A importância da casuística ufológica
Nos últimos anos, temos ouvido de diversas pessoas a idéia de que já passamos do tempo de nos preocuparmos com a casuística ufológica. Para estas pessoas, não haveria mais tempo para a pesquisa do fenômeno já que, segundo suas crenças, estaríamos prestes a presenciar acontecimentos definitivos que mostrariam à Humanidade a realidade da presença extraterrestre. Outros radicais falam abertamente em grandes cataclismas em meio aos quais chegariam naves para resgatar os “escolhidos”.
Como estas pessoas estão de posse “de todas as verdades”, geralmente a partir de seus supostos contatos com seus amigos extraterrestres, é evidente que sobra muito pouco espaço para o verdadeiro estudo da Ufologia. No entanto, em 1980 tivemos um caso que mostrou claramente como podem ser perigosas para a credibilidade da Ufologia tais mensagens telepáticas, supostamente de origem alienígena. Na época, um destes “mensageiros cósmicos”, chamado Edilson Barbosa, surgiu com a informação de que havia recebido de seus amigos de Júpiter a incumbência de convocar pessoas para um contato com ETs, através do qual seria devolvida, inclusive, a tripulação de um helicóptero da Base Aérea de São Pedro da Aldeia (RJ), que havia desaparecido anos antes.
O contato foi marcado por Barbosa para as 05h20min do dia 8 de março daquele ano, em uma fazenda no município de Casemiro de Abreu, a cerca de 150 km do Rio de Janeiro. Segundo suas histórias, ele vinha tendo experiências com UFOs desde 1955, e em uma destas havia recebido, dentro de sua própria casa, uma mulher de Júpiter que comunicou a ele que a partir daquele momento seria um “mensageiro” do tal planeta junto ao povo terrestre.
Apesar de nunca ter apresentado qualquer evidência de suas experiências, Barbosa pouco a pouco conseguiu seguidores – por mais absurdas que fossem suas declarações. E como acontece ainda hoje com outros desequilibrados ou mistificadores, conquistou um espaço na mídia para divulgar sua estória – isso meses antes de ter previsto outro encontro com seus amigos cósmicos, que evidentemente não apareceram… A verdade é que, desde o início da noite do dia 7 de março de 1980, já haviam milhares de pessoas na tal fazenda onde supostamente haveria o contato.
Surpreendentemente, até televisões do exterior estavam presentes para cobrir toda aquela loucura. Na hora marcada, obviamente, nada aconteceu e Barbosa teve que ser retirado do local escoltado pela polícia, enquanto a multidão presente – incluindo boa parte do povo brasileiro, amplamente informado pela mídia -, passava a acreditar que Ufologia era apenas uma loucura.
A lição que aprendemos é a de que precisamos encarar o assunto com a máxima seriedade, com muita pesquisa e investigação. Temos que entender que só através de um estudo sério e criterioso vamos encontrar a verdade sobre os UFOs. Abandonar a pesquisa casuística é deixar de lado a única parte verdadeiramente palpável do fenômeno ufológico. E é estudando os sinais da presença extraterrestre no passado e no presente da Terra que estamos começando a compreender que a realidade é bem mais transcendente que as tais “verdades” passadas por falsos profetas.
É evidente que uma pesquisa sistemática e detalhada do Fenômeno UFO – que é objetivo da verdadeira Ufologia – não é algo fácil e demanda muito tempo, recursos e principalmente paciência. Praticamos um jogo cujos principais lances são feitos pelo outro jogador. Cabe a nós estar do lado de cá do tabuleiro na hora certa, dando o lance certo. Podemos estar prestes a grandes acontecimentos e revelações, já que o fenômeno está cada vez mais presente. Mas o caminho em busca da verdade passa longe de mensagens telepáticas sem sentido, oriundas de pessoas desequilibradas ou daqueles que vêem na Ufologia um campo para explorar as carências espirituais da Humanidade, em benefício próprio.
Alienígenas capturados pelo governo dos Estados Unidos?
Esta edição de UFO traz algumas variações com relação às suas anteriores. Primeiramente, fizemos a adição à revista de mais uma importante seção – que já vinha sendo reclamada por nossos leitores há bastante tempo. A nova seção chama-se Diálogo Aberto e será publicada sempre à página 8, trazendo entrevistas como mais importantes ufólogos do Brasil e exterior. Com essa mudança, a seção Busca de Respostas, que era apresentada no início da revista, passou para a página 44, mas continua idêntica a que vinha sendo publicada. Além dessas modificações, esta edição de UFO traz fotos maiores e mais claras – coloridas – de situações envolvendo os assuntos abordados nos artigos. Em especial, a matéria de Wallacy Albino, à página 14, mostra lindas paisagens de Fernando de Noronha. Por fim, a foto da capa desta edição foi extraída de um vídeo contrabandeado de dentro da Área 51, nos EUA, e apresenta um suposto ET do tipo grey. Sobre esse assunto, o italiano Giorgio Bongiovanni escreve à página27. Nossa tiragem continua estabilizada em 25 mil exemplares.
Como fica a produção da Revista UFO frente à nova crise do dólar no país
Neste mês de março, estamos completando 14 anos de atividades. Ao longo dessa quase década e meia, produzimos sete séries de revistas sobre Ufologia, das quais a Revista UFO é a mais bem-sucedida e está viva até hoje. Desde 1985, quando lançamos a Ufologia Nacional& Internacional (e depois nossas demais publicações), temos enfrentado os mais diversos obstáculos para manter ativa uma revista voltada aos interessados no tema ufológico em nosso país.
Até o presente número de UFO, produzimos mais de 120 edições de revistas, num total aproximado de 2,5 milhões de exemplares. Este é um recorde mundial reconhecido até por publicações similares em vários países. Simplesmente, nenhum grupo ufológico, em lugar algum do mundo, produziu tantas edições e tal quantidade de exemplares. Nem mesmo gigantes como a UFO Magazine, da Inglaterra, ou a Notiziario UFO, da Itália, conseguiram tal feito. E estas são revistas que circulam em países de maior poder aquisitivo, cujos povos são bem mais esclarecidos.
Nesses 14 anos de existência, no entanto, não foram poucos os momentos de dificuldades por que passamos. Várias crises nacionais ocasionadas por políticas monetárias recessivas ou inflacionárias fizeram com que nossas revistas – em especial a UFO – sofressem diversas paralisações. Congelamento de preços, confisco de conta corrente, sumiço de matérias-primas e períodos de inflação de até 50% ao mês quase puseram a UFO na falência diversas vezes. Mas sobrevivemos! Tivemos momentos de extrema dificuldade, mas conseguimos resistir às pressões e continuar produzindo a revista!
Há quase cinco anos a publicação vem mantendo-se praticamente estabilizada em sua periodicidade. Com exceção de alguns momentos de flutuação naturais a uma publicação sobre um tema tão específico, desde 1994 UFO vem sendo lançada regularmente. Mesmo sem ter concorrentes que a pressionem, a revista tem buscado continuamente o aprimoramento de sua qualidade editorial e gráfica, incorporando modernidade e expandindo seus limites. Até 1995, a revista era impressa em preto e branco, com menos de 40 páginas. A partir de 1996, UFO passou a ter duas cores e mais de 50 páginas. Desde outubro de 1998, a revista tem 60 páginas e está sendo impressa em cores.
O aumento no valor do dólar elevou de 20 a 40% o preço das matérias-primas usadas na produção da Revista UFO, mas não aumentaremos o preço de capa além do que for necessário
Esse contínuo aprimoramento na produção de UFO requer investimentos consideráveis, que nunca tivemos. Todas as melhorias pelas quais a revista passa devem ser custeadas exclusivamente com sua própria vendagem, que nem sempre é suficiente para garantir que não haja prejuízo. Como UFO não tem anunciantes nem apoio de qualquer instituição governamental, temos que trabalhar com margens extremamente limitadas. E por isso que estamos sempre lançando novos livros e vídeos ufológicos, fazendo campanhas de assinaturas e renovações, e revendendo obras sobre Ufologia de editoras nacionais. Como reforço de caixa originado dessas vendas podemos custear nossos poucos investimentos, pagar funcionários, manter nossas instalações, financiar pesquisa, comprar equipamentos novos etc. Não é fácil!
E nesse conturbado momento da vida nacional temos que ser ainda mais prudentes. A recente crise que elevou o preço do dólar à estratosfera praticamente impossibilitou que muitas atividades exercidas no país tivessem continuidade. Muitas empresas quebraram ou estão quebrando, muita gente se viu empobrecida da noite para o dia e os preços explodiram. Isso afeta drástica e diretamente a produção de UFO, que tem suas matérias-primas cotadas em dólar. Papel, tintas, filmes e chapas de impressão são todas mercadorias que tiveram entre 20 e 40% de aumento em apenas 30 dias. Tal situação é insustentável!
No mês de fevereiro, a revista circulou com preço de capa novo, de R$ 6,00, mantido nesta edição. Como a revista tem sua data de fechamento quase 60 dias antes de ir às bancas, essa elevação de preço foi decidida em meados de dezembro passado, quando não imaginávamos que o Plano Real fosse desmoronar logo nos primeiros dias de janeiro. Aquele aumento foi feito exclusivamente para se equilibrar os custos de produção da UFO em cores e sua vendagem. Lembro os leitores de que não houve aumento de preço de capa quando a revista tornou-se colorida – apesar de seu custo ter dobrado, com melhor papel e impressão mais elaborada.
Agora, quando pensávamos ter finalmente equilibrado a relação custo/vendagem, vemos a explosão do dólar mais uma vez frustrar nossos planos de estabilização. Se repassássemos o aumento nos custos de produção de UFO para seu preço de capa, com certeza a revista iria para algo perto de R$ 10,00. Mas não o faremos! A UFO circula neste mês ainda com preço de capa de R$ 6,00. Para o mês que vêm, no entanto, estaremos iniciando uma reformulação para diminuir seu custo de produção sem que sua qualidade sofra prejuízos. Mesmo com tal atitude ainda seremos forçados a fazer um reajuste em nosso preço, mas não tão grande quanto necessário.
Assim, mais uma vez, peço aos leitores compreensão quanto às limitações de UFO e sua necessidade de viabilizar-se exclusivamente a partir de sua vendagem. Exerceremos aumento em nosso preço de capa apenas o suficiente para atingirmos a tão desejada e necessária relação custo/vendagem. Nenhum centavo a mais. Igualmente, os produtos vendidos pela revista – em especial fitas de vídeo, cujos royalties são pagos em dólar – serão reajustados apenas o necessário. E continuaremos a melhorar nossa qualidade editorial e gráfica, ainda que mais devagar.
A. J. Gevaerd, editor