por Renato A. Azevedo
Mais cortes orçamentários afetam missões da NASA ao espaço
Infelizmente, aconteceu de novo. Como se tornou habitual, a política norte-americana reduziu mais uma vez o orçamento da NASA, prejudicando seriamente a exploração espacial. Apesar de tantas promessas, a Administração Obama repetiu o duvidoso feito — agora, a proposta de orçamento para a agência espacial para 2013 é de US$ 17,7 bilhões, uma redução de US$ 59 milhões. O setor mais prejudicado foi o de exploração planetária, com redução de 20%, afetando até mesmo a participação dos Estados Unidos na missão Exomars, da Agência Espacial Europeia (ESA), agendada para 2016 e 2018. Foi um duro revés, justamente quando boa parte da comunidade científica afirma que está próxima a descoberta de vida em Marte. A redução da verba para missões planetárias causou a renúncia de Edward J. Weiler, então chefe do Departamento de Missões Científicas da NASA.
A Exomars é composta de um orbitador e de um rover, similar ao Spirit e Opportunity, mas com capacidade de perfurar o solo marciano buscando “assinaturas de vida” subterrâneas em Marte. Missão mais ambiciosa, sofisticada e cara, ela também está em compasso de espera. Por enquanto, as últimas atividades desse tipo são a Cassini, em órbita de Saturno, e o rover Curiosity, em rota para Marte — além do telescópio James Webb, sucessor do Hubble. Uma missão para trazer amostras de Marte para a Terra foi adiada indefinidamente, bem como uma missão orbital a Europa, o satélite de Júpiter onde se suspeita que possa existir vida. Weiler descreveu de forma precisa a deplorável decisão: “O programa para Marte é uma das joias da coroa da NASA. Em que tipo de mundo irracional podemos conviver com esses cortes desproporcionais?”
O lançamento do filme Área Q
Foi finalmente anunciada a data de estreia nos cinemas de Área Q, produção de ficção científica estrelada por Isaiah Washington, Murilo Rosa e Tania Khalill — o filme deverá chegar às salas de exibição de todo o Brasil na primeira semana de abril. A direção é de Gerson Sanginitto, que também assinou o roteiro ao lado de Julia Câmara. A trama envolve espiritualismo e Ufologia, foi filmada em locações em Los Angeles, Quixadá e Quixeramobim, no Ceará, e conta a história de Thomas Matthews (personagem de Washington), um jornalista norte-americano cuja vida sofre uma reviravolta com o desaparecimento do filho. Ele acaba aceitando uma sugestão de seu chefe para vir ao Brasil, a fim de investigar casos de avistamentos de UFOs e abduções alienígenas, envolvendo-se com uma repórter brasileira cética, vivida por Tania Khalill. Já Murilo Rosa interpreta João Batista, um caboclo que pode ter respostas para os misteriosos fatos — e também a respeito do filho de Matthews.
Achado mais um planeta potencialmente habitável
Um mundo com três sóis, para surpresa da comunidade astronômica, possivelmente reúne as melhores condições encontradas até agora para dispor de água líquida — e talvez até de vida. Localizado a 22 anos-luz de distância da Terra, na Constelação de Escorpião, o exoplaneta foi designado GJ 667Cc e orbita uma estrela anã branca — que, por sua vez, gira ao redor de um sistema binário composto por duas estrelas amarelas, similares ao Sol. Com 4,5 vezes a massa da Terra, encaixa-se na classe de mundos chamados de superterras e tem um período orbital de 28 dias. O orbe recebe de seus três astros aproximadamente a mesma quantidade de energia que recebemos do Sol. A anã branca orbita o sistema duplo a uma distância similar a que separa Plutão do Sol, e todo o sistema, segundo os astrônomos, tem composição química diversa do nosso, com carência de elementos mais pesados, como os metais. A descoberta foi feita utilizando-se dados dos telescópios Keck, no Havaí, ESO e Magellan, no Chile.
Sai do papel participação brasileira em supertelescópio
Conforme já sabido, os europeus estavam impacientes com a demora na confirmação da participação brasileira no consórcio Observatório Europeu do Sul (ESO), embora nossos astrônomos já tivessem pleno acesso aos telescópios do grupo desde 2010, quando da assinatura do acordo. Parece que agora, felizmente, o projeto começará a andar com o envio para a Casa Civil da Presidência da República, por parte do Ministério da Ciência e Tecnologia, do termo que define a participação do país no ESO — o passo seguinte é a apreciação do documento pelo Congresso Nacional. Mesmo com um orçamento de R$ 5,2 bilhões para 2012 — 20% menor que o de 2011 —, a equipe do novo ministro Marco Antonio Raupp acredita que o acordo deve finalmente sair. O Brasil, pelo acordo assinado, deve investir R$ 555 milhões nos próximos 11 anos no consórcio, cuja principal meta é a construção do E-ELT, sigla de Telescópio Extremamente Grande, que deverá ser o maior instrumento de seu tipo no mundo. O projeto conta com o apoio da maior parte da comunidade astronômica brasileira.
50 anos do voo espacial de Glenn
Em 20 de fevereiro de 1962, o norte-americano John Glenn subiu ao espaço na nave Mercury, batizada como Friendship 7, impulsionada por um foguete Atlas. Ele completou três órbitas antes de pousar com segurança no Oceano Atlântico. Os Estados Unidos estavam então em uma corrida espacial com a União Soviética, o que os levou, pouco mais de sete anos depois, a pousar na Lua com a missão Apollo 11. Há alguns anos, Glenn retornou ao espaço na missão STS-95 do ônibus espacial Discovery. Falando no Centro Espacial Kennedy, ele e seu colega Scott Carpenter — dois únicos sobreviventes do grupo original dos sete primeiros astronautas da NASA — disseram ser urgente que todos os países tirem o máximo proveito da Estação Espacial Internacional (ISS). Glenn também lamentou a decisão de aposentar os ônibus espaciais, tomada em 2004, segundo ele, pelo ex-presidente George W. Bush sem que uma nave substituta estivesse disponível. O veterano explorador espacial ainda disse que a melhor opção para uma viagem a Marte é montar um grande veículo em órbita da Terra. Já Carpenter lamentou a falta de vontade política do atual governo, que se reflete na contínua diminuição do orçamento da NASA.
Descoberta chilena favorece vida em Marte
Pesquisadores espanhóis trabalhando na Universidade Católica do Norte do Chile e utilizando um instrumento chamado Solid — sigla de Detecção de Sinais de Vida — descobriram colônias de bactérias vivendo dois metros abaixo da superfície do Deserto de Atacama. Esse é um dos locais mais secos da Terra, onde algumas áreas não recebem chuvas há mais de 400 anos. O fenômeno é possível porque os microrganismos vivem em depósitos de halita, sal comum, que ainda contêm compostos como anidrita e perclorato, que são higroscópicos, absorventes de água. Com o Solid, os cientistas determinaram que as bactérias vivem e prosperam em lâminas de água de dois mícrons de espessura, concentrada pelos cristais de sal.
Encontrado um “planeta água”
Em fevereiro foi anunciado que o exoplaneta GJ 1214b, uma superterra 2,7 vezes maior do que o nosso planeta e com massa sete vezes superior, é composto principalmente por água e tem uma espessa atmosfera de vapor. “É um planeta que não se parece com nada que conhecemos até agora”, afirma Zachary Berta, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, líder da equipe responsável pela descoberta. Tal mundo já havia sido observado em 2009, e em 2010, utilizando dados do Hubble, especialistas constataram a presença de água nele.