Por A. J. Gevaerd
Agroglifos, preconceito e ignorância
Há uma série de equívocos que se repete há quatro anos do mesmo jeito, desde que os agroglifos de Santa Catarina começaram a surgir, em 2008. O primeiro é que a imprensa do estado, para falar de um fenômeno que ocorre em uma plantação de grãos, chama um astrônomo, o que é no mínimo uma bizarrice — já pensou o leitor se um astrônomo tiver que consultar um agricultor para falar-lhe sobre galáxias e constelações? O segundo equívoco é a própria manifestação do referido astrônomo sobre o assunto, que não consegue disfarçar — e nem tenta — sua completa ignorância e puro preconceito quanto ao mesmo, a ponto de nem se sentir embaraçado ao fazer as mais ridículas afirmações sobre o que desconhece. E o terceiro equívoco está justamente em ver o fenômeno ocorrer há quatro anos consecutivos, o referido astrônomo ser consultado nessas quatro vezes pela imprensa e nem assim ele não se dar o trabalho de ir até o local averiguar o que se passa, antes de falar bobagem como “aquilo ali não passa de uma brincadeira dos moradores” ou, pior ainda, “basta uma corda e uma estaca para se produzir os círculos”. São raros os casos de tão pouco compromisso com a seriedade como o desse senhor. Ora, se é assim tão fácil, professor Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), queira nos comprovar a eficácia do que afirma e nos demonstre com suas estacas e cordas como a população de seu próprio estado está enganando a opinião pública brasileira.
Nenhum ET vai viajar milhões de anos para fazer um círculo em uma plantação e ir embora
— Adolfo Stotz Neto