Irene Granchi: Uma merecida homenagem à nossa maior pioneira
A Ufologia é uma disciplina que proporciona uma melhor visão de nosso futuro, através da compreensão de que nossos visitantes extraterrestres têm como alvo o avanço da espécie humana, o que poderá, um dia, resultar no aperfeiçoamento do conhecimento que temos de nossas origens e destino. Mas ela também tem, obrigatoriamente, que ser praticada com olhos voltados para o passado, de onde retiramos os fatos que erigiram seus alicerces, que hoje usamos para sustentar conceitos há muito tempo estabelecidos. É do registro sistemático e organizado da casuística ufológica, que vem sendo feito há mais de 60 anos por nossos pioneiros, no Brasil e em todo o mundo, que aprendemos o modus operandi destes visitantes, que pouco mudou neste período.
O reconhecimento do trabalho destes valorosos personagens, que abriram as picadas na mata, por onde os ufólogos das gerações seguintes construíram as estradas pelas quais trafegam hoje, está na ordem do dia. Até porque, conhecer o que pensam estes pioneiros da presença alienígena na Terra, após tantos anos lidando com o assunto e acumulando uma experiência inquestionavelmente valiosa, é fundamental. Em nosso país, foram vários os homens e algumas as mulheres que se lançaram na aventura de buscar, ainda nos anos 50 e 60, respostas para o Fenômeno UFO, que se mostrava incipiente na época, era quase desconhecido da população e considerado algo mítico. Dentre estes pioneiros, destaque de primeiríssima grandeza deve ser dado, com toda justiça, à professora Irene Granchi, com quem a Ufologia Brasileira tem uma dívida impagável.
Dona Irene é aquela pessoa que sofreu todos os tipos de preconceitos, como mulher e como ufóloga, por iniciar sua dedicação ao tema há quase seis décadas. Na primeira categoria, porque naquela época não tinha a liberdade de exercer atividades públicas com desprendimento, e ainda assim o fazia. E, na segunda, em razão de que, mesmo ainda quase totalmente desconhecidos, os discos voadores já eram estigmatizados como algo pertencente ao reino da fantasia. Tratar do assunto era atividade reservada às mentes alucinadas, desequilibradas ou, para os contemporâneos menos críticos, uma grande perda de tempo. Mas nada disso impediu dona Irene de fazer aquilo pelo que se apaixonou quando ainda era muito jovem, a fascinante pesquisa do tema, após ter tido ela própria um contato imediato em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro.
Foi o que lhe bastou para decidir que sua vida, a partir daquele instante, nunca mais seria dissociada da Ufologia, causa que abraçou com honestidade, dedicação e obstinação. E mais, com a noção de que a disciplina não é uma atividade única e estanque, de mera pesquisa e reconhecimento da ação de nossos visitantes, mas sim que agrega, também obrigatoriamente, a contrapartida disso, ou seja, o compartilhamento com outras pessoas dos resultados que se obtém praticando-a. “Ufologia se faz coletivamente. Ninguém, sozinho, compreenderá o que querem nossos visitantes. Tem que haver a troca, o reparte e a discussão do resultado de nosso trabalho”, dizia-nos esta senhora nos anos 80, quando a conhecemos, entusiasmados estudiosos que mal atingiram a maioridade, ali, deslumbrados diante de sua inspiradora. Quase três décadas depois, a verdade destas palavras se confirma em qualquer ambiente em que a Ufologia seja praticada, e é fato inquestionável para qualquer pessoa que abrace a causa, como ela o fez tantos anos antes de nós.
Paciência e dedicação
Reconhecer os ensinamentos de dona Irene é uma deliciosa obrigação de todos os ufólogos verdadeiros, e testemunhar, com profunda gratidão, sua total entrega às gerações seguintes, repartindo com eles sua experiência através do paciente ensino do que já havia aprendido sobre nossos visitantes, é um hábito que devemos cultivar. A Revista UFO foi concebida baseada nestes princípios, em 1984, e é até hoje inspirada no trabalho de dona Irene. Muitos outros ufólogos brasileiros também foram seus alunos, discípulos ou admiradores, vários deles pertencentes à Equipe UFO, como estes autores, que tiveram a sorte e o privilégio de gozar de sua confiança, de compartilhar sua companhia e de sentir sua dedicação ao tema. Ela fez questão de nos garantir não apenas o conhecimento da Ufologia, mas os fundamentos de caráter e a conduta que devem guiar o trabalho de qualquer um que pretenda atuar na área. Dona Irene nos deu tudo isso, e é difícil saber o que mais ajudou em nossas trajetórias, se o fabuloso conhecimento que repartia constantemente conosco ou as lições de ética e moral com as quais devíamos nos pautar.
Em 09 de junho passado, logo após um evento ufológico ocorrido no Rio de Janeiro, este trio de autores teve a oportunidade de reencontrar dona Irene em seu apartamento em Copacabana. Após uma série de atividades enriquecedoras, durante quase 10 horas de palestras e para um público de cerca de 200 pessoas, o evento no Rio teve seu sucesso amplificado por este reencontro. Hoje ufólogos adultos e tarimbados, alguns pais e todos de cabelos brancos, após quase três décadas de trabalho pela Ufologia, sempre espelhados e enlevados por dona Irene, vivemos fortes emoções ao lado de nossa inspiradora. A grande matriarca da Ufologia Brasileira e uma das pioneiras não só desta, mas também da Ufologia Mundial, reconhecida internacionalmente por suas enormes contribuições ao estabelecimento desta disciplina, mesmo seriamente debilitada, nos recebeu com carinho para lhe rendermos nossas homenagens.
Hoje dona Irene está com 94 anos, tem a saúde fortemente abalada pela diabetes, só ouve e vê com muita dificuldade e sua memória está quase toda comprometida pelos anos. Mas goza de saúde, se alimenta sozinha e ainda é capaz de nos surpreender. Ela conseguiu, com algum custo, devido à quase total ausência de visão, audição e memória, nos reconhecer. E alegrou-se imensamente ao saber que a Revista UFO completará 25 anos, e que ainda trabalhamos unidos e coesos por todo este tempo. Não pudemos, no entanto, dar-lhe detalhes de nossas idéias e projetos mais arrojados, como a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, pois ela não teria como ouvir e entender. E nem demonstrar na totalidade o grande apreço, a enorme admiração e o eterno agradecimento que temos por tudo o que ela fez e representa para cada um de nós e para a Ufologia em geral. Ainda assim, restou o consolo de que, por alguns minutos, pudemos lhe proporcionar memórias agradáveis e uns momentos de alegria, em meio à clausura que sua doença a mantém.
Um busca em plenitude
É difícil descrever quão emocionante foi reencontrar dona Irene, abraçar-lhe, beijar-lhe a face e ter, durante aqueles instantes, um filme passando em nossas mentes, um revival de tudo o que já fizemos motivados por ela ou ao seu lado nas últimas três décadas. Ela nos considerava filhos, e nós a considerávamos uma grande e amorosa mãe, como ainda o fazemos. Foi emocionante e gratificante ter passado estes instantes com ela, e eles nos renovaram de maneira marcante o agradecimento e admiração que sentimos por esta notável mulher. Além disso, prova absoluta de sua inspiração sobre nós, o reencontro ainda nos ensinou mais um fato de grande valor – que a Ufologia, uma busca constante pelas coisas mais íntimas do ser e da espécie humana, que naturalmente envolve grandes e reveladoras transformações, também é um processo obrigatoriamente permeado de muita emoção, pelo menos para aqueles que amam de verdade esta busca e a fazem em plenitude.
TOME NOTA
Diálogo com o Universo agora será em todo o país
A consagrada série de eventos fundada em Curitiba pelo co-editor da Revista UFO Rafael Cury, que em maio atingiu sua 11a edição, será agora itinerante. Até então, os eventos vinham sendo realizados apenas em Curitiba, anualmente, em geral de forma paralela à outra série também tradicional, o Congresso Brasileiro de Ufologia Científica. Ambos os eventos são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU), dirigido por Cury. Agora, o Diálogo com o Universo será promovido também em outras cidades do país, sendo que a 12a edição já está definida e ocorrerá em Botucatu (SP), na Estância Nova Era, de 05 a 07 de setembro, sob responsabilidade do empresário Francisco Pires de Campos. O evento já tem inscrições abertas e as informações podem ser obtidas no site www.estancianovaera.com.br e no Portal UFO [ufo.com.br]. O NPU lançará também o site www.dialogocomouniverso.com.br, em que publicará o calendário de eventos para este ano.
Vem aí mais uma edição da série Cosmos
Neste mês de julho, de 21 a 25, ocorrerá em Araçatuba (SP) a 7a edição da bem sucedida série Cosmos, que agrega astronomia e Ufologia. O evento é uma promoção do Instituto de Astronomia e Pesquisas Espaciais (Inape) e coordenado pelo conselheiro especial da UFO Gener Silva. Todos os anos, desde 2002, Araçatuba recebe para este evento renomados astrônomos e astrofísicos, que se revezam com ufólogos e exobiólogos em vários dias de palestras, observações astronômicas e vigílias. O evento tem entrada franca e os interessados devem buscar mais informações no site www.inape.org.br e no Portal UFO [ufo.com.br].