Provas ufológicas dispensáveis
O problema da comprovação dos testemunhos de UFOs já faz história. Sobre isso muito se foi dito, e não tenho a pretensão de firmar aqui uma solução definitiva. Pretendo apenas suscitar uma reflexão para os ufólogos em geral e trazer algumas noções arraigadas às luzes do questionamento. É inegável que as provas são elementos imprescindíveis no trabalho de pesquisa e divulgação do Fenômeno UFO, mormente diante do enorme “ruído” de charlatanismo que ora se faz presente. Contudo, cabe indagar: o que entendemos como prova? Não estamos perpetuando o erro de tencionar submeter todas as instâncias do Fenômeno UFO aos nossos padrões?
Se admitirmos as infinitas possibilidades dos modelos de vida que povoam o universo, como poderemos restringir a aceitação dos meios de prova de contato para que se adequem às nossas singelas concepções terrestres? Quer dizer que qualquer forma de vida inteligente que por ventura habite outros mundos ou galáxias, em qualquer ponto deste ou de outro universo, deve se preocupar cm oferecer provas plausíveis à nossa inteligência? Todos nós, na qualidade de ufólogos e ufófilos, agentes de uma ciência de ponta reconhecemos o quão obsoletos mostram-se muitos dos paradigmas da ciência ortodoxa contemporânea e logo não podemos querer adaptar todas as evidências de vida alienígena aos nossos padrões de objetividade. Afunilar os indícios de vida fora da Terra para atender aos limites materiais concretos e objetivos é criação nossa, e não goza de aplicabilidade universal. Um contato mental ou mesmo em outra dimensão nunca se sabe – pode ser bem palpável para um ET e seu interlocutor. Quem tem subsídios para afirmar o contrário?
Tenho certeza de que qualquer contatado de UFOs legítimo anseia pela oportunidade de fortalecer seu relato com uma prova objetiva. Mas se as circunstâncias do contato assim não permitem, isso não implica no comprometimento de sua veracidade. Independente de aceitarmos ou não, as coisas continuam acontecendo, e o acesso às realidades mais sutis só depende de nossa capacidade de compreendê-las, sem qualquer misticismo. Se já conquistamos a maturidade cultural e intelectual para encarar a presença extraterrestre, falta ainda considerarmos que provavelmente eles têm objetivos outras, que não apresentarem-se à nossa civilização da forma que julgamos ser concreta.
A Ufologia carece de maior coesão enfre seus pesquisadores. Deixemos a limitação imposta pelas exigências de provas oficiais para o público que ainda precisa ser convencido. Os pesquisadores e simpatizantes do tema podem se dar ao luxo de investigar todas as hipóteses, da forma que elas se apresentarem
A Ufologia carece de maior coesão entre seus pesquisadores, sejam científicos ou esotéricos. Deixemos a limitação imposta pelas exigências de provas oficiais para o público que ainda precisa ser convencido. Nós, pesquisadores e simpatizantes do tema podemos nos dar ao luxo de ampliar nossa capacidade de compreensão e investigar todas as hipóteses, da forma que elas se apresentarem. Somente se mantivermos uma postura “abertista” de desbravadores pioneiros neste campo de conhecimento ainda jovem, poderemos saber e transmitir com fidelidade as informações relativas aos nossos vizinhos ETs. E, sem querer ser minimalista, quem somos nós para decidir como “eles” passarão estas informações, se fisicamente, telepaticamente, ou seja lá como for?
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Belo Horizonte (MG)
Opinião tendenciosa
Luiz Manoel da Cruz Gago
A principal função do jornalismo sério e responsável é informar o público de forma imparcial, deixando a este a opção de opinar. Caso contrário, não teremos jornalismo de informação, e sim de opinião, e logicamente esta sempre será tendenciosa por natureza. Compreensível e aceitável em revistas ou jornais especializados em determinada matéria. Já o mesmo não se pode inferir de uma revista de caráter genérico e não científico, que resolve subscrever uma determinada opinião, sem informar corretamente as versões contrárias. Tal atitude e arriscada no jornalismo dos dias de hoje, e tem conseqüências várias. Uma é a de permitir uma leitura daquilo que não se disse, mas que se subentende, de que “algo” ficou por trás da imagem que se transmitiu.
Esse “algo” tanto pode ser um sinal de desespero de que as vendas do periódico vão mal, um suicídio jornalístico, ou o que é pior: matéria paga. Os riscos são esses. É inaceitável e lamentável que a revista Superinteressante, edição especial Vida fora da Terra, tenha subscrito a matéria de Joe Nickell, A indústria dos ovnis, em que o Fenômeno UFO e as milhões de pessoas em todo o planeta que o têm assistido desde a antigüidade sejam classificadas como alucinadas.
Bem, talvez o nome do tal senhor venha a ser “Mister & Níquel”, afinal é também uma forma de financiar o comitê norte-americano a que pertence. Porém, contra fatos não há argumentos. O Fenômeno UFO está aí, quer queiram ou não, do modo como sempre se apresentou e continuará a apresentar-se: incontrolável, imparcial, não discriminatório, progressivo e inteligente. Não precisamos aqui no Brasil de um “Mister & Níquel”. Os americanos que fiquem com ele e façam bom proveito. E já agora a revista Super Desinteressante que siga em paz o seu presumível e triste fim, com as nossas bênçãos.
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Caixa Postal 69, 42700-000
Lauro de Freitas (BA)
Fechando os olhos aos UFOs
Alexandre Minoru Ito
Recentemente, a editora Abril publicou uma edição especial da revista Superinteressante sobre vida fora da Terra, com os seguintes dizeres na capa: “Onde estão os ETs?”. Nesta edição, de conteúdo científico elevado, a revista citou vários cientistas e seus excelentes trabalhos desenvolvidos na pesquisa de indícios de vida em outros mundos: o radioastrônomo Richard Drake, os astrônomos Michel Mayor, Didier Queloz, Geoffrey Marcy, Paul Butler, entre outros. Neste ponto, a Superinteressante realmente fez o que sabe fazer bem: falar sobre Astronomia de maneira clara e acessível à maioria do público leigo.
Porém, a redação da revista cometeu um grave erro: não foi imparcial na temática dos UFOs. Tratou muito superficialmente o tema, levando o público a crer que Ufologia é como uma autêntica “indústria para enganar tolos”. A revista ridicularizou a rica casuística mundial e citou apenas os casos fraudulentos, chegando ao ponto de dizer que o incidente de Roswell é uma fraude, assim como todos os casos de avistamentos, pousos e seqüestres de seres humanos. A matéria diz que os ETs são apenas mais um modismo moderno, distorcendo todos os fatos ocorridos na antigüidade. O autor, Joe Nickell, diz ainda que os círculos ingleses são obra de simples velhinhos; que o candelabro gigante em Paracás, no Peru (que pode ser visto de avião, assim como a Planície de Nazca, com suas figuras zoomórficas), são apenas figuras de cunho religioso. Muito bem, então gostaríamos de formular umas perguntas a Nickell:
O que sabe sobre raptos e mutilações de animais e humanos, que ocorreram e ocorrem em todo o mundo, associados a aparições de UFOs vistos à curta distância, com detalhes estruturais? Seriam mera histeria coletiva? O senhor tem conhecimento dos métodos utilizados pelos ufólogos para separar a fraude da verdade científica, como análises computadorizadas de fotos e filmagens de supostos UFOs, ou análises fisico-químicas de solo retirado de locais de pouso de UFOs?
A maioria dos ufólogos sérios duvida de que o filme da autópsia de alienígenas seja verdadeiro. Mas o senhor sabe realmente o que aconteceu em Roswell e Socorro, onde pelo menos um UFO caiu e teve seus destroços retirados do local pelas Forças Armadas Norte-Americanas, sendo que a história do balão-espião foi forjada para acobertar o caso? E o que dizer dos militares que testemunharam o UFO, como o então major Jesse Mareei? Todos mentirosos? E o que dizer do Caso Varginha? E outros UFOs caídos e recuperados em todo o mundo por militares, que trataram de acobertar os casos bem depressa?
Como explicaria a confecção do círculo inglês denominado Grande leia, publicado em vários meios de comunicação do mundo, inclusive pela Revista UFO. Obra de velhinhos? Como estudante de Engenharia Agronômica, devo salientar que o único meio terrestre possível de fazê-lo e através da aplicação de conhecimentos de topografia e matemática – coisa que os velhinhos não possuem.
O que realmente conhece sobre fotos de naves alienígenas tiradas em todo o mundo, em que muitas aparentemente mostram objetos idênticos (em fotos distintas), separadas por vários anos e milhares de quilômetros entre os autores de uma e outra foto?
Estas são apenas algumas questões que gostaríamos que o senhor Joe Nickell tivesse cacife, ou conhecimento científico e casuístico no campo prático, o suficiente para respondê-las. Quanto à revista Superinteressante, gostaria de sugerir, em nome dos ufólogos que pesquisam seriamente o Fenômeno UFO, que procurasse olhar o outro lado da moeda. Ou seja: entrevistar imparcialmente também os pesquisadores ufológicos sérios, pois como um meio de comunicação social, a editora Abril se toma formadora de opiniões. Não que estas sejam negativas à Ufologia, mas que a editora possa dar ao leitor a oportunidade de ele próprio tirar suas conclusões, e não manipulá-las. Afinal, uma publicação tão popular e fascinante como a Superinteressante deveria ser democrática para, assim, continuar a ser super interessante.
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Av. Salvador 51, Bonfim 12040-600
Taubaté (SP)
Questionando a ufolatria
Rafael Durá
No dia 29 de abril de 1997 foi publicada uma matéria num conhecido e sensacionalista jornal de São Paulo, tratando da existência de seitas de ufólatras denominados injustamente pelo jornalista deste artigo de ufólogos. Inspirados na classificação da escritora e pesquisadora Iracema Pires, diremos que ufólogo é aquele que constrói uma ponte entre o enigma dos UFOs e a capacidade do ser humano de equacionar as múltiplas questões por este fenômeno colocadas, colecionando informações sempre com critério científico. Por outra parte, ufólatras são os que levam ao extremo a fantasia de fuga. Passam a idolatrar os discos voadores e seus tripulantes, tomando atitudes próximas à da veneração religiosa, considerando os tripulantes dos UFOs como divinos, boa gente sideral ou anjos que vêm nos salvar.
E são precisamente esses fanáticos ufólatras que perturbam a opinião pública, formando seitas de psicopatas que vêm instigando mortes e alguns casos de suicídio coletivo, cujos atos os ufólogos nada tem a ver e inclusive repudiam, pois eles estudam os casos insólitos de forma fria, ordenada e científica, e na maioria das vezes de forma confidencial. Geralmente, os ufólogos não divulgam as conclusões, pois é sabido que um verdadeiro investigador é um péssimo divulgador. São os verdadeiros ufólogos que retirados de seus gabinetes de trabalho investigam os avistamentos de naves não identificadas, seqüestros de humanos e outras atuações – para nós, perigosas – dos extraterrestres.
Infelizmente, quando um jornal sensacionalista divulga as atividades dos ufólatras, está colaborando para o mal entendimento da verdadeira pesquisa, sendo a mídia influenciada a considerar todos os que estudam discos voadores doidos varridos. E ainda quando nos chegam noticias do exterior de suicídios coletivos de cidadãos que acreditam em discos voadores, a coisa piora.
Mas por que isso? Já assistimos, com pouco ou nenhum entusiasmo, a reuniões e palestras de mistificadores que se fazem passar, quero acreditar que inocentemente, por extraterrestres, comprovando as baboseiras ditas por estes. O mais interessante nesses casos é que o “enviado das estrelas” não está mentindo deliberadamente, pois ele mesmo é o maior iludido, enganado por sua mente doente. Por isso afirma, convencido, e muitas pessoas até acreditam nele e o seguem. É que a tentação à vaidade de ser um extraterrestre é grande.
Fanáticos ufólatras perturbam a opinião pública e formam seitas de psicopatas que vêm instigadando mortes e até alguns casos de suicídio coletivo, cujos atos os ufólogos verdadeiros nada têm a ver e inclusive repudiam, pois estudam os fatos insólitos de forma fria, ordenada e científica
Um dia, lá pelos anos de 1968 a 1970, numa das reuniões de ufólogos, aconteceu um caso pitoresco que pode muito bem ilustrar o tema tratado, listavam chegando os ufólogos e em um dos grupos que se aproximavam, uma senhora me agarrou a mão. Toda emocionada e intentando ficar de joelhos, começou a beijá-la, como se eu fosse algum santo, extraterrestre ou coisa semelhante. Retirei imediatamente a mão, chocado, e dei uma boa bronca àquela senhora.
Essa tentação, que poderia alimentar minha vaidade, assistida por todo o pessoal que ali estava, poderia ter me prejudicado se tivesse dado corda à senhora, provocando em meu ego uma espécie de paranóia que poderia acabar me deleitando num delírio de grandeza (como tantos que existem por aí). O maior livro da literatura espanhola. Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, retrata muito bem o que quero dizer. De tanto ler livros de cavaleiros andantes, que lutavam com gigantes e defendiam donzelas. Dom Quixote acabou por acreditar que ele mesmo era um cavaleiro andante, armando-se de latas velhas, montado num lastimável cavalo e escolhendo por seu escudeiro um camponês montado num jumento.
Há muitos Dom Quixotes por aí, só que agora são ETs. A mesma coisa acontece aos reclusos mentais dos sanatórios que acreditam de verdade que são Napoleão, Júlio César ou Jesus Cristo. Graças à minha formação, rejeitei imediatamente a tentação daquela senhora beijoqueira – se assim não o fizesse hoje estaria liderando mais uma seita de psicopatas ufólatras.
Doentes mentais esquizofrênicos e mutantes patológicos são os falsos médiuns, que dizem receber espíritos, os Dom Quixotes, ou os tais extraterrestres “enviados das estrelas”. Um seminarista e persuadido no dia de sua sagração como padre a pensar que o bispo concedeu-lhe poderes mágicos para converter a hóstia no corpo de Cristo e o vinho em Seu sangue. Ele, de boa fé, acredita nisso. Não adianta dizer-lhe que apenas está sendo sugestionado a uma hipnose que perdurará por toda sua vida. Aqui vão acontecer duas coisas: ou ele continua se fazendo enganar a si mesmo (já é velho e não daria para procurar outro trabalho) e acredita em seus poderes divinos, ou então renuncia ao pároco.
Quanto às seitas ufólatras, vem à minha lembrança uma cena do filme Independente Day quando os afoitos sobem nos terraços dos altos prédios carregando cartazes, dando as boas-vindas aos ETs e pedindo serem salvos por eles. No momento em que um helicóptero se aproxima avisando-os para abandonar o local, depreciam o aviso. Poucos segundos depois não sobra nada do prédio, nem dos ufólatras. Por isso gostaria de ressaltar que o pior não é não saber as coisas, o pior é saber as coisas e não reagir.