Por Renato Azevedo
Gliese 581d pode ser habitável
A estrela Gliese 581, uma anã vermelha situada a 20,5 anos-luz do Sol, tem sido notícia desde 2007, quando foi anunciado que seu exoplaneta 581c poderia ser o primeiro habitável [Veja edição UFO 146, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Isso, infelizmente, não se confirmou com novas observações, e ficou em suspense a condição de outro mundo vizinho, 581d. O mesmo ocorreu com a notícia da descoberta de Gliese 581g, em 2010, que se acreditava ter 100% de possibilidade de abrigar vida. Ele seria um mundo menor do que os dois anteriores, segundo os astrônomos, mas o fato de ter vida é seriamente contestado.
Agora, Gliese 581d volta a ter destaque graças a um estudo de climatologistas do Instituto Pierre Simon Laplace, da França, que publicaram suas conclusões na revista The Astrophysical Journal Letters. Segundo eles, o planeta, com duas vezes o diâmetro da Terra e sete vezes sua massa, deve ter uma de suas faces permanentemente voltada para a estrela que orbita, deixando o outro lado em perpétua escuridão. Os cientistas consideram essas condições desfavoráveis à vida, com o agravante de que tal mundo receberia três vezes menos energia do Sol do que a Terra.
Entretanto, os climatologistas utilizaram avançados modelos de computador para chegar à conclusão de que é alta a possibilidade de Gliese 581d ter uma atmosfera rica em dióxido de carbono. Se isso se confirmar, então o planeta pode usufruir um efeito estufa e uma dinâmica atmosférica que distribuiria o calor por toda a sua superfície. O resultado seriam nuvens, chuvas e oceanos, tornando-o propício à vida semelhante à da Terra. Essa possibilidade comprovaria que mundos habitáveis não precisam necessariamente ser tão semelhantes ao nosso, e isso será um trabalho para a nova geração de telescópios, que começará a operar em terra e no espaço nos próximos anos.
Avibrás começará a testar o primeiro VANT operacional brasileiro
A Avibrás Aeroespacial revelou em abril seu protótipo do VANT Falcão. A sigla, como se sabe, significa veículo aéreo não tripulado. O modelo deverá se tornar o primeiro construído no Brasil, e seu vôo inaugural deve ocorrer no segundo semestre de 2011. A aeronave robótica pesa cerca de 600 kg, tem capacidade de carga de 150 kg e alcance operacional de 2.500 km. O Falcão deve ser utilizado para vigilância e reconhecimento, podendo voar por até 15 horas seguidas. Ele irá demonstrar sistemas de decolagem e pouso completamente autônomos, desenvolvidos no Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), dentro do Projeto VANT do órgão. Enquanto isso, a primeira aeronave não tripulada a servir na Força Aérea Brasileira (FAB) deverá ser o Hermes 450, produzido pela israelense Elbit, do qual duas unidades já operam na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Desvendado mistério das bactérias lunares
Em 19 de novembro de 1969, o módulo lunar da Apollo 12, com os astronautas Alan Bean e Pete Conrad a bordo, pousou na superfície do satélite a apenas algumas centenas de metros da sonda Surveyor 3, que chegara à Lua em 20 de abril de 1967. Os astronautas removeram alguns dos equipamentos da sonda, incluindo sua câmera, e os trouxeram de volta à Terra. Mas foi enorme a surpresa dos cientistas da NASA ao descobrirem, durante a análise da tal câmera, que ela continha micróbios terrestres, precisamente uma pequena colônia de Streptococcus mitis. Sempre se considerou que o processo de desinfecção da Surveyor — necessário a qualquer missão espacial — foi deficiente e que a sonda levou “de carona” as bactérias até a Lua, onde sobreviveram sem qualquer proteção por quase três anos. Esse era um enigma a ser resolvido.
Agora, contudo, novas informações e imagens da análise da câmera parecem demonstrar que, ao contrário dessa idéia, ela foi contaminada durante o próprio procedimento de análise, após seu retorno do satélite. O site Space [www.space.com] publicou um extenso artigo a respeito, e nas fotos disponibilizadas percebe-se claramente que os técnicos responsáveis pelo exame da Surveyor vestem uniformes de mangas curtas, que deixam os braços expostos, e camisas que terminam na altura da cintura — nem de longe um traje que impediria a contaminação. Portanto, nenhum mistério. Cientistas alertaram que semelhante falta de cuidado pode afetar os resultados de análises de amostras de planetas onde possa existir vida. O fato de missões não tripuladas a Marte estarem sendo previstas para trazer de volta material biológico foi bastante enfatizado, e o episódio da Surveyor acionou um sinal de alerta.
Nave Dawn aproxima-se de asteróides
Lançada em 27 de setembro de 2007, a sonda Dawn da NASA está se aproximando de seu primeiro objetivo. Em 03 de maio, a nave conseguiu sua primeira foto do asteróide Vesta, a uma distância de 1,2 milhões de quilômetros. Vesta, um corpo de cerca de 530 km de diâmetro, é o terceiro maior asteróide em tamanho e está localizado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Após um périplo pelo Sistema Solar, que incluiu uma passagem próxima do Planeta Vermelho para contar com seu auxílio gravitacional, a Dawn deve chegar a órbita de Vesta em 16 de julho. A sonda deverá então estudá-lo por um ano, ao que se seguirá um feito histórico na Era Espacial: pela primeira vez um veículo da Terra sairá da órbita de um corpo celeste e se dirigirá a um segundo orbe. No caso, ao planeta anão Ceres, com um diâmetro de 960 km, em cuja órbita a Dawn deverá entrar em julho de 2015. Para tanto, a nave conta com um sistema de propulsão iônico, acelerando gás xenônio por meio de um motor elétrico.
Tal dispositivo não produz grande impulso, mas pode funcionar por meses e até anos, oferecendo imensas velocidades à nave [Veja edição UFO Especial 036, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. O interesse em Vesta está no fato de o asteróide poder ser o que se chama de protoplaneta, composto por crosta, manto e núcleo, tal como a Terra e outros rochosos do Sistema Solar. Já Ceres, o maior objeto do Cinturão de Asteróides, é esférico e pode contar com uma camada de gelo sob a superfície.
Endeavour leva instrumento para detectar antimatéria
O ônibus espacial Endeavour partiu em 16 de maio para sua missão final, da qual um dos objetivos é levar para a Estação Espacial Internacional (ISS) o Espectrômetro Magnético Alfa (AMS-02) — o similar AMS-01 foi levado em 1998 a estação Mir pela nave Discovery, contribuindo para aumentar nosso conhecimento dos raios cósmicos. Agora, o novo modelo irá vasculhar as imediações da Terra e o espaço profundo em busca de pósitrons e anti-prótons, partículas de antimatéria remanescente do início do universo. Os cientistas têm a expectativa de que o instrumento possa encontrar não apenas átomos de anti-hidrogênio, mas até mesmo de anti-hélio, para que possam comprovar a teoria de que ainda existem bolsões de antimatéria no universo atual. Os especialistas falam até mesmo em descobrir anti-elementos mais pesados, como o anti-carbono, o que significaria que podem existir anti-estrelas produzindo-os, algo ainda considerado altamente improvável. A misteriosa “energia escura” também é alvo do AMS-02.
“Planetas solitários”, nova classe de mundos no universo
Foi publicado na edição de 19 de maio da revista Nature um artigo produzido por astrônomos norte-americanos, japoneses e neozelandeses que descreve uma nova classe de mundos: os “planetas solitários”. Eles percorrem o espaço interestelar à deriva, sem estarem ligados a uma estrela. O feito foi conseguido utilizando-se o fenômeno das microlentes gravitacionais. Monitorando uma estrela distante, os astrônomos observam um aumento e posterior diminuição de seu brilho, causados pela gravidade de um corpo passando entre o astro e a Terra. A equipe de estudiosos afirma que os resultados permitem supor a existência de milhões desses mundos na galáxia, até mesmo superando o número de estrelas na mesma. Em um intervalo de dois anos, os pesquisadores detectaram 10 fenômenos do tipo.
Especula-se que tais orbes — cujo tamanho é comparável ao de Júpiter ou maior — poderiam até abrigar formas simples de vida. Se possuírem luas, estas percorreriam órbitas levemente elípticas, aproximando-se e afastando-se periodicamente de seus planetas. Isso causaria o aquecimento dos satélites, com a possibilidade de formação de oceanos abaixo de suas crostas congeladas — exatamente o que ocorre no Sistema Solar com Europa, que orbita Júpiter. Os astrônomos dizem ainda que os planetas solitários se formariam ao redor de estrelas, sendo então expulsos de seu sistema natal por colisões ou empuxos gravita-cionais.