O final de semana em Ipuaçu, Santa Catarina, fui muito agitado. Algo inusitado surgiu em duas plantações da região. Os famosos agroglífos, muito conhecidos na Inglaterra por círculos ingleses. O primeiro a registrar o caso foi o agricultor Inézio Trentin, residente na comunidade de Toldo Velho, distante cinco quilômetros da cidade. O proprietário notou algo diferente em sua plantação de trigo no domingo, 09 de novembro. Trentin observou em sua lavoura um círculo amassado envolto de aproximadamente um metro de trigo intacto, e outro círculo ainda maior ao redor do menor e com aproximadamente 19 m de diâmetro. O que mais chamou a atenção do agricultor foi que não havia nenhum rastro que pudesse indicar a passagem de pessoas, máquinas, veículos ou animais no local, porque toda a plantação em volta estava intocada. “É muito estranho, como alguém chegaria até lá sem amassar nenhum pé de trigo? Eu e meu filho olhamos com calma, mas dificilmente alguém chegaria lá por terra, atravessando a lavoura sem fazer um grande estrago, já que o trigo é plantado bem próximo”, disse Trentin.
Sem saber ao certo o que havia acontecido em sua plantação, o proprietário foi até a Delegacia de Ipuaçu fazer um Boletim de Ocorrência, temendo que algum vândalo, mal intencionado tenha feito as marcas e que pudesse voltar e praticar algo pior. “A gente nunca sabe o que pode acontecer”, acrescentou, parecendo não acreditar que possa ter sido ação de seres extraterrestres, mas também não se convenceu de que um ser humano seja capaz de fazer algo tão perfeito. O segundo caso aconteceu na propriedade de Nilson Biazzotto. Um círculo com as mesmas proporções foi encontrado pelo agricultor quando se dirigia à lavoura com sua colheitadeira. O misterioso círculo fica em meio à plantação, a mais de 25 m da estrada. O agricultor contou que inicialmente achou ter sido obra de jovens, fazendo cavalo-de-pau em meio ao cultivo, mas um funcionário lhe chamou a atenção sobre a uniformidade do círculo.
Para o policial militar Tiago Antunes, que atendeu as duas ocorrências, o caso é muito estranho, porque realmente não há nenhum indício que possa comprovar a autoria dos casos, principalmente porque não existem marcas registrando a passagem de nada nem de ninguém no local. “Não há nenhum pé de trigo pisado até chegar ao círculo e a parte que está amassada está prefeita, tudo no mesmo sentido e em forma de caracol”, relatou o policial. A localidade de Toldo Velho foi atração nos últimos dias. Entre os moradores, a sensação era a mesma: nunca haviam visto algo semelhante e não tinham dúvidas de que os círculos não foram feitos por máquinas, tratores ou veículos. A hipótese de tornado está praticamente descartada, pois as plantas estão acomodadas e bem definidas, sem qualquer sinal de terem sido atingidas por ventos ou chuva de pedras.
Os agroglífos, como também são conhecidos, estão marcados e delimitados por uma faixa de aproximadamente um metro com plantas em pé, sem sinais de qualquer amassamento e estas seguidas de outra faixa de plantas amassadas, agora com cerca de dois metros de largura, com os caules derrubados de maneira uniforme e igualmente no sentido horário. Nem dentro do círculo maior, nem no “anel” de dois metros, há sinais de fumaça, nem palhas queimadas ou mesmo quebradas: os caules estão estendidos no solo, com os cachos indicando que elas foram tombadas como que pela ação de uma antiga enceradeira, em sentido horário. A professora Sarita de Biasi levou seus alunos do Colégio Padre Antônio Vieira, de Ipuaçu: “Viemos medir os círculos. Sou professora de física e de matemática e achei o fenômeno estranho. Medimos a área e o perímetro com trena e a partir do raio, fizemos o cálculo do e depois conferimos. Verificamos que a figura se aproxima de uma circunferência quase que perfeita”. O professor de matemática, Adilar Mocelin, acompanhou Sarita na medição e nos cálculos. O diâmetro medido foi de 19,40 m. O círculo de fora teve largura variável entre 2,30 m e 2,60 m. O cálculo do perímetro do círculo interno – comprimento – deu 61 m e a área chega a 296,6 m quadrados, de acordo com as contas dos professores.
Gerônimo Galetti, fotógrafo em Ipuaçu, capturou várias imagens do misterioso círculo, mas os encontrados nas terras da família Trentin, a cinco quilômetros da lavoura dos Biazotto. “Domingo de manhã, os vizinhos notaram o círculo e eu achei muito estranho mesmo. Se foi alguém que fez, planejou muito bem”, disse Galetti, que estava acompanhado de várias pessoas, as quais afirmaram ter medido o círculo a passo e confirmaram que o diâmetro do segundo círculo – na lavoura de trigo – também era de aproximadamente 19 m, além de as demais características serem idênticas. Ivo Luis Dohl, fotógrafo e diagramador do Jornal Gazeta Regional, é ufólogo e garante que círculos muito semelhantes aos encontrados em Ipuaçu podem ser vistos em fotos postados em vários sites, como o da Revista UFO [ufo.com.br], ou no Google, com o nome de círculos ingleses, agroglífos ou crop circles. Por enquanto os sinais não comprovam que o causador desses fenômenos foram os UFOs, mas o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd está no local investigado o caso e em breve terá uma resposta para o fato. Até o presente momento não surgiram testemunhos de objetos estranhos sobrevoando a área. Mas, por outro lado, também não há como provar que algum tipo de máquina ou fenômeno meteorológico tenha capacidade para abrir, em pontos isolados no meio de lavouras, dois círculos praticamente idênticos, sem deixar nenhum outro rastro a não ser plantas de trigo e triticale acamadas como que com as mãos, pela sua homogeneidade.
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