Duas grandes novidades para a Ufologia Brasileira no mês de julho
Surgida na década de 50 e constante em todas as discussões que se faz na Ufologia, a polêmica sobre Ashtar Sheran sempre intrigou e continua a desconsertar tanto sisudos estudiosos ortodoxos quanto os mais vanguardistas membros da Ufologia Mundial. Mito ou realidade, Ashtar permanece um enigma sem respostas. A maioria dos estudiosos consultados sobre o tema o descarta de imediato, alegando falta de qualquer evidência que sustente a crença nesse suposto personagem da casuística mundial. Dizem também que não se pode determinar sua existência real e material, razão pela qual não cabem discussões sobre sua natureza, seja ele um extraterrestre, uma criatura originária de dimensões desconhecidas, um anjo ou qualquer possibilidade semelhante.
Outra considerável parte dos ufólogos consultados prefere não opinar a respeito, nem positivamente, nem negativamente. Escolheram analisar a questão Ashtar Sheran apenas sob o ponto de vista psicológico, recorrendo a várias teorias para explicá-lo, ora como um fenômeno psíquico, ora sociológico. Não são poucos os adeptos dessa corrente que rotulam a crença em Ashtar como puro devaneio e fanatismo – ainda que evitem discutir o mérito da questão, ou seja, se o causador de tal devaneio e fanatismo tem uma natureza física. Por fim, há um terceiro grupo, bem menor que os demais, que sustenta exatamente o contrário deles. É um grupo silencioso mas persistente, convencido de que Ashtar não somente tem uma natureza material como se trata de uma criatura proveniente de um planeta próximo da Terra, um ser que teria profunda relação com nossa humanidade. Para os defensores de tal teoria, Ashtar seria bem mais do que um mero alien visitando-nos, mas um enviado de mundos superiores pronto para intervir em caso de nossa eventual autodestruição.
Existe resposta — Quem está com a razão? Os adeptos da Ufologia Clássica, que se arrepiam até mesmo ao ouvirem falar da questão, creditando-a a mentes imaginativas, quando não doentias? Os ufólogos heterodoxos, que analisam apenas o resultado da crença em Ashtar Sheran, em vez de sua verdadeira natureza, seja ela qual for? Ou os seguidores da corrente mística ou esotérica da Ufologia, que asseguram que seremos salvos de cataclismos, caso venham a ocorrer, pelas mãos de Ashtar Sheran e seus comandados? Certamente, não há resposta fácil e jamais haverá consenso quanto a uma teoria ou outra. Mas pode haver, acreditamos, uma contribuição verdadeiramente positiva partindo de adeptos de cada uma destas hipóteses – e de suas muitas variantes –, seja na elucidação do fenômeno ou, num cenário mais modesto, em uma melhor compreensão da imensa polêmica, certamente o maior quebra-cabeças da Ufologia em todos os tempos.
Usar o que cada ufólogo tem a dizer de útil e consistente sobre o personagem – real ou fictício – Ashtar Sheran é justamente a idéia que teve a Revista UFO, que avaliou a necessidade de sair do básico, do trivial, e alçar um vôo mais alto e edificante para enxergar a polêmica de cima, com maior clareza. E foi com esse intuito que decidiu-se colocar em prática um projeto arrojado e nunca tentado na Ufologia Brasileira – nem na mundial. Reativando a série UFO Documento, uma publicação paralela à Revista UFO, que foi originalmente lançada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV) em 1989 e retomada em 2005, escolheu-se o tema Ashtar para a experiência, e ela consiste em fazer um apanhado razoável de tudo o que os principais ufólogos brasileiros têm a dizer sobre o assunto. Tal projeto recebeu o nome de O Pensamento da Ufologia Brasileira Sobre… e terá um tema específico tratado da mesma maneira a cada mês, por selecionados especialistas nacionais e eventualmente estrangeiros. UFO Documento – assim como as tradicionais UFO e UFO Especial – será mensal e veiculará os calorosos debates que nossos ufólogos fizerem, expondo seus pensamentos sobre temas polêmicos, tal como Ashtar Sheran, para os quais há clara e inquestionável necessidade de um entendimento multicefálico.
Leque de opiniões — “Ao iniciarmos esse novo projeto, abrigado na nova série UFO Documento, pretendemos utilizar, a cada edição, um grande leque de opiniões e posicionamentos de quase três dezenas de estudiosos e especialistas sobre temas específicos de todo o espectro de assuntos originados da ação de extraterrestres em nosso planeta, e fazê-lo ampla e profundamente”, definiu o coordenador da primeira edição de O Pensamento da Ufologia Brasileira Sobre…, o escritor e conferencista Nelson Vilhena Granado. Para tanto, Granado convidou as mentes mais privilegiadas da Ufologia Brasileira para emitirem suas opiniões, entre elas Claudeir Covo, Marco Petit, Rafael Cury, Roberto Affonso Beck, Fernando Ramalho, Jan Val Ellam, Luciano Stancka, Pedro de Campos, Wagner Borges e outros mais de 20 ufólogos e pensadores de grande quilate. O resultado não poderia ser outro: UFO Documento 02, primeira edição contendo a inédita série, já nas bancas, é provavelmente o mais profundo e produtivo debate sobre a polêmica figura de Ashtar Sheran que já se fez até hoje.
Ufologia se constrói com a ação permanente de muitos talentos em busca das mesmas respostas, ainda que pelos mais variados caminhos. Verdades que temos como certas hoje já foram rejeitadas no passado, assim como informações tidas como verídicas décadas atrás agora estão sob escrutínio mais cuidadoso. Em Ufologia, tudo é muito relativo e nada pode ser descartado a priori, nem mesmo as idéias que parecem, à primeira vista, devaneios e alucinações. Já dizia o saudoso J. A. Hynek que “os ETs parecem estar jogando xadrez conosco, mas de uma maneira interativa, ou seja, eles estão nos ensinado as regras do jogo”. Outro notável pioneiro da Ufologia, e igualmente um grande pensador que deu forma e credibilidade ao estudo dos discos voadores, o general Alfredo Moacyr Uchôa falava que “não temos idéia do que está por trás do Fenômeno UFO, mas mesmo se tivéssemos, não a compreenderíamos, de tão avançados que são nossos visitantes”. Não nos esqueçamos das lições desses homens, que começaram há 50, 60 anos a se perguntar “os por quês”…
Sondas ufológicas — Outra grande novidade da Revista UFO para seus leitores, neste mês, é a reativação da consagrada Biblioteca UFO, sua série de livros iniciada em 1998, que teve nada menos do que 14 obras publicadas até 2003, quando foi temporariamente paralisada. A biblioteca volta em julho com um excelente lançamento, para encerrar a interrupção e dar vazão à imensa capacidade produtiva dos ufólogos brasileiros. E a obra escolhida é Ufologia à Luz dos Fatos – Pesquisas e Experiências Pessoais com Discos Voadores no Brasil, de autoria de um de nossos mais reconhecidos estudiosos, o carioca Roberto Affonso Beck, que residiu no Distrito Federal desde sua implantação e lá, no Planalto Central, teve impressionantes experiências diretas com naves e sondas ufológicas em ação. Em Ufologia à Luz dos Fatos o autor descreve em detalhes suas vivências com discos voadores e seus ocupantes, como também narra muitas das investigações que realizou de significativos casos da Ufologia Brasileira. Poucas obras são tão bem sucedidas em reconstruir o histórico das atividades ufológicas em nosso país como essa, com uma infinidade de dados e imagens que apenas as primeiras gerações de estudiosos conheceram, mas que agora estão acessíveis a todo mundo.
Beck foi contemporâneo do general Uchôa, acima mencionado, e teve com eles seus mais reveladores avistamentos de UFOs, durante longas vigílias realizadas em regiões escolhidas nos arredores de Brasília. “O general parecia ser uma isca viva para os extraterrestres, pois onde quer que fôssemos fazer vigílias, ainda nos anos 60 e 70, lá estavam eles, com suas naves reluzentes e muitas vezes fazendo vôos rasantes sobre nossas cabeças”, descreve o autor. Beck é certamente um dos ufólogos que mais documentou, em fotos e filmes, a manifestação de outra riqueza da casuística ufológica nacional, as chamadas sondas ufológicas – pequenos aparelhos emanados das naves maiores, muitas vezes não tripulados e remotamente controlados, que aparentemente têm a função de se aproximarem das testemunhas e checar o ambiente para eventuais contatos. A folha corrida de serviços do autor também neste campo é significativa, mostrando que a manifestação do Fenômeno UFO em nosso país não é profunda e diversificada apenas nas últimas décadas, mas desde seus primórdios.