Continua o movimento pela abertura da “caixa preta” da Aeronáutica
“Os ufólogos brasileiros foram submetidos a uma técnica militar conhecidíssima, a chamada ‘operação esvaziamento de pressão’ ”. Com estas palavras, um oficial da ativa definiu recentemente o que significou o encontro que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) teve com a Força Aérea Brasileira (FAB), em 20 de maio de 2005, para se discutir ineditamente o Fenômeno UFO. A reunião se deu em Brasília, teve como cenário as dependências do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I), e dela participaram os seis integrantes da CBU – Fernando Ramalho, Marco Petit, Rafael Cury, Claudeir Covo, Roberto Beck (substituindo Reginaldo de Athayde) e Gevaerd – e membros do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). A imprensa noticiou amplamente o encontro, a exemplo do programa Fantástico, de 22 de maio. A Revista UFO dedicou uma edição inteira – a 111, de junho de 2005 – ao histórico momento. Muito se falou sobre a reunião em listas, sites e fóruns da internet.
No entanto, passado um ano da visita dos ufólogos a Brasília, o que se vê é que a Aeronáutica tratou a importante questão ufológica e seus representantes como os demais órgãos da República tratam praticamente tantas outras questões e seus defensores – com superficialidade, sem seriedade nem conseqüência. É a tal operação esvaziamento de pressão. Talvez fosse somente um devaneio esperar que as cartas oficiais que a CBU entregou ao brigadeiro Telles Ribeiro, que as recebeu oficialmente em frente aos presentes e às câmeras da Rede Globo, contendo o Manifesto da Ufologia Brasileira, fossem ser lidas e atendidas por seus destinatários, o comandante da Aeronáutica Luis Carlos da Silva Bueno, o então ministro da Defesa José Alencar e o presidente Luis Inácio Lula da Silva. Talvez fosse apenas um momento de euforia, por parte de vasta quantidade de integrantes da Comunidade Ufológica Brasileira, que assinaram o abaixo-assinado da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, acreditar que as autoridades do país – as acima mencionadas e tantas outras que foram envolvidas no processo em que se pedia a abertura da “caixa preta” da FAB sobre UFOs – fossem se dar ao trabalho de levá-los a sério.
O devaneio e a euforia, no entanto, se explicam: como brasileiros e patriotas, os integrantes da CBU e os membros da referida comunidade ufológica acreditam em seu direito de serem ouvidos e, mais que isso, exigem ser respeitados em suas legítimas solicitações aos nossos legisladores e governantes. A falta de atendimento a estes preceitos básicos de qualquer democracia séria, como se supõe a nossa, evidencia tão somente que nossos militares, legisladores e governantes não detêm qualquer traço de interesse pelas questões apresentadas. Talvez – e esta parece ser a única certeza até agora – porque Ufologia não rende votos e os ufólogos são tão poucos que suas aspirações nem merecem atenção. Não há outra forma de interpretar a falta de interesse, a desconsideração e até mesmo a indelicadeza dos destinatários de nossas cartas, que foram entregues aos cuidados de Telles Ribeiro, para que chegassem às autoridades acima – se é que sequer foram encaminhadas, e não simplesmente arquivadas ou desprezadas pelos militares.
Retomada — Face ao descaso com que a petição dos ufólogos foi tratada, a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) reuniu-se mais uma vez, em 20 e 21 de maio, em São Paulo, para decidir a retomada do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, com novos procedimentos, mais adesões ao seu abaixo-assinado e, sobretudo, maior divulgação dos objetivos da campanha, que são abrir os arquivos secretos da Aeronáutica contendo registros de ocorrências ufológicas no país e estabelecer uma comissão mista de civis e militares para estudo, análise e comunicação à sociedade dos fatos relativos ao Fenômeno UFO. Quanto ao primeiro item, a existência dos tais arquivos secretos já foi admitida pelos militares no encontro de Brasília e noutras ocasiões – inclusive, segundo o major-brigadeiro Atheneu Azambuja, comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), datariam desde 1957 até hoje.
A CBU dará continuidade à campanha que pede a abertura da “caixa preta” da FAB sobre UFOs e espera, neste ato, continuar contando com o apoio demonstrado até agora pelos ufólogos brasileiros, estudiosos independentes, grupos de pesquisas, investigadores ou mesmo entusiastas da questão. O abaixo-assinado está reaberto e pronto para receber a adesão de todos os interessados em ver o sucesso do movimento, que está agora a cargo do conselheiro especial da Revista UFO, Rafael Cury. O leitor pode obter mais informações no Portal UFO [ufo.com.br] e em inúmeros sites mantidos pela Ufologia Brasileira.