Há três edições – em UFO 70 – publicamos um texto que gerou considerável polêmica entre nossos leitores. Foi o artigo Para onde caminha e qual é o futuro da Ufologia Brasileira, de Carlos Alberto Reis, um estudioso que se auto descreve como “ufólogo aposentado”, por estar afastado da Ufologia há mais de uma década. Reis foi um ativíssimo investigador do Fenômeno UFO nos anos 70 e 80, podendo inequivocamente ser considerado como um dos mais brilhantes representantes da chamada “segunda geração” de ufólogos brasileiros. Seu texto, proposto a este editor no fim do ano passado, veio embalado num tipo de desafio. Por ter posição essencialmente crítica ao atual estágio da pesquisa ufológica em nosso país – observando-a sob a privilegiada ótica de quem não está mais nela engajado e, por isso mesmo, sem ter que se preocupar em melindrar qualquer um de seus segmentos –, Reis imaginava que UFO não fosse aceitar publicar a matéria, dada a sua contundência. Errou!
UFO publicou o artigo e arcou com as conseqüências da polêmica que o mesmo gerou. Nos últimos anos, poucos textos atraíram tanta atenção de nossos leitores, que escreveram em massa para comentar as opiniões de Reis. Expressiva maioria deles considerou o artigo um dos mais realistas e úteis já publicados na revista. Alguns leitores chegaram a ver nas idéias de Reis uma forma de se encarar a Ufologia de maneira mais produtiva – e essa foi, na verdade, a intenção do autor, que queria sugerir métodos mais eficazes de pesquisa ufológica. “A Ufologia tem se prestado a muito folclore, a muitas teorias não solidificadas por provas e até por fantasias desvairadas”, bradou Reis ao concluir que já é hora de deixarmos de lado fatos menos concretos ou substanciais do tema para nos concentrarmos no que realmente interessa: como e porque nossos visitantes vêm à Terra.
Tentar buscar uma resposta a esta pergunta tem um alto preço, mas foi o mesmo Carlos Alberto Reis quem nos deu uma dica de como fazê-lo, quando era ativo, há mais de 10 anos. É dele a expressão, hoje generalizadamente difundida na Ufologia, de que, para praticá-la, é necessário que nos livremos de nossos dogmas e preconceitos, adentrando neste caminho de corpo e alma. “Para ter sucesso na Ufologia é necessário que o interessado refaça seus conceitos e reaprenda aquilo que imagina saber sobre religião, ciência, história, filosofia, sociedade, etc”, dizia o autor nos anos 80. É verdade! Quando ingressa nesse campo de descobertas, o ufólogo vê logo de início que seu conhecimento básico da vida, calcado numa educação recebida de forma tradicional, ortodoxa, muito pouco ou nada irá ajudá-lo em sua busca.
Exagero? De forma alguma! A busca por respostas extraordinárias – como devem ser todas aquelas que se relacionam aos seres extraterrestres – exige um esforço igualmente extraordinário. E tal esforço não deve ser extraordinário apenas como conceito de grandeza, mas também de formato. Eis o âmago da questão! Uma busca como essa, para ser efetivamente bem sucedida e produtiva – e trazer benefícios reais a quem a pratica –, exige que se embrenhe num universo totalmente novo e quase nada explorado, em que os valores e conceitos que se têm serão confrontados e, com certeza, precisarão ser recondicionados. Sem tal engajamento, dificilmente o candidato a ufólogo passará das preliminares. E aqui voltamos a Reis, que sugere que, há mais de 50 anos praticando Ufologia, já é hora de deixarmos as preliminares e irmos diretos ao centro da questão.