por Carlos Alberto Reis
E tome ET!
Aqui estou mais uma vez para comentar alguns pontos relevantes da Revista Ufo, edição 86, e já começo perguntando ao editor sobre algo que ele publicou em Mensagem do Editor [Página 05]. Com que autoridade ele afirma que “…são nossos visitantes extraterrestres que estão controlando a situação de sua manifestação na Terra?” Calma lá, uma afirmação dessas dá a entender que o editor sabe de coisas que nós, mortais, desconhecemos. Caso seja apenas uma opinião, tudo bem. Caso contrário, cuidado, pois a Ufologia não permite declarações tão enfáticas, especialmente num veículo que é considerado o porta-voz da Ufologia Brasileira.
Avistamentos de Famosos
Espero também que a notícia da seção Mundo Ufológico, comentando o que foi publicado na revista Istoé Gente, sobre os famosos que tiveram avistamentos de UFOs, não faça a cabeça dos leitores. Alguns deles – os famosos, não os leitores – podem até ser considerados, num certo sentido, formadores de opinião. Mas duvido que chamar por Jesus ou fazer o sinal de um triângulo na testa ao se avistar um UFO tenha sido orientação de um ufólogo, assim como acho improváveis os avistamentos feitos por telescópio. E mais de 40 vezes! O congresso Diálogo com o Universo vem aí com vários especialistas e astrônomos para tratar justamente desses assuntos. Antes de seguir adiante, quero deixar registrado aqui que a leitura dessa ótima – mais uma – edição de Ufo foi a que mais exigiu atenção e cuidado na análise de cada matéria, e explico por quê. O primeiro impulso desse ombudsman ao ler cada um dos artigos publicados é sair em defesa do autor e assinar embaixo cada palavra, ou criticar e repudiar determinadas passagens em outras matérias. Mas não é essa minha função. O que me compete fazer é analisar friamente e com isenção todo o conteúdo, concordando ou não com os temas abordados, e extrair deles pontos que dizem respeito a uma visão mais ampla da Ufologia, e não a conceitos particulares ou pessoais, embora esporadicamente expresse uma ou outra opinião quando necessária.
Na entrevista com o pesquisador norte-americano Bob Pratt, na seção Diálogo Aberto, um rápido comentário dele sobre a postura do ufólogo Jacques Vallée não pode passar em branco. Segundo Bob, “…Vallée acredita que o elevado número de observações de UFOs, durante séculos, seja uma indicação de que o fenômeno tem uma origem muito mais incrível do que supomos”. Particularmente também penso assim, mas resta saber qual ufólogo aqui no Brasil toparia emparelhar com Vallée e partir em busca de uma nova e ousada pesquisa. Quem se habilita? Enquanto isso não acontece, pelo menos alguém se habilitou a fazer uma releitura na – e da – Ufologia com extrema qualidade e muita habilidade.
No artigo Como São Nossos Visitantes Alienígenas, Reinaldo Stabolito mostrou equilíbrio e principalmente cautela quando analisou a multiplicidade de tipos de ETs registrados pela casuística e catalogados ao longo de décadas. Este é um tema espinhoso e passível de erros primários, não cometidos pelo articulista. Meus aplausos em especial vão para o box Testemunha: Fator Crítico na Análise de Casos Ufológicos. Aproveito também para elogiar, tardia porém merecidamente, o excelente trabalho de Philipe Kling David, cujas ilustrações se tornaram um diferencial da revista. A segunda parte do trabalho de Rogério Chola, Ashtar Sheran: Um Extraterrestre de Olho nos Humanos é mais uma preciosidade dessa edição.
A Mensagem de Ashtar
Novamente, um texto muito bem escrito, ponderado, objetivo e com um conjunto de informações bem alinhavadas. E numa demonstração inequívoca de postura democrática, parabéns à Ufo por publicar A Mensagem de Ashtar Sheran, escrita pela jornalista Cássia Candra, que é coordenadora de comunicação da própria instituição divulgadora do alegado ET, o Centro de Estudos Exobiológicos Ashtar Sheran (CEEAS). Fica ao leitor os dois lados da moeda, para que ele tire suas próprias conclusões.
Em A Intrínseca Relação do Espiritismo com a Ufologia, de Dante Labate, o subtítulo fala que “…estudiosos de ambas as áreas garantem que há fortes ligações entre o mundo espiritual e aqueles de onde viriam os alienígenas”. Mas a matéria em si mostra apenas um ponto de vista – o do espiritismo. Onde estão os ufólogos mencionados? Como já disse em outras oportunidades, não vou entrar no mérito da questão. Mas penso que uma coisa não tem nada a ver com a outra – e tanto não tem que não causa surpresa o fato de nada se falar, na doutrina espírita, sobre naves extraplanetárias. Não é só o espiritismo que fala de planetas habitados e possibilidades de vida extraterrestre. Nossa inteligência também, mas não devemos misturar as estações.
Cadê os Olhos Atentos?
Após tantos elogios, já era hora para algumas críticas à edição de abril. Está certo que o espaço dessa coluna tem limites que precisam ser obedecidos, mas suprimir o título que esse ombudsman ofereceu ao editor, na edição passada, deixou a primeira linha sem sentido! Então, esclareço ao leitor que o título era Olhos Atentos nos Observam, e assim a frase que abre a coluna soa coerente. Ainda tratando de seções, com o devido respeito ao leitor Henry Habib Moussa, em Busca de Respostas, será que dá para acreditar em alguém que diz ter bate-papos com um amigo ET comandante de uma nave mãe que costumava visitar sua casa periodicamente?
É importante também esclarecer que a foto que ilustra a notícia Onda é Pesquisada em Brasília na seção Mundo Ufológico não tem nada a ver com o avistamento relatado. O leitor atento vai perceber que o fato se deu à noite e a foto é diurna. Mesmo assim, fica o aviso de que se trata apenas de um recurso de diagramação. E por fim, a seção Memórias da Ufologia, escrita por Marcos Malvezzi Leal, parece que saiu do ar na edição passada. É fundamental manter a regularidade. Afinal, se é para ter uma coluna fixa, que ela exista por um tempo razoável, até ser trocada ou suprimida. Ou então, que não se abra o espaço. Não é correto, nem ético, publicar uma única vez e extingui-la sem explicações. E continuo cobrando de Ufo um índice completo, necessário e condizente com a importância de uma publicação que a cada dia vê seu prestígio aumentar no mercado editorial brasileiro.