Agroglifos de Ipuaçu, mesmo se repetindo há seis anos, ainda sofrem preconceito
Depois de veiculadas informações sobre os agroglifos de Santa Catarina nos ambientes da Revista UFO nas redes sociais, e após publicada a matéria Os Agroglifos Voltaram em UFO 207, do editor A. J. Gevaerd, houve certa reação da Comunidade Ufológica Brasileira em razão de o fenômeno ainda não ter sido bem assimilado por ela e, assim, ter gerado dúvidas entre os ufólogos — além de um certo ceticismo por parte de alguns setores, que, em grande parte, se mostrou ser apenas negacionismo de fatos evidentes. Por isso, como autor do laudo que apontou as características das figuras e concluiu que são verdadeiras, considero importante apresentar alguns pontos a mais sobre elas, pois o documento não conteve tudo o que foi constatado no local, tendo em vista seu objetivo ser apenas um relatório do exame das formações, sem a intenção de ser mais extenso do que o necessário.
Em primeiro lugar, o que se nota de imediato na reação do meio ufológico quanto aos agroglifos é que as pessoas externam suas opiniões baseadas tão somente em suas crenças pessoais — a maioria das que se disseram céticas simplesmente descartam a veracidade do fenômeno sem qualquer avaliação mais profunda e, pior, sem que tenham realizado qualquer exame no local ou estudado os agroglifos em seu âmbito mundial. Outras, ainda mais contrárias à ideia de que o fenômeno seja algo extraordinário, taxam os pesquisadores de ingênuos ou crédulos. No entanto, o que menos houve na análise dos agroglifos de Santa Catarina foi ingenuidade ou credulidade. Eles acontecem há séculos e tiveram sua intensidade muito incrementada a partir dos anos 70, sendo confirmados como autênticos em incontáveis ocasiões.
Considerações e esclarecimentos necessários sobre os agroglifos ocorridos em 02 de novembro de 2013, no oeste de Santa Catarina, tendo em vista alguns questionamentos apresentados por leitores e o meio ufológico nas redes sociais da internet.
É claro que também vem se tentando forjar falsos círculos para desacreditar o fenômeno, sendo que em alguns anos as formações falsificadas podem chegar a 80% do total. Entretanto, como ignorar que restam 20% de agroglifos autênticos? Examinar e diferenciar uns dos outros é o trabalho que pesquisadores sérios e conscientes se dedicam a fazer todos os anos, publicando seus relatórios em seguida. Ora, negar que existe um fenômeno real e legítimo, baseado na existência de falsificações, é exatamente igual a acreditar que não existam notas de dinheiro verdadeiras por que existem as falsificadas. Portanto, ingênuos são os céticos que usam este argumento.
Diferenças marcantes
Mas quais são as diferenças entre um agroglifo autêntico e um falso? Para começar, as linhas de contorno ou bordas dos desenhos nos verdadeiros são nitidamente diferentes dos outros, sendo muito regulares, quase como em um projeto de engenharia. Já nos agroglifos falsos eles são irregulares, como em um desenho à mão feito por uma criança. Igualmente, o modo como as plantas ficam deitadas rente ao solo é muito harmônico nos agroglifos autênticos, parecendo que o campo foi “penteado”, pois as hastes do vegetal ficam praticamente paralelas ao terreno. Já nos falsos as hastes são tombadas simplesmente do mesmo modo em que estavam quando a touceira estava em pé, ou seja, as hastes das plantas ficam entrelaçadas, apesar de caídas quase que para o mesmo lado, sendo gritante a diferença em relação às figuras autênticas.
Outra característica muito marcante nos agroglifos autênticos é que a base das hastes do cereal junto ao solo se encontra recurvada, não havendo fratura ou dobra ao longo de toda a extensão dos caules, enquanto que nos falsos eles se encontram dobrados, muitos deles fraturados e algumas plantas ainda têm sua raiz exposta. Da mesma maneira, as trilhas causadas por veículos, passagem de pessoas ou mesmo de animais na plantação apresentam largura junto ao solo marcantemente menor do que a que se registra no topo das plantas, ficando seu perfil curvilíneo e em forma da letra U. Por exemplo, a trilha deixada por um trator tem, junto ao solo, a largura de 30 cm e sua largura no topo das plantas é em torno de 60 cm. Já as trilhas dos agroglifos têm sua largura junto ao solo e no topo das gramíneas praticamente idênticas, ficando o perfil anguloso, com um formato quadrado e constatando-se, no topo da vegetação, uma variação não maior do que 5 cm em relação ao registrado no solo.
Ainda se verifica no interior dos agroglifos verdadeiros um forte eletromagnetismo, o qual não é percebido afastando-se o medidor mesmo por pouquíssimos metros das figuras. Já nos falsos não há qualquer variação de eletromagnetismo verificável que difira dos valores observados fora deles. Este eletromagnetismo é facilmente registrado nas formações autênticas, pois causa alterações dramáticas em bússolas e aparelhos celulares, sendo mensuráveis através de equipamentos específicos — como um magnetômetro — e até mesmo com aplicativos para celulares com esta função. Por fim, também nunca se constatou radioatividade excêntrica em agroglifos, pois eles não são marcas de pouso de discos voadores, como se pensa. Nestes sim pode haver manifestação de radioatividade, porém agroglifos e sinais de aterrissagens de naves alienígenas são coisas e fenômenos totalmente distintos.
Nos ambientes da Revista UFO nas redes sociais muitos internautas postaram suas opiniões baseados em crenças pessoais, sejam elas o negacionismo puro e simples ou, de outro lado, a aceitação sem nenhum questionamento do fenômeno. Ambas as posições estão equivocadas e isso leva a uma pergunta: que credibilidade tem a opinião de pessoas que não realizaram exame algum ou, aliás, que nem estiveram em Ipuaçu, quando comparada com a emitida por quem efetivamente esteve lá e analisou as condições das figuras? Ainda que o resultado de tais exames e suas conclusões estejam incorretos, baseado em que a negação dos fatos pode refutar as conclusões de quem esteve no local? Apenas no achismo e na especulação? Ou tais pessoas negam os fatos apenas porque os agroglifos são por demais extraordinários e assim não podem ser verdadeiros?
Um pouco mais de bom-senso
Enfim, não é negando ou aceitando o que não se conhece que se chegará a uma resposta sobre os agroglifos. É necessário, isso sim, por mãos à obra e estudar o fenômeno onde ele se manifesta, indo aos locais de ocorrência para verificar se o que lá ocorre é falso ou verdadeiro. Para encerrar, faz-se aqui uma crítica à imprensa em geral, que, pelo sexto ano consecutivo, consulta um astrônomo para emitir sua opinião a respeito do tema. No caso, o conhecido detrator do fenômeno, Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que já admitiu nunca ter pesquisado os agroglifos — mas mesmo assim nega sua veracidade. Afinal de contas, se o fenômeno se dá sobre áreas de plantação de cereais, como o trigo, por que a imprensa consulta um astrônomo sobre o assunto? Seguindo esta “lógica”, quando surgir um meteoro ou houver alguma notícia sobre um asteroide, a imprensa deverá publicar, com igual destaque e importância, a opinião de um agrônomo sobre o assunto. Por favor, senhores repórteres, um pouco mais de bom senso.