Revista UFO, três décadas trabalhando pela Ufologia Brasileira e Mundial
Poucos de nossos milhares de leitores têm ideia de todas as fases que levaram a Revista UFO a atingir sua edição número 200. Afinal, esta trajetória começou há 30 anos, quando muitos deles nem eram nascidos e outros tantos eram apenas adolescentes. Sim, a UFO é uma publicação com muita história, tanto que ela se confunde com a da Ufologia Brasileira e Mundial, a começar pelo fato de que, quando iniciou sua circulação, no final dos anos 80, a pesquisa dos discos voadores apenas engatinhava e nem de longe se parecia com o que é hoje. Para começar, não havia internet naquela época e nem mesmo computadores, o que nos obrigava a produzir a revista com técnicas hoje primitivas, empregando máquinas de escrever, fotocomposição de textos e fotolitos. Publicar em cores, como hoje, nem pensar!
Tudo teve início quando a nossa querida pioneira e grande inspiradora Irene Granchi — que até seu falecimento, em 2010, era presidente do Conselho Editorial da UFO — foi forçada pelas dificuldades de mercado a abandonar a OVNI Documento, a primeira publicação do gênero no país, que era trimestral e durou poucos anos, de 1978 a 1980, tendo tido meras oito edições. Como ávido leitor que era da saudosa revista, ainda adolescente, fiquei arrasado com seu fechamento — e tal sensação fazia ferver dentro de mim a vontade de, um dia, fazer algo igual, tendo como exemplo o meticuloso trabalho de dona Irene. A oportunidade chegou anos depois, em 1984, quando, então professor de química, decidi largar o magistério para lançar a segunda revista sobre discos voadores que este país veria, a Ufologia Nacional & Internacional.
Fortes influências
A nova publicação era extremamente modesta, mas, não apenas em razão da época em que circulou, como também por muitos outros fatores, era um projeto muito ousado — talvez até maior do que eu pudesse supor na época. A revista tinha 20 páginas em preto e branco e era produzida com enormes dificuldades, mesmo assim saindo quase todos os meses. Ufologia Nacional & Internacional durou apenas 10 edições, durante as quais recebeu a companhia da Parapsicologia Hoje, a primeira série sobre o tema que já existiu no país. Isso foi influência de vertentes que vicejavam na Ufologia Brasileira dos anos 80, com forte viés para o lado mais espiritualista da ação da Terra de outras inteligências cósmicas. Nesta fase, e em anos posteriores, ambas as publicações, que circulavam paralelamente, tiveram a forte presença de outros ícones da nossa Ufologia, como o açoriano radicado no Rio Grande do Sul José Victor Soares e o legendário general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa. O primeiro influenciou nossas incipientes atividades editoriais por sua metodologia de trabalho e tenacidade, enquanto o segundo nos oferecia uma porta para entender o que estava além do Fenômeno UFO em si.
Mas Ufologia Nacional & Internacional e Parapsicologia Hoje, felizmente, não sucumbiram aos problemas que havia naquela época para quem se avenurasse no meio editorial. Não! Com a primeira tendo alcançado 10 edições e a segunda 5, viu-se a oportunidade de fundir ambas as publicações em uma só, o que deu origem à revista Psi-Ufo, que tinha a pretensão de tratar tanto de Ufologia quanto de Parapsicologia, fazendo-o ora isolada, ora conjuntamente. Dessa mistura surgiram bons frutos, como um cada vez mais imponente e crescente Conselho Editorial, composto dos nomes mais importantes de cada uma dessas áreas. Isso levou, ao longo do trajeto de Psi-Ufo até sua última edição, a sexta, a ser acompanhada por uma série acessória, Temas Avançados, que dava vazão a textos mais robustos e extensos, que não cabiam na revista normal. Mas se Ufologia Nacional & Internacional e Parapsicologia Hoje não cederam às dificuldades da claudicante economia do final dos anos 80, Psi-Ufo e Temas Avançados, sim. Ambas as publicações foram encerradas em 1987, dando fim a um sonho que teve seus momentos de deliciosa realidade.
Novo projeto
Mas o sonho não acabou de verdade, porque não é tão fácil assim acabar com um genuíno — ele apenas mudou de formato! Um pouco mais de pés no chão não fazem mal a ninguém e foi com eles bem firmados no solo e o pensamento continuamente nas estrelas que, em março de 1988, tudo voltaria a se repetir com o lançamento da Revista UFO que temos hoje. Estavam encerrados os projetos anteriores. O que começou a tomar forma desde a primeira edição, vencendo novamente as mesmas barreiras que antes já havíamos derrubado antes, foi uma publicação crescente e com apoio significativo da Ufologia Brasileira. UFO surgiu para alívio daqueles que, como eu fiquei quando a OVNI Documento fechou, sentiram na carne a falta de um veículo de comunicação feito por ufólogos apaixonados pelo tema, que pudesse chegar tanto a outros ufólogos como ao público em geral — que logo aderiu à nova publicação, fazendo sua circulação chegar, poucos anos depois, a 50 mil exemplares por mês, outro recorde mundial.
A publicação de Ufologia mais antiga do mundo chega à sua edição número 200 após 30 anos de atividades intensas e ininterruptas. Com isso, UFO reforça o vigor e o pioneirismo que a Ufologia Brasileira sempre teve no cenário global de estudo da presença alienígena na Terra.
Foi com a nova UFO, desde o final dos anos 80 até hoje, que a Ufologia Brasileira viu ser escoada a fantástica quantidade de quase três mil artigos sobre a presença alienígena na Terra, 70% deles produzidos por pesquisadores brasileiros — todos tinham espaço dentro da revista, que era feita para representar verdadeiramente nossa comunidade de estudos. Foram centenas os autores que, esporádica ou regularmente, tiveram seus trabalhos apresentados à nação através da publicação. Desses, por afinidade ou companheirismo, dedicação e amor à causa, cerca de 600 passaram por seu Conselho Editorial, ocupando posições que variaram de coeditores a colaboradores, de consultores científicos a tradutores, de correspondentes internacionais a coordenadores de área etc. Hoje esta enorme família, que chamamos de Equipe UFO — sim, ela que você, leitor, vê assinando muitos textos de nossas edições —, tem cerca de 400 integrantes e é simplesmente o maior contingente trabalhando em um projeto sobre Ufologia do mundo. Bem providencial para uma revista que é a mais antiga do planeta.
Serviços prestados
Logo que ficou óbvio que a UFO, sozinha, não tinha como dar conta de tantas informações que essa multidão produzia regularmente, surgiu também a UFO Especial, que, após algumas interrupções, circula até hoje em caráter bimestral. A mesma razão levou ao lançamento da UFO Documento, que infelizmente já não existe mais. Assim, com a UFO chegando agora à sua edição número 200, três décadas depois de lançada, e considerando-se a quantidade de edições de UFO Especial e de todas as nossas séries antecessoras, seguramente produzimos cerca de 400 revistas nestas três décadas de trabalho — mais um recorde! E isso sem contar algumas outras iniciativas, como a revista Esotera e a primeira fase da Coleção Biblioteca UFO, por exemplo. Esta é uma considerável folha de serviços prestados à Ufologia Mundial, muito mais do que apenas à Brasileira, e nos sentimos somente no meio do longo caminho que decidimos percorrer em 1984, quando a frágil Ufologia Nacional & Internacional surgiu.
A Revista UFO que você conhece hoje, leitor, é publicação referência sobre discos voadores, respeitada em todos os segmentos da Ufologia Brasileira e Mundial, fruto de um trabalho exaustivo e meticuloso, muitas vezes extremamente difícil, de uma família predestinada a tratar com seriedade a presença alienígena na Terra e firmemente vocacionada a repartir informações de qualidade com a sociedade. Costumo dizer que boa Ufologia só se alcança como resultado de uma experiência multicefálica de investigação e análise do Fenômeno UFO, que ninguém chega a lugar algum sozinho e que o segredo do sucesso é o compartilhamento generoso do que se sabe. E isso é feito tanto internamente na UFO, quando os membros da equipe intercambiam informações de forma intensa, quanto externamente, junto aos nossos milhares de leitores — com quem também repartimos o que descobrimos.
Enfim, UFO é resultado disso tudo, tem uma história substancial, passou por inúmeras fases e amadureceu constantemente nestas três décadas usando a fórmula descrita pelo pioneiro George Adamski, que dizia que “o segredo do êxito está na constância e na pureza do propósito”. Eu diria mais. Diria que, além da constância e da pureza do propósito, as boas escolhas de novos talentos na Ufologia e a valorização dos que nela já estão, com o melhor emprego possível de sua capacidade, é a chave do sucesso. E além de tudo isso, é claro, estão aqueles para quem fazemos o que fazemos, nossos leitores, que nos apoiam e nos honram adquirindo a UFO todos os meses e fazendo a engrenagem girar sem parar. Muito obrigado!
UFO chega à sua edição número 200
Há três décadas nascia a Revista UFO, com a ousada proposta de documentar, investigar e difundir informações de credibilidade sobre a presença alienígena na Terra. A publicação surgiu modesta, com apenas 20 páginas em preto e branco e enfrentando muitas dificuldades. Mas, vencendo os obstáculos naturais do mercado editorial brasileiro, agravados pelo fato de tratar de tema tão específico, UFO cresceu continuamente e chega agora à sua edição número 200.
Em 2001 a revista passou a ser produzida pela Mythos Editora, como resultado de uma parceria estabelecida com o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), que gera conteúdo para a publicação. Desde então, a revista vem crescendo ainda mais, não apenas refletindo com vigor tudo o que acontece da Ufologia Brasileira, como, em grande parte, gerando novas e sólidas ações que a impulsionam, a exemplo da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já.
A Ufologia que vemos hoje definitivamente não é a mesma de 30 anos atrás, e grande parte de seu aperfeiçoamento e maturidade foi alcançada por influência direta da Revista UFO. Que esta edição 200 — número jamais atingido por qualquer outra publicação do gênero no mundo — marque uma nova fase de crescimento, beneficiando o leitor com informações atuais e responsáveis sobre a ação na Terra de outras inteligências cósmicas.
— Helcio de Carvalho, sócio proprietário da Mythos Editora
Os textos preferidos dos leitores
Para comemorar os 30 anos e 200 números da Revista UFO, decidimos fazer uma campanha para descobrir quais eram os textos publicados durante todos estes anos que mais agradaram aos leitores. Os 10 mais votados seriam republicados nas edições comemorativas 200 e 201. A votação foi realizada ao longo de nossas últimas edições e também através de uma campanha no site da publicação [ufo.com.br], sendo que os participantes deveriam votar em apenas um texto, identificando seu autor e a edição em que saiu. Ao fazê-lo, estariam concorrendo no sorteio de um pacote de DVDs da primeira temporada da premiada série Extraterrestres no Passado. O vencedor foi Leonardo Malta, de Campo Grande, que é assíduo leitor da Revista UFO desde seus primórdios.
Após três meses de coleta de respostas, tivemos 380 participações no concurso, que votaram em cerca de 70 textos. Infelizmente, no entanto, muitos dos que enviaram seus votos não descreveram corretamente os artigos preferidos ou as edições em que saíram — e vários votaram em textos da série UFO Especial, que não estavam valendo. Consequentemente, cerca de 120 votos foram desclassificados, restando cerca de 40 textos mais votados. Também não foram computados, para efeito de republicação dos artigos — embora valendo ao sorteio dos DVDs —, aqueles votados pelos leitores, mas que saíram em edições de UFO de 2011 para cá, justamente por estarem muito recentes. Por fim, também optamos por não computar nos resultados os artigos que tratassem da Operação Prato, de UFOs na Amazônia ou da conhecida entrevista com o coronel Uyrangê Hollanda, por serem maioria entre os artigos votados, causando um desequilíbrio nos resultados.
Cinco dos 10 textos vencedores são de Thiago Ticchetti, Joaquim Fernandes, Cláudio Suenaga, Marco Petit e Piergiorgio Caria, republicados nesta edição. Os outros cinco, que sairão na UFO 201, serão anunciados na própria edição. O editor A. J. Gevaerd optou por ter seus textos excluídos da votação, para isentar-se dos resultados, exceto pela entrevista vencedora, que conduziu com o brigadeiro José Carlos Pereira. Ela aparece em duas partes, nesta e na próxima edição. Boa leitora e boas recordações!