vocês sentem alguma tristeza, angústia?
LILIANE — Quando a gente dá entrevista, eu me sinto mal, sim. Tenho que ficar lembrando tudo novamente.
UFO — Vocês têm curiosidade de saber onde foi parar essa criatura? Se o Exército tomou conta dela?
LILIANE — Eu queria que o achassem, pra todo mundo parar de me encher a paciência.
UFO — Vocês queriam ver só para mostrar pra todo mundo, ou pra ver o que aconteceu com ele?
LILIANE — O que aconteceu, pra mim, tanto faz. Agora, vê-lo novamente, eu não quero.
UFO — O que vocês acham dessa pesquisa que o Ubirajara e o Pacaccini estão fazendo? Acham que é perda de tempo ou coisa séria?
LILIANE — Não, não é perda de tempo não. E coisa séria, se não fossem eles, iria acabar tudo aqui. Mas eles estão levando tudo muito a sério.