Um engenheiro da NASA propôs um design para um novo tipo de propulsor espacial que, em teoria, poderia chegar a 99% da velocidade da luz. Com isso seria possível ir à Lua em menos de 1 segundo, a Marte em 12 minutos ou à Netuno em 4 horas.
Proposto por David Burns, do Marshall Space Flight Center no Alabama, o Helical Drive (Propulsor Helicoidal), se aproveita do fato de que a massa de um objeto aumenta de acordo com sua velocidade. Simplificando bastante a ideia, imagine um “tubo” longo e fechado, com um objeto dentro que se move constantemente de uma ponta para a outra.
Quando o objeto atinge uma das pontas do tubo, gera uma força de aceleração no sentido do movimento. Mas ao atingir o outro lado, o objeto gera uma aceleração igual no sentido contrário. As forças se cancelam, e o tubo permanece parado.
É o postulado pela terceira lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”
Mas se fosse possível alterar a massa do objeto durante o trajeto de um lado para o outro a força gerada em um dos lados seria maior, gerando movimento em direção a este lado. Na proposta de Burns o objeto seriam íons, e sua massa seria alterada modificando sua aceleração com um acelerador de partículas.
Motores de foguete que não precisam de propulsor já foram propostos: esta é uma ilustração do EM-drive. Ilustração de Luis Molina
De acordo com os cálculos do engenheiro, seria possível atingir uma velocidade máxima de 297 milhões de metros por segundo, 99% da velocidade da luz ( 299.792.458 metros por segundo). Entretanto, o próprio Burns é o primeiro a afirmar que a ideia é no momento apenas um conceito que ‘não foi analisado por especialistas no assunto’ e que ‘pode conter erros nos cálculos’. O motor também teria de ser grande, com cerca de 200 metros de comprimento e 12 metros de diâmetro.
Além disso, o conceito é extremamente ineficiente: seriam necessários 165 Megawatts de força para gerar um impulso de 1 Newton, equivalente à força necessária para pressionar uma tecla no teclado de seu computador. Mas assim como em uma vela solar ou propulsor iônico, tal força seria acumulada com o tempo, com a velocidade da espaçonave dobrando a cada segundo.
A aceleração seria lenta, mas a velocidade final, dado tempo suficiente, seria muito superior a qualquer coisa já construída. Burns trabalhou na ideia de forma privada e sem qualquer subsídio da NASA, ou seja, o propulsor helicoidal não é um projeto oficial da agência espacial norte-americana. O cientista sabe que a ideia é controversa, mas afirma: “você tem que estar preparado para ser envergonhado. É muito difícil inventar algo completamente novo e que realmente funciona”.
Fonte: New Scientist