por Carlos Alberto Reis
Credibilidade acima de tudo
O cargo de ombudsman, em qualquer veículo de comunicação, por sua própria natureza, é espinhoso. Exige muito cuidado na comunicação com o público e no trato das relações pessoais, seja para com os leitores, para com a instituição ao qual presta serviços ou seus colaboradores. Alguns pré-requisitos são fundamentais para se cumprir com responsabilidade a função: isenção, conhecimento do assunto, bom senso, imparcialidade, liberdade de expressão, entre outros. Essa introdução se faz necessária porque começo a coluna respondendo a leitores que me escreveram diretamente. E porque deve haver, por parte de todos, maturidade para assimilar os comentários e as críticas que forem feitas, mesmo que não sejam do seu agrado, porque a revista requer a credibilidade do leitor para sua subsistência. Essa coluna deve servir como um catalisador das diversas correntes de manifestação, tratá-las e devolvê-las ao público.
Pseudo Esclarecimento
Assim, ao Márcio Teixeira, de Belo Horizonte (MG), que num longo e confuso e-mail discorreu sobre a necessidade da Ufologia dispor de mais ufólogos céticos, e a Eloir dos Santos, que discordou da “estagnação”, esclareço que a resposta está na matéria que assino nesta edição. Já o vice-presidente da Sociedade Ponta-Grossense de Ciências Astronômicas, Maurício Kaczmarech, perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto no seu canto observando as estrelas. Ele escreveu uma carta “esclarecendo” a forma como foi feita a fraude da foto do suposto ET em sua cidade [Edição 82], ao mesmo tempo em que zombava da análise feita pela Equipe Ufo [Edição 84]. Segundo, publicou num jornal local uma matéria a respeito do assunto, e em tom debochado e irresponsável, maculou o trabalho sério e – esse sim – responsável daqueles que se prontificaram a elucidar imediatamente o fato. Errou uma vez porque não explicou, nessa mesma carta, qual a sua participação na farsa, já que a foto foi feita a partir de um boneco de sua autoria, ainda mais considerando a participação do “presidente” dessa mesma sociedade. Errou duas vezes ao criticar a análise, já que a mesma foi feita para dar ao leitor uma satisfação de que havia uma fraude em jogo, sem se preocupar em entrar nos detalhes de como ela teria sido feita, até porque não dispunha de conclusão definitiva.
Espíritos e Alienígenas
O consultor de Ufo Fernando A. Ramalho, não por coincidência o autor de Os Evangelhos Segundo a Ufologia [Edição 89], antecipou-se aos meus comentários sobre seu trabalho, em razão de uma prévia troca de correspondência via e-mail. Também a ele a minha visão sobre esse aspecto da Ufologia está na matéria referida aos leitores Márcio e Eloir. Mas adianto que tive ímpetos de comentar tudo o que foi publicado sobre o tema. Faltaria espaço, mas não resisto: não se pode misturar entidades espirituais com aliens. São duas coisas totalmente distintas, e isso foi feito o tempo todo em seu artigo.
E, finalmente, é pela última carta que inicio meus comentários desta edição, enviada pelo também consultor Alonso Valdi Régis, da Bahia, na qual apontou uma série de erros da edição passada. Ele tem razão. Na edição 88 eu elogiei a competência e o profissionalismo de toda a Equipe Ufo, porém, neste último número, aconteceram inúmeras falhas, algumas imperdoáveis. Isso, no entanto, não tira o brilho nem desvaloriza o trabalho, pois só quem está no meio do incêndio sabe onde o fogo arde. Mas vamos ficar mais atentos para os próximos números. O leitor está. Mas faço aqui uma reclamação: na edição passada, quase um terço do material original desta coluna foi cortado, comprometendo seriamente a atuação do ombudsman, o que pode dar a impressão de ele estar cometendo “furos”, sendo omisso ou conivente com falhas da revista ou nas matérias publicadas. Isso não é verdade! Assim sendo, devo primeiro concluir um comentário em relação à matéria Tratamento para Abduzidos [Edição 88], de autoria de Mônica Borine, que foi totalmente abortado e não pode passar impune.
Tratar clinicamente um abduzido é o mesmo que tratar um paciente cujos sintomas apontam para uma determinada doença, quando, na verdade, as causas são outras, muito diferentes. Não se aplica quimioterapia para dor de dente, nem se cura o câncer com aspirina. Não dá para aceitar a realização de um “curso para tratamento de abduzidos” com duração de dois anos (!), quando não se tem nenhum dado efetivamente concreto sobre a autenticidade de tais abduções. É colocar o carro na frente dos bois.
180 ou 360 Graus?
Vamos para a edição 89. Para levantar o astral, nada melhor que abrir a revista e encontrar logo na primeira página o tão solicitado índice geral, consultá-lo e ir direto ao ponto que se quer. E começo com o leitor Eduardo Grande [Ponto de Encontro], que fez uma observação que quase comentei na edição anterior. Num certo sentido, ele tem razão mas, refletindo melhor, pude compreender a intenção da autora da matéria, Elaine Villela [Fronteiras da Ufologia, edição 87], que usou de um recurso de linguagem filosófico e subjetivo.
Mudar 360º pode significar, num sentido mais amplo, modificar seu ponto de vista sobre um mesmo assunto, se pensarmos numa espiral. E não mudá-lo radicalmente, com talvez tenha sido a impressão deixada. Já o leitor Pepe Chaves talvez quisesse usar o termo “vital” ao invés de “fatal”, porque não pretendo matar a qualidade da Revista com minha coluna. De novo: o que a nota Ossadas em Stonehenge [Mundo Ufológico] tem a ver com Ufologia? Isso é assunto para arqueologia. E a nota Ovniporto Sai Até o Fim do Ano chegou aos limites do ridículo, em toda sua extensão. Depois não me venham falar em evolução da Ufologia.
Ufologia Gótica
Na entrevista de Rafael Cury [Diálogo Aberto], foi usado o termo lido [“Conduta ética e moral no lido do fenômeno”]. O correto seria lida, de lidar, trabalhar, tomar parte, executar. E alguém pode me explicar o que significa Ufologia Gótica, termo inventado pelo homenageado Fernando Grossman? Já não bastam as “ufologias” científica, esotérica, espiritualista, mística, umbandística, cientificista, maquiavélica, transcendental, oportunística, urandiresca etc e tal?
A matéria O Dia em que a Espanha Foi Invadida, de Bruno Cardeñosa, mostra uma incoerência do autor, quando primeiro chamou os UFOs de visitantes e, depois, de intrusos. Ou um ou outro. No box de autoria de Cláudio Suenaga, UFO Atira-se Contra Avião Comercial, a manchete é puramente especulativa, visto que o piloto apenas imaginou que o objeto viria em sua direção, o que o fez manobrar bruscamente a aeronave. Em Guerra com ETs, o comandante Royce, a mais de 12 km de distância de um suposto disco voador, além de divisar seu formato, observou uma rachadura que poderia ser uma porta ou janela quebrada! Que visão extraordinária, um verdadeiro cyborg esse comandante…
Perguntas e Teorias
Já em Imprensa Ufológica, a nota Dicionário do Mundo Misterioso começa com um discurso confuso, contraditório e incorreto: respostas só podem ser obtidas através de perguntas. Quem formula uma teoria, teoriza, mas não explica. E abdução é um termo emprestado do Direito, e não criado pela Ufologia, como pressupõe a nota. Seu significado correto é “rapto por violência”. E outro puxão de orelha na Redação: no Espaço do Ombudsman era imperativo que na última linha, “…muita gente viajando”, o verbete viajando estivesse entre aspas, como no original, porque assim a palavra adquire o significado sugerido!
Em Agenda Ufológica, o evento de astronomia e Ufologia omitiu os nomes dos conferencistas na área de astronomia, porque entendo que são assuntos distintos, tratados por especialistas de cada área. E meus cumprimentos aos representantes brasileiros no evento internacional. A Ufologia Brasileira estará muitíssimo bem representada. Sobre os erros de redação, desta vez foram quase inexistentes, e nem vou me dar o trabalho de citá-los. Mas parece que a revista continua brigando com a crase, colocando-a indevidamente, com freqüência, desde a edição passada. E para finalizar, mais uma sugestão: a Ufo poderia anunciar, nas últimas páginas, os temas que serão os destaques da edição seguinte, antecipando o interesse e despertando a expectativa do leitor.