por Renato A. Azevedo
PRECONCEITO CONTRA EXTRATERRESTRES
Uma chocante série de alertas foi vista em Los Angeles e outras cidades nos dias finais de junho. Em locais como bancos de pontos de ônibus foram espalhadas mensagens dizendo que tais lugares eram apenas para humanos, trazendo uma figura alienígena aparentemente insetóide, dentro de um círculo vermelho com uma barra diagonal: “Proibido para não humanos”. Essas mensagens ainda diziam que alienígenas deveriam ser denunciados às autoridades e que uma empresa Multinational United, “mantém os humanos seguros controlando os não humanos”. Traz ainda avisos de que secreções de seres alienígenas podem ser corrosivas e tóxicas…
Tratou-se, na verdade, de uma original campanha de divulgação do filme de ficção científica District 9, rodado na África do Sul sem grandes nomes no elenco, mas cuja produção ficou a cargo do famoso Peter Jackson, diretor premiado com o Oscar pela trilogia O Senhor dos Anéis [2002]. Na trama, o primeiro contato entre a Terra e uma raça extraterrestre ocorreu há 30 anos, e esperava-se um ataque alienígena, na pior das hipóteses, ou um colossal avanço na ciência e tecnologia. Mas nada disso se concretizou. Os alienígenas eram refugiados, os últimos de sua espécie, e foi permitido a eles se assentar em District 9, um local na África do Sul que se revelaria uma autêntica favela, enquanto as nações do mundo decidiam o que fazer com eles.
Enquanto os aliens vivem em precária situação, a paciência da população chega ao fim e tumultos ocorrem dentro e fora de District 9. Para contê-los, foi criada a Multinational United, empresa privada nem um pouco interessada no bem-estar dos visitantes, e sim nos lucros monstruosos que podem obter se conseguirem fazer as tecnologias e especialmente as armas alienígenas funcionarem. Até agora os esforços não foram bem sucedidos, pois isso requeria
DNA alienígena.
Surge então Wikus van der Merwe — o ator Sharlto Copley —, um agente de campo da empresa, que é infectado com um vírus que começa a alterar seu DNA. Logo ele se torna o humano mais procurado do mundo e também o mais valioso, pois é a chave para desvendar os segredos da tecnologia alienígena. O único lugar que lhe serve como refúgio é District 9.
Filmado na África do Sul, que até meados dos anos 90 sofria com o abominável regime do apartheid, chega a ser chocante ver como pessoas que já foram vítimas de preconceito destilam este mesmo sentimento contra ETs. Trata-se de uma ficção inteligente e provocante, que debate o racismo com uma campanha de divulgação original, contando até com telefone para “denunciar atividades alienígenas” e um site [www.d-9.com] com diversas informações sobre a produção. O filme deve estrear em 30 de outubro no Brasil.
UM LAGO EM MARTE. E AGORA PARECE QUE É OFICIAL
Cientistas da Universidade do Colorado liderados por Gaetano di Achille publicaram um artigo no Geophysical Research Letters, publicação da União Americana de Geofísicos, afirmando terem descoberto as primeiras evidências definitivas de que existiu um lago em Marte. O trabalho foi feito sobre imagens obtidas pela câmera HiRISE [Sigla de High Resolution Imaging Science Experiment ou Experimento Científico de Imagem de Alta Resolução], da nave Mars Reconnaissance Orbiter, e descreve o lago como tendo existido desde três bilhões de anos atrás no Planeta Vermelho, ocupando uma área de cerca de 207 km2 e com quase 460 m de profundidade.
No acidentado relevo marciano, a clara linha da costa do suposto lago foi descoberta utilizando-se os instrumentos da sonda em uma região formada pelo delta de um cânion chamado Shalbatana Valley, com 48 km de comprimento. O delta mostra claros sinais de possuir depósitos de sedimentos. Cientistas acreditam que a formação destas estruturas geológicas ocorreu durante o “período morno” de Marte conhecido como Noachan Epoch, de 4,1 a 3,7 bilhões de anos atrás. Na verdade, desde o começo dos anos 70, com a entrada em órbita da Mariner 9, sabe-se que o clima marciano foi muito mais benigno e ameno no passado remoto, quando então a vida pode ter florescido. As discussões se concentram em torno da idéia desses organismos marcianos terem de alguma forma evoluído e estarem ainda hoje presentes no planeta – uma questão que, espera-se, será respondida pelas próximas missões.
TENTAR INTERCEPTAR UFOs, UM PERIGO DE MORTE
Em 23 de novembro de 1953, um caça F-89 pilotado pelo primeiro-tenente Felix Moncla e tendo na carlinga traseira o oficial de radar e segundo-tenente Robert L. Wilson tentou interceptar um UFO sobre o Lago Superior, na divisa entre Estados Unidos e Canadá. O jato buscou uma aproximação mergulhando por cima, acercando-se do intruso a 2.400 m de altitude, quando os operadores de radar viram os plots que representavam o caça de Moncla e o UFO se fundirem e desaparecerem em seguida. Extensivas buscas na região não encontraram qualquer sinal de destroços.
E é interessante ver, na lápide em honra a Moncla no Cemitério Católico Coração Sagrado, em Moreauville, Louisiana, menção a seu desaparecimento perseguindo um UFO. Segundo o general Benjamin Chidlaw, comandante da Defesa Aérea na época, “os EUA tinha inúmeros informes de avistamentos de discos voadores, e os levava a sério. Basta ver quantas aeronaves e homens perdemos tentando interceptá-los”. Interessante ver que, de acordo com os registros do Departamento de Defesa, de 1952 a 1956 foram perdidas, entre Força Aérea e Marinha, um total de 14.302 aeronaves. A maioria dos casos é atribuída a erros dos pilotos (56%), problemas no equipamento (23%) e dificuldades ocorridas em terra (8%). Mas quase 10% são rotulados como “acidentes com causas desconhecidas”.
Alguns pilotos comentam que, na excitação de uma perseguição a um alvo não identificado, os limites estruturais de desempenho e fadiga da aeronave acabam sendo superados, o que pode levar à destruição do aparelho. E é preciso lembrar que na época a tecnologia dos jatos ainda estava em sua infância. Portanto, problemas técnicos não eram de forma alguma novidade.
De todo modo, devemos considerar igualmente os vários casos onde alegadamente aviões terrestres dispararam suas armas contra UFOs, sem efeito visível, apenas para sofrerem retaliação com resultados muitas vezes desastrosos. O verão norte-americano de 1952 foi particularmente prolífico em avistamentos e relatos de UFOs, que eram então encaminhados ao Projeto Blue Book, a comissão da USAF responsável por analisar o fenômeno ufológico.
O imenso problema que a instituição enfrentou foi descrito no livro Shoot Them Down [Podem Abatê-los, Press, 2001], do autor e ilustrador Frank C. Feshino. Ele passou 18 anos coletando informações para o livro, e conta que um oficial da Força Aérea da época lhe disse, em julho de 1952, que “…os pilotos estão sob ordens de investigar objetos não identificados e abatê-los se não conseguirem forçá-los a pousar”.
Feshino destaca que o presidente Barack Obama, no feriado do Memorial Day, em maio, depositou flores no Cemitério Nacional de Arlington para os soldados desconhecidos que tombaram em batalha, e diz que está na hora de também homenagear os pilotos esquecidos, que morreram ou desapareceram perseguindo UFOs. Esta, sim, seria uma ação interessante.
PROJETO WINTERHAVEN BUSCOU PROPULSÃO E INVISIBILIDADE
O especialista em aviação Bill Rose afirma que um dos primeiros a testarem a hipótese de combinar eletromagnetismo e gravidade foi Thomas Towsend Brown, que teria descoberto que um campo elétrico altamente carregado poderia distorcer a gravidade. Muito do trabalho de Brown permanece envolto em mistério, mas alguns acreditam que o controverso Experimento da Filadélfia, de 1943, foi um teste de sua teoria, a fim de tornar um navio de guerra norte-americano invisível – o USS Eldridge. Na década de 50, oficiais da Força Aérea teriam ficado tão impressionados com o trabalho de Brown que dez indústrias aeroespaciais foram convidadas a apresentar propostas de aeronaves em forma de disco que utilizassem eletrogravidade.
Isso teria levado ao Projeto Winterhaven, um programa secreto destinado a produzir um disco voador com sistema de propulsão misto, eletrogravítico e turbojato convencional. O sistema deveria criar uma carga positiva na beirada da aeronave e uma negativa no escape dos jatos, reduzindo a detecção pelo radar e melhorando o fluxo de ar, e assim permitindo que a aeronave literalmente surfasse uma onda gravitacional.
Oficialmente, Winterhaven nunca passou dos estudos iniciais, e a física envolvida foi declarada como inviável. Entretanto, existem aqueles que alegam que o projeto chegou a produzir um protótipo, levando a uma série de aeronaves secretas que testaram versões cada vez mais avançadas da tal tecnologia eletrogravítica. Alega-se que o bombardeiro B-2 utilizaria esta tecnologia, o que teria sido publicado inclusive na Aviation Week. Se o B-2 de fato utiliza um sistema para carregar eletricamente seus bordos de ataque e a exaustão de seus motores, é algo que carece de evidências concretas, como costuma acontecer quando lidamos
com o chamado “mundo negro”.
GIRO LITERÁRIO
EX-UFÓLOGO E AGORA TAMBÉM EX-CÉTICO LANÇA NOVO LIVRO
O argentino Alejandro Agostinelli é apaixonado pela Ufologia desde os anos 70. Na década seguinte foi secretário geral do Centro de Investigaciones Ufológicas (CIU) e chegou a organizar a filial local do Center for UFO Studies (CUFOS), a famosa organização do saudoso pioneiro J. Allen Hynek. Colaborou com diversas publicações e chegou mesmo a participar, por algum tempo, nos anos 90, de organizações céticas. De volta à Ufologia, tendo feito apresentações em diversos países, incluindo o Brasil, Agostinelli acaba de publicar o livro Invasores: Historias Reales de Extraterrestres em la Argentina [Sudamericana, 2009], no qual apresenta relatos de inúmeros casos ufológicos em seu país, alguns inclusive que foram esquecidos por muitos anos.
A obra tem recebido elogios na imprensa argentina, na qual muitos analistas afirmam que, sem abandonar as qualidades literárias, Alejandro constrói uma narrativa cativante sobre seres humanos e seus contatos com nossos visitantes. A grande questão abordada pelo autor é o motivo pelo qual as testemunhas vêem o que vêem, e, finalmente, se encontram ou não o que buscam. Conforme Daniel Riera, no prólogo do livro, “a obra seria imprescindível até mesmo aos próprios extraterrestres, justamente pelo foco no fator humano do enigma ufológico”. Agostinelli fez uma apresentação durante o I Fórum Mundial de Ufologia, em Brasília, em 1997, durante sua fase de ufólogo, antes do ceticismo.